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cronicas-->O santo remédio -- 06/08/2003 - 16:45 (Clodoaldo Turcato) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


A respeito de mito, ouvi ontem uma estória sensacional, narrada por um daqueles viventes incentivadores do mau humor, que merece registro.
Contou-me este apoético, que às vésperas de uma eleição para Governador de Pernambuco esteve na casa de um correligionário do então candidato Miguel Araes. A casa estava toda enfeitada com a panfletagem corriqueira de campanha. O que o chamou atenção foi um cartaz enorme do referido candidato, pregado no umbral da porta, à vista de todos que passassem na frente de sua casa.
A eleição passou e com a vitória de Araes, o idolatra manteve o cartaz, só que agora embaixo da janela. Toda vez que meu narrador ia visitá-lo, vistava o bigodão do Governador em destaque pregado na casa. O indivíduo era conhecido no bairro pela admiração com o político.
Passados alguns anos, outro foi eleito, mas o cartaz continuou no lugar, dando com as amarelas do tempo. Porém foram surgindo uma série de pequenos furos na fotografia, minúsculos retirados, mostrando a cal da parede. "Seriam traças ou cupins?" Imaginou meu interlocutor .
Como o trabalho ficava no caminho, Miguel ( que não tem esse nome por acaso), era obrigado a passar diariamente na frente da casa. Constatou que todos o dias o velho limpava a figura com enorme desvelo; meses à fio no mesmo ritual. Vez por outra parava diante da casa para observar o trabalho do dedicado cabo eleitoral . Não só ele, mas outros tantos.
O tempo passou e meu vizinho percebeu que os furos aumentavam, salteando pela calvície do político. Mesmo assim, o cuidado com o cartaz não era menor.
Certa feita Miguel não aguentou . Parou na frente da casa e ponderou com o fiel cabo:
_ Com licença, meu senhor. Mas eu acho que tem fungos em sua casa.
_ Fungos? Que diacho é isso? - virando-se
_ É um bichinho que come madeira, papel, carpete...
Como o matuto não estava entendendo, continuou:
_ Olha o cartaz do Doutor Araes. Veja que está cheio de buracos. É bichinho comendo.
_ Ah! - riu-se o velho - é bichinho, não. Sou eu.
_ O senhor? Pra quê? Alguma simpatia?
_ Não é não, é pre remédio.
_ Remédio? Tá leso, é?
_ Não, não. Toda vez que eu ou algum aqui em casa adoece eu pego um tiquinho do cartaz e faço um chá. É um santo remédio.
Que viagem!
Não viagem, é fé, transformação misturada com idolatria: mitologia pura
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