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Poesias-->VILEZA -- 01/05/2005 - 22:27 (JOSE GERALDO MOREIRA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
r. Bento Ribeiro, 72



Invejo os homens de lábia convulsiva

que esperam felicidade dos ares.

Invejo aqueles que se debaem em ânsia asmática

pelas fímbrias da noite, repartindo e catando

pedaços seus entre poças escuras

Amo os perdidos entalados nas coxas escuras

das mulheres do centro da cidade.



Desejo, com a timidez perversa da moral que impossibilita

o escuro dos rendez vous de intimidade doente

onde mãos se roçam, bocas estalam gustando menta

Adoro o gosto de menta dessas bocas falsas

dentes postiços e olhos fabricados.

Ardo secretamente pela alegria efêmera

dos risos dos homens e mulheres

fêmeas e machos e fêmeas

Olho para dentro dos covis e mansardas

ansiando pelo som distinto da amada

que se entrega para saciar a fome daquele

que aguarda, paciente, no frio da madrugada

que o amor cobre seu preço e se lave.

Imploro r. Bento Ribeiro, 72



Invejo os homens de lábia convulsiva

que esperam felicidade dos ares.

Invejo aqueles que se debaem em ânsia asmática

pelas fímbrias da noite, repartindo e catando

pedaços seus entre poças escuras

Amo os perdidos entalados nas coxas escuras

das mulheres do centro da cidade.



Desejo, com a timidez perversa da moral que impossibilita

o escuro dos rendez vous de intimidade doente

onde mãos se roçam, bocas estalam gustando menta

Adoro o gosto de menta dessas bocas falsas

dentes postiços e olhos fabricados.

Ardo secretamente pela alegria efêmera

dos risos dos homens e mulheres

fêmeas e machos e fêmeas

Olho para dentro dos covis e mansardas

ansiando pelo som distinto da amada

que se entrega para saciar a fome daquele

que aguarda, paciente, no frio da madrugada

que o amor cobre seu preço e se lave.

Imploro pelo libertíno dessa população esfaimada

Que se rasga e esfola sem crer em nada.;

A voluptuosidade com que se emaranham

Mãos e pés na lide da carne.

Rogo, no meu vazio, pelo arroubo libertino

Dos gemidos que oiço nas esquinas

Os sussurros de cio.



Deliro com as canções que detesto

Atordoando os passantes pela calçada

Em frente aos covis que me nauseiam os protestos.



Que se rasguem os livros, teses e filosofias

Que apodreçam os ranços da limpa burguesia

Que as bocas doentes se empanzinem de beijos indecentes

Que os corações se dispam na ante-sala do medo

Trilhas urbanas, doce mediocridade

Amor vil, vida vil, desejo vil, coração vil: vileza

No sentido e sombra mais angustiante da beleza.



Que os poetas se esfaimem com suas liras e musas

Impecavelmente idolatradas em decassílabos construídos

Com a forma mais perfeita da palavra dicionarizada.



Que os rondós se desfaçam com a lua

Proliferando bestas pelas ruas

Ameaçando a densidade do hemisfério

Hipócrita habitado pelo vis homens decentes.



Quero o roce roce sugestivo

De panos remendados às pressas

E tremo, circundando o ócio e cio das conversas.



Etiqueta, sistemas on line, nada presta

Beijos ocidentais, comunidades funcionais

Mulheres promocionais, nada telúricas,

em apartamentos demais, nada presta.

Amor de pequenos burgueses,

Novos ricos, emergentes, cheios de hall,

Room, bed: nada presta.



Trafego entre a Central do Brasil e Copacabana

Declamando amor às putas

Mostrando amor aos cegos

Gritando amor aos autos que passam

Frei Caneca, Mém de Sá, Augusto Severo,

Prado júnior, Atlântica: nomes e mais nomes

Angustia vertida em goles.



Morte a essa tristeza infinita.

Vida ao ócio e ao cio.

Abram-se, bocas postiças

Desmesurem-se, olhos pintados

Surrealisticamente para o enlevo

De todas as gentes.;

Proliferem, condenados, trabalhadores

Imigrantes, cartomantes, alectoromantes,

Iansãs do litoral do sonho

Proliferem e umedeçam as camas

De suores malignos e cresçam.



Não à razão, à lógica, à introspectiva gente

Dos grandes circuitos intelectuais

Que vêm à Augusto Severo para a comitiva

Do féretro dos pulcros e pleobanais.;

Não às belas jovens sentadas à mesa

Fumando cigarrilhas discutindo absurdos.;

Não ao robustus robustus morenos

Em cinco línguas ganhando terrenos.

Sim à ignorância congênita

À feiúra abrasiva dessas carnes

Que se desfazem em dores e ranços.



Há uma feiúra fundamental

Que me perdoem as belas

Parindo varões fora desse cativeiro.;

Que me perdoem os justos em seu sono

Nunca atormentados pela fome dos transeuntes.;

Que a espécie vigente perdoe tudo e todos

Aqueles que não esmorecem no outro lado do passeio.



Não à cantilena insofrida

Dos justos da terra, senhores da vida.

Sim aos mesquinhos abraços dos farrapos

Às trouxas de carne que se embolam e

Emboloram nos quartos das mansardas.;

Sim ao sofrimento nessas faces estampado.



Confraternizo com Judas e Barrabás.

Agonizo na crucificação do mau ladrão.

Incendeio na fogueira com as bruxas.

Solidarizo-me com a raça da compaixão.

Bato na porta, ela não se abre, a do paraíso.

Arrebento trancas e fechaduras atrás de um gesto

Espio sombras à cata de uma revelação.





Aqui! Voltem-se, olhos esbugalhados

Aqui! Mirem-se heróis condecorados.

Aqui! Pompas executivas do desgosto.

Aqui! Paradismo dos vendidos.

Aqui! Euforia dos amotinados.

Aqui! Leprosos, tuberculosos, acéfalos, aqui!

Distantes das etiquetas, honra e brio

Solidarizemos nossos sonhos arredios



E



Quando chegar o momento vertical

Confiscarão meus pensamentos

Protestos, manifestos e fúteis romances

Entre meus pertences encontrarão

Seus guardados a envelhecer

Ai, então, eu sei, vão se reconhecer.

jgmoreira@oi.com.br
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