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cronicas-->Batatas e culotes -- 08/08/2003 - 12:12 (Renato Rossi) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Ele estava ali apreciando as nuances da água mineral local. Ela parou ali ao lado da banca de coco verde - o coco, a banca é azul - e destrambelhou a falar. Idade indeterminada. Entre trinta e cinquenta, tudo era possível. Mais para cinquenta. Quando se diz assim, é mais para cinquenta, se bem que há cada vez mais cinquentonas de grandes méritos. Hoje em dia é difícil dizer, sem uma análise mais detalhada, algum teste, sei lá.

Não se sabia ao certo se ela falava para uma suposta amiga que estava ao lado, se falava consigo mesma, ou se discursava para o povo todo que não era muito, como que a pedir socorro. Primeiro comentou sobre as batatas das pernas que estariam ficando muito acentuadas mercê do exercício prescrito por seu treinador particular. Mas, sem eles, como evitar a barriga? Já tentara exercícios localizados, mas não se adaptou. Restou a caminhada diária. Mas não foi adiante com a questão, concluiu que não era um problema grave, afinal, pensando bem, até que são umas batatas muito sensuais.

Resolvido o problema das batatas das pernas, começou a falar dos culotes. Dizia-se insatisfeita, inconformada mesmo, com os culotes. Dizia não saber mais o que fazer, que talvez fosse algo inevitável, sabe? Algo dela.

Refletiu um pouco sobre a inexorabilidade da genética. Tentou associar à sua mãe mas reconheceu que não. Ela não tem culotes. Lembrou da avó materna. Não, também não era o caso. Lembrou então da avó materna e teve o estalo, como se diz. Foi ela. Vó Leonor. Seus culotes são herança de Vó Leonor. Logo ela que nem deixou uma apartamentozinho que fosse, só para compensar. E agora? Que fazer? Ela gostava muito da avó que já morreu. Mas como perdoá-la pelos culotes? Talvez fosse o destino, uma carga a levar pela vida. Uma vida com culotes.

De tanto ouvir sobre os culotes ele queria olhar. Mas estava sem jeito assim de encarar os culotes da desconhecida. Na verdade, ele já tinha dado uma olhada panoràmica, Uma olhada básica, assim como se diz, sem se fixar em nenhuma parte específica. Mesmo com os óculos escuros, fica chato um olhar mais analítico nos culotes da vizinha de caminhada. Não é educado. Mas como resistir?

De qualquer forma, quando ele se animou para uma análise mais científica do problema, ela sentou. Sentada, não dá para analisar os culotes. Bem, dá para ter uma idéia, mas não seria justo decidir assim, com informações parciais. Primeiro pensou em pedir-lhe que levantasse, desse alguns passos, algo como um ir e vir de manequim, só para que a avaliação fosse mais confiável. Ele tinha a esperança de que ela estivesse exagerando e assim pudesse aplacar sua dor - dela bem entendido que ele não tem culotes e nem conhece a moça. Mas claro, que comprovado o exagero, ele não iria deixar a moça seguir assim sentindo-se um culote só, sem avisar-lhe do erro, ou pelo menos diminuir a intensidade, dar-lhe uma palavra amiga, um lenitivo para tamanho sofrimento.

Foi quando ela levantou e mostrou a herança de Vó Leonor. Nada muito grave, só um culotezinho básico.

Escrito em 07.08.2003
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