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Textos_Religiosos-->Jesus, a mulher e a família -- 23/03/2007 - 11:18 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Pregador do Papa: Jesus devolve ao matrimônio e à família sua beleza originária

Comentário do Pe. Raniero Cantalamessa, ofmcap., sobre a liturgia do próximo domingo

ROMA, quinta-feira, 22 de março de 2007 (ZENIT.org).- Publicamos o comentário do Pe. Raniero Cantalamessa, ofmcap. -- pregador da Casa Pontifícia -- sobre a liturgia do próximo domingo, V da Quaresma.

* * *

Jesus, a mulher e a família

V Domingo da Quaresma
Isaías, 43, 16-21; Filipenses 3, 8-14; João 8, 1-11

O Evangelho do V domingo da Quaresma é o episódio da mulher surpreendida em adultério que Jesus salva da lapidação. Jesus não pretende com isso dizer que o adultério não é pecado ou que é coisa de pouca importância. Existe uma condenação explícita disso, ainda que delicadíssima, nas palavras dirigidas ao final à mulher: «Não peques mais». Jesus não busca, portanto, aprovar a ação da mulher; o que tenta é condenar a atitude de quem sempre está disposto a descobrir e denunciar o pecado alheio. Nós vimos isso na última vez, analisando a atitude de Jesus para com os pecadores em geral.

Mas agora, como de costume, partindo deste episódio, ampliemos nosso horizonte examinando a atitude de Jesus para com o matrimônio e a família em todo o Evangelho. Entre as muitas teses estranhas apontadas sobre Jesus em anos recentes, também está a de um Jesus que teria rejeitado a família natural e todos os vínculos parentais em nome da pertença a uma comunidade diferente, na qual Deus é o pai e os discípulos são todos irmãos e irmãs, e teria proposto aos seus uma vida errante, como faziam naquele tempo, fora de Israel, os filósofos cínicos.

Efetivamente, há nos evangelhos palavras de Cristo sobre os vínculos familiares que à primeira vista suscitam desconcerto. Jesus diz: «Se alguém vem a mim e não odeia seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos, suas irmãs e até sua própria vida, não pode ser meu discípulo» (Lc 14, 26). Palavras duras, certamente, mas o evangelista Mateus se apressa em explicar o sentido da palavra «odiar» neste caso: «Quem ama seu pai ou sua mãe... seu filho ou sua filha mais que a mim, não é digno de mim» (Mt 10, 37). Jesus não pede, portanto, ódio aos pais ou aos filhos, mas não amá-los até o ponto de renunciar, por eles, a segui-lo.

Outro episódio que suscita desconcerto. Um dia Jesus disse a alguém: «‘Segue-me’. Aquele respondeu: ‘Deixa-me ir primeiro enterrar a meu pai’. Jesus lhe respondeu: ‘Deixa que os mortos enterrem seus mortos; mas vai anunciar o Reino de Deus’» (Lc 9, 59s). Ó céus! Certos críticos aqui se desatam. Esta é uma petição escandalosa, uma desobediência a Deus, que ordena atender os pais; uma clara violação dos deveres filiais!

O escândalo desses críticos constitui para nós uma prova preciosa. Certas palavras de Cristo não se explicam enquanto Ele for considerado um simples homem, por mais que seja excepcional. Só Deus pode pedir que se lhe ame mais que ao pai e que, para segui-lo, se renuncie até a ir à sua sepultura. Portanto, desde uma perspectiva de fé como a de Cristo, o que era melhor para o pai do falecido: que seu filho estivesse em casa naquele momento para sepultar seu corpo ou que seguisse o enviado desse Deus, a quem sua alma devia agora se apresentar?

Mas talvez a explicação neste caso seja mais simples ainda. Sabe-se que a expressão «Deixa-me ir primeiro enterrar a meu pai» se usava às vezes (como se faz também hoje) para dizer: «deixa-me ir atender meu pai enquanto esteja vivo; quando morrer, eu o sepultarei e depois te seguirei». Jesus pedirá, portanto, só não prorrogar por tempo indeterminado a resposta a seu chamado. Muitos de nós, religiosos, sacerdotes e religiosas, tivemos de fazer essa mesma escolha e com freqüência os pais foram os mais felizes por esta obediência nossa.

O desconcerto ante estes pedidos de Jesus nasce em grande parte de não levar em conta a diferença entre o que Ele pedia a todos indistintamente e o que pedia só a alguns, chamados a compartilhar sua vida inteiramente dedicada ao reino, como acontece hoje na Igreja.

Há outras frases de Jesus que poderiam ser examinadas. Alguns até poderiam acusar Jesus de ser o responsável da proverbial dificuldade entre sogra e nora para se dar bem, porque disse: «Vim trazer a divisão entre o filho e o pai, ente a filha e sua mãe, entre a nora e sua sogra» (Mt 10, 35). Mas não é Ele quem separará; será a atitude diferente que cada um adotará na família com relação a Ele o que determinará esta divisão. Um fato que se verifica dolorosamente também hoje em muitas famílias.

Todas as dúvidas sobre a atitude de Jesus para com a família e o matrimônio acabam se levarmos em conta todo o Evangelho, e não só as passagens que nos convêm. Jesus é mais rigoroso que ninguém acerca da indissolubilidade do matrimônio, sublinha com força o mandamento de honrar o pai e a mãe, até condenar a prática de afastar-se, com pretextos religiosos, do dever de assisti-los (Mc 7, 11-13). Quantos milagres realiza Jesus precisamente para sair ao encontro da dor de pais (Jairo, o pai do epilético), de mães (a cananéia, ou a viúva de Naim), ou de parentes (as irmãs de Lázaro), portanto, para honrar os vínculos de parentesco. Ele inclusive, em mais de uma ocasião, compartilha a dor de parentes até chorar com eles.

Em um momento como o atual, em que tudo parece conspirar para debilitar os vínculos e os valores da família, já só faltaria que puséssemos contra ela também Jesus e o Evangelho! Mas esta é uma das muitas estranhezas sobre Cristo que devemos conhecer para não nos deixarmos impressionar quando ouçamos falar de novas descobertas sobre os evangelhos. Jesus veio para devolver ao matrimônio sua beleza originária (Mt 19, 4-9), para reforçá-lo, não para enfraquecê-lo.



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