Rimas, amor ou ódio
maria da graça almeida
Há quem condene a rima,
há que não viva sem elas.
O meu peito se anima
quando faço algumas delas.
Se rimar caiu de moda,
não se acanhe, meu amigo,
nem um pouco me incomoda,
que me tomem por antigo.
Estrofe, de rima, muda
é feito água sem sabão,
sem bom som, nem se iluda,
não se lava o coração.
Estrofe que não tem rima
é feito coleira sem cão,
feito cegueira de lima,
feito teto sem chão.
Pela música das rimas,
os precisos cordelistas,
nordestinos ou paulistas,
sei que têm grande estima.
Então, poetas modernos
delas nunca façam troça
ou, sem dúvida, ao inferno
mandarão a sua “bossa”.
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