De passado tenebroso,
diz o réu pro advogado:
— Doutor sê-me caridoso,
vou ser mesmo condenado?
— Do diabo eu não sou,
muito menos de xadrez,
sou apenas defensor,
causídico português.
Por isso, meu caro réu,
pede-Lhe misericórdia,
a Deus que está no céu,
e não causa mais discórdia.
Aqui um júri tens
e, sem muita compaixão,
dele hoje são reféns
o teu pé e tua mão.
— Senhor, dez mil te darei,
se condenado eu for
a três anos, e serei
muito grato ao senhor.
Se do júri a sentença
apenas dois anos for,
20 mil, por recompensa,
te darei com meu louvor.
E se preso eu ficar
por apenas 12 meses,
30 mil vou te pagar,
inda levas duas reses.
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Durante o julgamento,
o réu foi bem defendido,
mas não teve livramento,
por ter a lei transgredido.
O defensor foi à cela,
radiante, pra dizer
ao réu que teve seqüela,
por 1 ano ia ser.
E ao dar conhecimento
formal da sua sentença,
disse:— Caro elemento,
trouxe-te uma detença.
Por um ano vais ficar
numa penitenciária,
trinta mil vais me pagar
mais as crias da pecuária.
E olha que destes sorte,
queriam te absolver,
mas a defesa foi forte,
descanso agora vais ter.