O pequenino Luís Antônio, envolvido pela fantasia, brinca com uma caneta que, num passe de mágica, se transforma num jatinho. Outros objetos inanimados, em suas mãozinhas, criam vida! Seu irmãozinho se agarra à realidade e o contesta.
Dentro de alguns anos, os dois, já adolescentes, trilham caminhos bem diferentes: Tiago veste o hábito franciscano e Luís Antônio desenvolve seu lado artístico como músico e compositor. E a saudade do irmão ele desabafa nesse lindo poema:
CHINELINHO
Meu irmão,
ele cismava que era mesa
o painel do meu avião.
Chamava de caneta
o meu jatinho.
Como se fosse ele o mais velho,
me contou do Papai Noel.
Explicava que era imaginação:
minha florzinha e meu tucano
"não falaram nunca não".
Sei que deu nesse menino!
Depois de grande foi sonhar
e passeia pelo mundo de Francisco
com seu sorriso, abençoando os passarinhos
que, com ele, sabem conversar.
Ensaiando prá anjinho,
quando, raro, ele chora
é prá irrigar pelo mundo a fora
a semente do coração.
E, assim, de chinelinho,
Foi-se embora meu irmão.
(Luís Antônio T. de Oliveira) |