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Cordel-->Filhão. Lili (2002) -- 13/04/2008 - 00:05 (Elpídio de Toledo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
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texto







O pai, grande empresário,
leva seu filho de carro
a um local solitário
de casas feitas com barro.

Ao filho ia mostrar
que seus bens materiais
devia valorizar,
por prestígios sociais.

Queria desde bem cedo
que o filho se lembrasse,
todo aquele enredo
em valores transformasse.

Uma noite e um dia
passaram numa choupana
que a fazenda da tia
tinha perto da japana.

Ao voltarem da viagem,
o pai então quis saber,
como quem faz calibragem,
o que tinha a dizer.

O filho então lhe disse
que a viagem foi boa;
quis que o pai insistisse,
pra não responder à-toa.

Assim, o pai perguntou
se ele já distinguia
a riqueza, que montou,
da pobreza que ele via.

Pensou o filho um pouco
e custou a responder,
mas disse em um tom rouco
que podia perceber.

— E o que você aprendeu
com tudo que assistiu,
que impressão que lhe deu
a pobreza que lá viu?

— É pai, eu vi que nós temos
apenas um grande cão,
e onde nós estivemos
há quatro no barracão.

Nossa piscina alcança
nosso jardim bem no meio;
lá, um riacho avança
entre as casas, sem freio.

Coberta, nossa varanda
tem luzes fluorescentes,
entre eles lua anda
com estrelas qual pingentes.

Nosso quintal é bem grande,
mas não passa do portão;
lá, a floresta expande,
cada dia, de montão.

Nós temos uns canarinhos
que cantam em um viveiro;
eles têm passarinhos,
soltos, do mundo inteiro.

Eu notei, além do mais,
que, em cada refeição,
eles rezam com seus pais
uma boa oração.

Em nossa casa,
quando vamos almoçar,
dinheiro, dólar tem asa
e das bocas vai voar.

Os eventos sociais
e negócios se misturam,
como temperos e sais
que nossos buchos aturam.

Engolimos a comida
e empurramos o prato;
ninguém ora na saída,
nem se lembra desse ato.

No quarto em que dormi,
o Tim se ajoelhou,
o que rezou aprendi,
a vergonha já passou.

A Deus graças rendeu
por tudo daquele dia,
até por nós graças deu,
e inda fez simpatia.

Lá em casa, eu me deito,
durmo muito tarde porém,
qualquer canal eu aceito,
a tevê não me faz bem.

E outra coisa, meu pai,
dormi na rede do Tonho;
ele, no chão, jamais cai,
dorme em paz, tem bom sonho.

A rede me fez lembrar
da cama da empregada,
no quarto de entulhar
ela fica espichada.

Temos camas bem macias
que sobram em nosso lar,
nos banheiros belas pias,
ela não pode usar.
.........................
Mais falava o garoto,
o pai sem graça ficava,
o menino é maroto,
seu pai se envergonhava.

Ingênuo, já sábio porém,
olhou nos olhos do pai,
fitou-lhe grato também,
como quem da guerra sai.

Disse que agradecia
por lhe haver mostrado
quão rico ele seria
ao morar no povoado.


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