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Cordel-->A Grande Feira de Duque de Caxias-BARBOZA LEITE - Ed.Pedro M -- 22/02/2008 - 05:43 (pedro marcilio da silva leite) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A Grande Feira de Duque de Caxias


Caro leitor, peço pouso
na sua distinta morada,
sem sua licença não ouso
ver minha intenção frustrada
- quero ter autorizada
minha presença em seu lar
para poder lhe contar
como nos tempos antigos
estórias que fazem amigos,
que dá gosto relembrar.

Não sendo possível a proposta
que acabo de fazer
continue a ler, se gosta,
o que passo a descrever;
se acaso não souber ler
não precisa se acanhar,
você só pode ganhar :
freqüente o MOBRAL, primeiro,
onde qualquer brasileiro
tem direito a estudar.

E, ainda, não sendo assim
o que melhor lhe convém
pode vir, então a mim
que lhe atendo, também.
Qualquer brasileiro tem
obrigação de ensinar
a quem não sabe, guiar
pelos caminhos da luz
- que é ouro que reluz
e, quem sabe, pode dar.


Não sou homem de pendenga,
trago na língua a franqueza;
o homem quando é molenga
come debaixo da mesa,
- eu lhe digo com presteza:
um homem sem instrução
é igual a um pião
sem ter dentro o que socar,
só serve pra decorar,
do granfino, o seu salão.

Mas, como não é isso não,
o seu caso, acredito,
preste-me, agora, atenção
no que aqui vai escrito:
às vezes à falta de um grito
vai embora uma boiada,
perde-se boi na estrada,
perde-se a grana e a vida
perde-se a mulher querida
e a luz da LAITE é cortada.

Como estou me alongando
por demais nesse início,
talvez assim procurando
tornar o clima propício
para exercer o meu ofício
e minha história abordar,
verso com verso rimar,
vou ser mais objetivo
e mostrar o fato ao vivo,
como gosto de contar.

Não se trata de pessoa
nem visagem ou pensamento,
a minha estória é boa
descreve um acontecimento
grande e feliz evento
como tal considerado
muitas vezes relatados,
favorece a economia
contribui para a alegria
do pobre ao remediado.

Trata-se de fera afamada
que acontece em Caxias,
igual não há na baixada
com tantas mercadorias
faianças ou prataria
em grande variedade
espantosa quantidade
de tudo que se imagine
minha pena não define
toda sua enormidade.

Ali tem roupa e calçado,
tudo em muita profusão;
material importado
do mais distante sertão,
desde o rock até o baião
tem muito disco gravado,
tem embolada e xaxado....
em música, qualquer estilo
você compre até aquilo
e fica atualizado.

Tem uma carne famosa
importada do nordeste
que o sol torna gostosa
se nela os raios investe
- é uma verdadeira inconteste,
“ carne de sol “, como a chamam;
é o produto mais vendido
e do cardápio o preferido
dos que do Nordeste emanam.

Todo tipo de verdura
a feira expõe e vende
tudo com muita fartura
que a todos surpreende
e ao consuma atende.
De frutas tem toneladas
que se espalham nas calçadas,
o número de tabuleiros
vai a mais de um milheiro
com suas barracas armadas.

Produtos de mandioca
tem em muita quantidade,
tem farinha pra paçoca
de primeira qualidade
nenhuma dificuldade
você tem para encontrar
rapadura pra adoçar
um xibé de murici
ou mesmo de buriti,
conforme o seu paladar.

De muitas variedades
que ali se vende, então,
coisas feitas na cidade
ou trazidas do sertão
produtos feitos à mão
ou mesmo manufaturados
e vindo de outros Estados,
não só de longe ou de perto
pode o leitor ficar certo
que sai dali carregado.

Da Praça Robert Silveira
parte a primeira mão
que inicia a feira
no rumo da estação,
aí dá-se uma intrusão
no fim da Getúlio Vargas
quando outra avenida larga
se encaixa, permitindo
a feira ir prosseguindo
além dos vagões de carga

Depois a feira começa
na ponte da estação,
quem for fraco tropeça
só se anda a empurrão
quer pisar não sente o chão.
segue a rua do mercado
de trânsito muito apertado,
mas a feira continua
até a cabeça da rua
num caminho bem puxado.


Enquanto a feira prossegue
Feito uma cobra a andar,
Caro leitor não se esfregue
na moça que quer passar
-sou amigo em lhe avisar:
pode atrás vir o marido
fingindo-se distraído
pega você de bolacha
o pau da venta lhe racha
para não ser intrometido.

Veja como estou certo,
é preciso ter cuidado,
deve o leitor ser esperto
para não ser enganado,
basta não ser abusado
e suportar empurrão,
ter respeito e educação;
pois a feira continua
subindo por outra rua,
mudando de direção.

Se de Minas você é,
chouriço vai encontrar;
se gosta de “ sarapaté ”
não precisa se afobar
- mas não convém demorar
pois é muito consumido
esse prato discutido.
Suba a rampa do mercado
e num barzinho apertado
logo será atendido.

Também encontra angú
feito a moda baiana,
a tapioca e o beijú
e até o mel da cana
durante toda a semana.
Se gostar de sarrabulho
ele capricham no “entulho”,
o cosido de costelas
e galinha à gabidela
você come com orgulho.

Você encontra pamonha
acarajé e abará
que uma baiana risonha
ensina você a gostar
mas não vá exagerar
se pimenta ela oferece,
pois sua goela padece
e a língua salta fora,
você cospe, pula e chora
se a pimenta aceitar.

Tem milho assado e cozido
e até calça aparece
- o que é proibido
mas, a lei não se obedece,
o comércio se favorece
quando chegam do sertão
aAves de arribação;
tem preá e até tatu...
só não se vende urubu,
outra espécie em extinção

De milho tem mungunzá
e tem garapa de cana,
muita coisa ainda há
exposta cada semana
- ali a riqueza emana
da chão, das paredes, do ar...
tudo para impulsionar
o coração da cidade,
mostrar sua vitalidade
no céu , na terra e no mar.

De fazenda a “versidade”
segundo diz o matuto
que é “tecido”, na cidade,
segundo também escuto
- neste assunto sou mei bruto,
qualquer tipo de algodão,
seja liso ou de florão,
tendo muito colorido,
qualquer tipo de vestido
expo-se até pelo chão.

Tem tergal, naylon, cetim,
cambraia , seda, filé
em azul, verde ou carmi,
da forma que se quizer;
tem pra homem e pra mulher.
roupas da moda atual
e quando é carnaval
voce compra fantasias
e outras alegorias
nesta feira sem igual

A feira ocupa ainda
muitas ruas transversais
a energia não finda
nos seus braços colossais
brilham cores e metais
em viva policromia
numa audaz acrobacia.
A forma me falta ao verso
pra cantar esse universo
tão rico de fantasia.

Uns pontos quero marcar
de graça tão evidente,
basta você esperar
daí há pouco pressente...
Pare, então, ouça e atente
para uma viola afiada
num recanto de calçada,
os violeiros glosando
quem fica ou quem vai passando
com rimas bem apuradas.

Tanto faz que cinco ou sete
sejam os pés do “moirão”
- seja de tapa ou bofete,
o gostoso é a discussão
que calor da ao “quadrão”.
No martelo agalopado
embate é encaniçado
cada qual no seu ginete,
das décimas de um gabinete
que cair está desgraçado.

De sanfona, um tocador
existe que surpreende,
ele é cego e tem amor
pelo que toca e etende
mas seu coração não vende
– uma orquestra ele aparece,
com as mão e os pés ele tece
seu repertório infinito
parecendo uma audaz espírito,
que a feira enaltece.

E, muito tipos iguais
ao que foi comentado
são figuras colossais
que me deixam impressionado
e, ainda mais, interessado
em adverdir ao leitor
como deles o valor
está na grande humildade,
e nós paga mos com piedade
o que eles nos dão por amor.

A feira é um panorama
de efeito gigantesco
feitos de sonhos e dramas
tangenciando o dantesco.
também nela o grotesco
se alia ao maravilhoso
que esmola não pede, exige
e, aos circunstantes aflige
com seus aspecto horroroso.

É uma visão arrojada
de uma humanidade em porfia,
parece desarrumada
mas tanto é êxtase e agonia
como tristeza e alegria
de um povo que se fecunda
numa comunhão profunda
urgindo a subsistência
sem deixar que a existência
pese-lhe demais na “carcunda”.


Não se faz elogios
ao que se gosta e defende,
não se quer ferir os brios
de quem na feira atende.
A verdade a luz acende
para que a treva aceite
Se há médico que receite
ao paciente um remédio,
que seja por intermédio
aqui do Barboza Leite.




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