Um conto sobre gratidão
Rajneesh
Era uma vez uma mulher de nome Rangetsu. Ela estava em peregrinação, e um dia, ao pôr do sol, chegou a uma vila. Cansada e com fome, pediu hospedagem em uma casa. Foi-lhe negado o pedido. Bateu numa segunda casa, numa terceira, numa quarta. Todos os moradores fechavam suas portas.
Até que Rangetsu desistiu de insistir. E, vocês sabem, para uma pessoa determinada, não é muito fácil desistir de insistir.
Foi justamente quando olhou em volta e encontrou uma cerejeira do campo, decidindo fazer dela o seu abrigo.
Era primavera, fazia frio, havia algum risco, animais selvagens, mas ela adormeceu, ali aconchegada nas suas raízes.
À meia-noite, sentindo muito frio, ela acordou. E viu, no céu noturno da primavera iluminado pelo prateado da lua, um pouco coberta pela névoa, um grande espetáculo da natureza: todas as flores brancas da cerejeira tinham se tornado completamente abertas, exalando um doce perfume.
Tomada por tamanha beleza, Rangetsu levantou-se e fez uma reverência em direção à vila, saudando os moradores, com gratidão:
“Por sua enorme bondade
em me recusarem hospedagem,
encontrei-me sob essas flores,
sob esse luar em névoa,
nesse absoluto silêncio da noite.”
Rangetsu compreendeu, então, que uma porta aparentemente fechada, pode esconder uma abertura para outras oportunidades. Basta para isso, mudar o ponto de vista! – a vista de um ponto – que permite olhar o problema por ângulos ainda não contemplados.
E aprendeu, mais uma vez, que uma dor nova, diferente das já vividas no passado, mostra que o aprendizado é infinito.
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