NA CONTRAMÃO DA VIDA
Grande emoção nesta história gloriosa de vida.
O pai de minha amiga submeteu-se a um transplante de fígado, sem o qual não viveria mais por muito tempo. Sua doença permite o transplante de parte de um fígado sadio de alguém vivo. Toda a família se solidarizou, submeteu-se aos exames necessários para que se encontrasse o órgão sadio que mais se adaptasse ao órgão doente. A Medicina, com criterioso cuidado, escolheu um de seus filhos.
O transplante intervivos é feito há alguns anos. Já não se constitui em novidade, mas é sempre comovente.
O que mais comove é o aspecto emocional da questão, principalmente neste caso em que o filho dá VIDA ao pai que lhe deu A VIDA. Coisas que só o amor explica.
Tive a honra e o privilégio de ser escolhida para passar o dia da cirurgia no micro, recebendo os telefonemas informando o andamento da mesma e passando por e-mails para os amigos de minha amiga e para os meus que se solidarizavam. Claro que havia a tensão da expectativa, mas com muito otimismo, sabedores todos dos bons prognósticos médicos. Pessoalmente vivi a tensão da expectativa. Mas a cada contato, no pré-cirurgia, me sentia aliviada justamente pelas notícias do bom humor dos pacientes e do amor que explodia entre eles e a família.
Chegado o dia. Algumas alterações do horário previsto, mas nada que preocupasse em demasia. A cirurgia teve início à s 8:30h. A cada notícia, o otimismo aumentava. Só no dia seguinte a informação final: depois de cerca de 18 horas a cirurgia terminara, ambos os pacientes estavam muito bem, a família enfim aliviada, assim como nós, os amigos.
Além da rara beleza inerente ao fato, ressalto a esperança cultivada pela família durante o longo tempo de espera, a confiança e a persistência do hoje transplantado, a solidariedade de amigos e conhecidos que passaram um dia formando uma corrente de amor, numa deliciosa torcida pela vida.
Vida que volta sem ter ido, na mão certíssima do amor e na contramão da própria vida!
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