Songo, nordeste de Moçambique, monte pequeno, mas agreste, imponente, profusamente fragado, em 1969, ainda por lá tinham toca e ninho seguros os leões, os macacos, as gazelas, os cudos e os mochos enormes tão feios de lindos. O Zambeze parecia um bebé a passar-lhe pelo ventre, ora fiozinho de água tranquílo, ora cavalo à solta aos pinotes borbulhantes. E eu via... Via de olhos e pele, maravilhado, extasiado pelo medo que cantava baixinho dentro do silêncio.

Cahora-Bassa!... Assim mesmo com "h", expressão de dialecto local que saíu pelo boquiaberto espanto de um nativo que contemplou, nos anos 50, as primeiras sondagens e estudos, início do grande sonho: "Começou o trabalho". Uma secretária do Ministério do Ultramar, em Lisboa, presumindo que o "h" era um "b", dactilografou: "Barragem hidráulica de Cabora Bassa", e assim permaneceu.

Também e até daqui evoluiu o português. Você aí, sim, você aí: percebe alguma coisa disto?... Não? Então, o melhor, se não percebe, o melhor é seguir e tomar gosto pelas coisinhas do nada que a pouco e pouco se transformam em tudo. Você... Sim, você aí, parece-me que anda mortinho por dar uma voltinha sobre o dorso do Papa... Anda?... Coitadinho... O Papa não pode!

É uma pena que os americanos tenham sabotado Cabora-Bassa, Moçambique, Angola, Cabo-Verde, Guiné, São Tomé, Brasil, Portugal... Até Timor... É uma pena, pois é? E porquê? Porque 300 milhões de lusófonos é muita gente em traço de união inquestionável. Os traidores de todos os dias vão dando uma ajudazinha e vão vivendo benzinho... Pois vão?!...

Bem... Desista da ideia, por agora. Praza que os fumos brancos do Vaticano designem proximamente um burro velho rijo. Assim, terá então você ensejo de dar uma voltinha... Gostava?!...