No horror, humanidade
No medonho, carne e sangue
No bizarro, mulher homem
No terror, criança velho
No pavor há mãos e pernas
No pior, olhos de gente
No que assusta, língua humana
No que espanta, linguagem
No desespero, há arte e cio
Na barbárie, cultura e ócio
No que maltrata, prece e vício
No que machuca, precipício
Não ver nesse universo a sombra oculta,
No que assombra e apavora o humano tato
Nem sentir no mal e mau nossa labuta
É prolongar o beijo amargo e pestilento
de nossa verdadeira natureza
com a falsa natureza em que vivemos
pois nesse enlace lúbrico nos vemos,
de verdade e falsidade, seres plenos.
|