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Poesias-->DESEMPENHO -- 01/05/2005 - 23:24 (JOSE GERALDO MOREIRA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
DESEMPENHO



A boca amarga uma pasta de mel e álcool.

Sou uma figura, mas não estou narcotizado.

Vês minha calça, minha camisa?

As vestes do Funcionário.

Se me contemplasses nu, dirias:

Mas...assim não és um Funcionário!

Eu sou minhas calças e documentos.

Etiquetas à mostra, Credicard Visa

Vencimentos e vantagens

Holerith em carne viva.



Se me visses assim:

Às duas da madrugada

A boca com gosto de mel

Ansioso para que alguém bata na porta

Solidário nessa noite tão antiga

Pessoa de pernas morenas e esguias

Que me calasse a frase com um beijo

Compreendendo a inutilidade.;

Deitasse ao meu lado, despejando-se

Inteira: venho estar contigo, companheiro,

Sempre!



Percebes a textura do material da minha calça?

A etiqueta na costura da chemise?

E nu? (Assim não és Funcionário!)

Sou literatura, minha cara

Literatura com fio da melhor prata

Algo em ouro

Unhas aparadas, lá e cá roídas

Mas aproveitáveis

Barba escanhoada:

Literatura morta.

Se visses, irmão/irmã/Senhora Cliente,

Bom-dia, pois não, só um momento, por favor,

O jovem educado

Que ouve Mozart, Bach.; conhece Levy-Strauss, Marx,

Kirkegard.; lê Sartre. Camus, Elliot, Ezra Pound

Sentar-se no chão, nu, cheio de pelos,

Invadido de tristeza, dirias:

- Mas não recendes a Funcionário!



Sou angustura, minha senhora

O odor de minha libido e vômito

Não se alteram com águas francesas.

Se pudesses bater à minha porta

Durante meu sono, Kant!,

Ficarias estupefata descobrindo-me

Molhado de suor, triste e nada afável:

Mas, balbuciarias, não dormes como dorme um Funcionário.



Acontece que não sou uma identidade

Senhora Cliente. Sou pensamento

Prisioneiro em 72 kg e 1.75 ms.

Sou prisioneiro dos músculos

Liberdade numerada, unhas aparadas

Sou um beijo noturno

De boca morena batom lilás

Sou esconderijo/corpo do pensamento

Sou apenas conivente

E amanhã beberei Pernod

Ouvirei Tchaikovsky

Lerei Nietzsch

Serei Funcionário, amanhã

Dentro do cadeado, minha cara.



Hoje, permita-me, bocejarei pleno

Dormirei nu, satisfazendo o corpo.

Hoje, liberto-me das diretrizes

Escrevo poemas retilíneos

Ineditizo minha vida. Penso.

Preocupando-me com o que classificas nulidade.

Hoje penso. Hoje, amanhã Funcionário,

Jovem educado, previsível, divertido, moderado

Que conheces tão bem.



Hoje, Minha Senhora,

(perdoe a afronta) sou homem liberto

Não te choques nem encerres tua conta no Banco do Brasil .SA

Apenas por haver encontrado gargalhando com miseráveis

Abraçado a iguais, A figura sempre sóbria

Do seu amigo Funcionário:



Bom-dia, posso ser útil?

Pois não, é um prazer, obrigado.







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