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Cordel-->Antonho das Sete Vidas5-BARBOZA LEITE-Ed.Pedro Marcilio -- 30/01/2008 - 07:46 (pedro marcilio da silva leite) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Antonho das Sete Vidas Volume 5

Sem apanhar o seu saldo,
perdera o seu animal;
estava tão desprotegido
como roupa no varal.

Procurou uns nordestinos
que se reuniam no Brás;
aceitava qualquer emprego,
de servente a capataz.

Estava tão envergonhado
e quase louco de fome,
que até já se decidira
a usar um outro nome.

Felizmente, a Previdência
chegou para socorrê-lo,
quando um “conterrâneo” o encontrou
quase arrancando os cabelos.

Já empenhara a viola
e trocara o embornal
por um prato de comida
no Mercado Municipal.

O cara arranjou-lhe emprego
numa grande Companhia,
bastava-lhe ser atento
e destemido vigia.

Vestiram-lhe uma farda cáqui
e ele então, se lembrou
do tempo que foi meganha,
cujo tempo arrenegou.

Mas, a necessidade obriga,
o emprego ele aceitou;
e também, sua coragem
várias vezes demonstrou.

Até que um dia azarado,
tendo bebido umas “pingas”
no seu turno da noite,
veio-lhe outra mandinga.

Pelas quatro da “matina”,
começando o alvorecer,
quando menos esperava
teve que se aborrecer;

era uma assalto planejado
para aquele justo dia,
justamente no seu turno
de guarda na Companhia.

Quando ele olhou pela fresta
do seu posto de vigia,
uma garota bonita
lhe acenava e sorria.

Foi ele tão prazenteiro
ao encalço do pilantra,
quando se viu dominado
com uma faca na garganta.

Teve de abrir o portão
da esplêndida Companhia;
abriu-se o chão e ele sumiu
como água em cano de bica

No outro dia, as manchetes
estampadas nos jornais,
comentavam o sucedido,
tudo em letras garrafais.

Diziam que um “cearense”
tinha sido seduzido
e por isso aquele assalto
fora bem sucedido.

Na volta do hospital
tendo perdido o emprego,
Antonho das Setes Vidas
era um homem sem sossego.

Determinou-se a achar
aquela mulher fatal,
como jamais em sua vida
encontrara outra igual.

O seu respeito, sua vergonha
tinha ido por água abaixo
pensava ele, não sou uva
para despencar-se do cacho,

fez então, uma promessa
a São Francisco de Canindé
pois não sossegaria enquanto
não achasse a tal mulher.

Até que um dia, na lapa,
encontrou a tal sujeita
não vacilou, com um tiro
sua vingança estava feita.

Preso em flagrante, algemado,
o Antonho das Sete Vidas
acabou trancafiado
sem ofício declarado,
exercendo a poesia,
remansos de nostalgia;
e cheio o seu coração
do que houve, até então,
desde que ele nascia.

Sempre bem comportado.
Antonho se conduzia;
no regime carcerário,
vários ofícios aprendia.

Havia lavado a honra
por sentir-se ofendido;
podia ser impertinente
mas não era um bandido.

Sua vida na prisão
foi tida como exemplar;
surgiu então, um advogado
disposto a o libertar.

Vencer certas formalidades
quase sempre demora,
mas foi-lhe concedido licença
de passar o dia fora.

Das grades do seu presídio;
passava Antonho, então,
aprendendo numa gráfica
uma nova profissão.

que lhe caía na smãos;
o de que mais precisava
era de ilustração.

Afinal o advogado
conseguiu-lhe liberdade
que mesmo sendo vigiada,
deu-lhe a oportunidade

de achar uma professora,
dele muito simpática,
que ensinou-lhe história
e um pouco de gramática

É claro, acabou nascendo
entre os dois uma paixão,
pois o comando da vida
cabe sempre ao coração.

Daí em diante, Antonho,
dominando o vernáculo
já podia até fazer
palestras num tabernáculo.

Afinal, por improcedências
que a acusação não esclarecia
o Antonho foi liberto,
para sua grande alegria.

Mas já estava inoculado
de política social;
queria ter o seu papel
na vida nacional.

Eram muitas as suas vivências
que podia aproveitar;
sofrido como ele era
não poderia evitar

De engajar-se numa luta
contra muita repressão,
como tinha observado
nas andanças do sertão.

A uma célula filiou-se
de um partido revolucionário;
sonhava livrar sua pátria
do domínio reacionário.

Reunidos os camaradas
em líder transformou-se,
desejando ao seu país
menos fel e mais doce.

Planejavam um assalto
que ele comandaria;
Antonho estava com tudo,
conforme sua fantasia.


Tornara-se bom patriota
pelas misérias que assistiu,
daquela vez descontara
tantas dores que sentiu.

Não aceitava mais nada
que não fosse a libertação
estando o país em crise,
sem arroz e sem feijão.

O feijão vinha do México
e o arroz do Ceilão
“ Ó meu Deus, tanta miséria
não vou aceitar mais não”.

O assalto àquele banco
foi uma disposição sua.
“ vamos mostrar a verdade,
nossa nação está nua!”


O tiroteio foi medonho,
ninguém ficou pra contar,
de Antonho, o último sonho
que acabo de narrar.

Antonho das Sete Vidas
ali estava, frio, morto.
tinha atingido afinal
o seu último porto;
como um barco à deriva
na sua ação repressiva
seguindo um caminho torto.

Nem de herói ou bandido
foi o papel que assumiu;
era um gênio inquieto
que sua coragem investiu
querendo ser arquiteto
de sucessivos projetos.
sua ânsia não resistiu.

Aos embates que encontrou
envolvido ema aventuras
pelo chão que palmilhou;
sempre com mão segura
querendo achar a verdade
e descobrir a liberdade,
fez sua própria sepultura.

Nunca esteve numa escola
mas aprendeu a escrever
e vários ofícios, também,
era capaz de exercer ;
mas era na poesia
que encontrava alegria
aliviando o seu sofrer.

Com aquela professora
que foi sua última paixão,
Antonho deixou muitos versos
todos escritos à mão,
de fatos que observou
por onde sua lira andou
antes da sua prisão.


O “caboco” era danado,
não deixava passar nada,
fuçava tudo como faro
de uma visão apurada
E gravava na memória,
sugestivas estórias
como aqui são relatadas.





FIM
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