A Relativa Inutilidade das Pesquisas
(por Domingos Oliveira Medeiros)
Não foram poucas as vezes que eu dediquei alguns textos para falar sobre a temática das pesquisas de opinião pública. Principalmente as pesquisas voltadas para o processo eleitoral em curso. Em todas as ocasiões, pude ressaltar a inutilidade relativa das pesquisas. Para os eleitores, evidentemente. Para mim elas nunca passaram de uma “fonte” de criação de “fatos” e “boatos” estatísticos. A mentira matematicamente comprovada, matematicamente correta. O jogo de apostas e de manipulação consentidos. O apoio da mídia. A diferença de resultados. As tendências tendenciosas. Tudo isso faz com que as pesquisas estejam revestidas da inutilidade relativa a que fiz alusão anteriormente.
E por que este posicionamento tão radical? Alguém, por certo indagaria. E eu responderia a esta pergunta citando alguns fatos.
Quanto tempo, quanto papel, quantos cálculos, quantas esperanças e desesperanças? Quantas discussões e notícias ensejaram as pesquisas, por exemplo, na época em que a ex-governadora do Maranhão, Roseana Sarney, assumiu a condição de vice, na chapa de José Serra?
E a imprensa? Páginas e mais páginas sobre o assunto. Manchetes e mais manchetes a respeito. As probabilidades. As subidas e descidas. O fenômeno criado. A grande jogada de marketing. As simulações. Quantas e quantas vezes não se perguntou: e se as eleições fossem hoje? Um hoje sempre adiado. Tal qual a batida do martelo de um leilão. Quem dá mais? Dou-lhe uma, dou-lhe duas...quem dá mais? E os resultados foram vários. Simulações foram feitas. E ...vieram outros fatos. Até que, ventos quente e secos, sopraram de encontro a novidade. Ventos que trouxeram em forma de remoinhos outros fatos. E a candidatura, o marketing, o fenômeno, o inusitado, a surpresa, foram varridos pelos ares.
Depois, todos lembram, - lembram? - veio a indicação do Deputado Henrique Alves. Desta vez, até que não demorou para que outros ventos soprassem. E a candidatura ensaiada, também não deu em nada. Pior para as empresas de pesquisas, melhor para a opinião pública. Que se resguardou de novas decepções. De novas ventanias.
E elas estão por aí. As pesquisas. Resistindo enquanto podem. No Jornal do Brasil de 15 de maio, - que, por acaso, encontrei no sofá onde costumo sentar-me, aguardando ser atendido pelo barbeiro falante, - li a manchete, em letras garrafais, que anunciava: “ LULA PODE VENCER NO PRIMEIRO TURNO” .
Segundo a pesquisa do Instituto Vox Populi, realizada para o citado jornal , o candidato do PT estaria com 42% das preferências do eleitorado; seguido de José Serra, com 17%, Garotinho, com 15% e, Ciro Gomes, com 11 %, em quarto colocado. Ou seja, naquela época, o Lula tinha em pontos, o mesmo que o somatório dos três principais adversários. Começava, ali, no meu modo de ver, a campanha para encher a bola do Lula.
Quanto tempo perdido. Hoje a situação mudou radicalmente. E poderá mudar, muitas e muitas vezes. Depende de muitos fatos. Nem sempre políticos. Ou podem ser políticos e econômicos. Ou só econômicos. Ou nenhum dos dois. Por isso, quando me perguntam qual seria a validade das pesquisas eleitorais, costumo responder: muitas são as respostas. As pesquisas terão, por certo, muitas e muitas validades. E se prestam para muitas e muitas coisas. Mas, com certeza, posso afirmar que as pesquisas, acontecidas muito antes da realização das eleições, só se prestam, em relação aos eleitores, para criar o clima do “jogo” e de apostas. E para dar lucro. Para alguns. Em todos os sentidos da palavra lucro. Domingos.
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