Por estar só, de fato,
não por direito ou fraco
tentei compor a poesia que jamais consegui.
E descobri
que ela, de fato
e até por direito,
nunca por ser fraco,
ainda pedirá para ser parida.
Seria preciso conhecer algo mais doce
que o mel ou o chocolate que acalma.
Busquei a rima ideal para o mel:
o céu
pastel
carretel...
e quase acreditei que o mel é tão íntegro
quanto ser fiel.
Ainda assim, não seria a rima ideal
à poesia não concebida.
Ousei rimar chocolate:
escarlate
cão que late...
não me bate!
Não criei a poesia parnasiana
nem o sou, já pensou!?
Neologista, perfeccionista,
métrico, cultíssimo...
Que tédio!
E sem mais descubro que a poesia ideal
não se permite concreta.
Ela apenas admite ser amor,
a paixão que de repente deu certo.
Doença contagiosa e desprezível
desenganada por médico–pacientes
tratada com remédios estereotipados
e sem cura.
E descobri que de fato
tinha o direito de rimar como quisesse:
Mel e chocolate
só rimam de verdade,
se forem mais doces
que o doce do teu cheiro,
doce tateadora de paixões.
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