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Cordel-->Antonio das Setes Vidas2-BARBOZA LEITE Ed. Pedro Marcilio -- 29/01/2008 - 06:52 (pedro marcilio da silva leite) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
ANTONIO DAS SETES VIDAS - Vol.2

Depois de tal insucesso
AntonhodasSeteVidas
Saiu dali esquipado
Em busca de uma guarida.

Caminhou setenta léguas.
Estivera no Piauí
e, quando cuidou, já estava
muito distante dali.

Penetrou no Ceará
já estando mais tranqüilo,
depois de roer as unhas
como rói um esquilo

os troncos de pau que acha;
o Antonho, arrependido
da sedução que sofreu,
se achava bem sofrido.

Deu comida pro cavalo,
trocou de roupa e melhorou
a impressão que trazia
depois do que se passou

pois, o medo foi danado
na recente experiência;
dali em diante curava-se
de mais uma impertinência,

jurando-se ele a si mesmo
outra vez ter mais cuidado
com qualquer fantasia
que o deixasse impressionado.

Selou de novo o cavalo
e retornou a estrada;
não era homem de ficar
um dia sem fazer nada.

Partiu dali em demanda
do vale do Pé-de-Vento,
onde ele imaginava
passar uns doces momentos.

Um despotismo de verde
ele viu, chegando ali;
foi quando se deu conta
de que estava no Cariri.

Tinha atravessado a vertente
de uma serra sem igual
pensou, aqui demoro
nesta terra colossal.

Andou até encontrar
uma fazenda abastada
para a qual se dirigiu
desejando uma pousada.

“B’astarde, seu coronel,
eu posso me apiar?
o outro lhe disse então:
se o seu nome declinar.

Se vem da parte de Deus,
tem conforto e companhia.
Se for da parte do diabo,
não encontra fidalguia.

“Falou bem, senhor Patrão,
digo-lhe com sinceridade.
Parei aqui por que vi
que aqui mora a bondade”.

O coronel deu um sorriso
que quase lhe rasga a boca,
pensando com seus botões
esta idéia é a mais louca

que um homem pode dizer.
Vou pegar esse sujeito
e pô-lo na minha roça
até ele se desdizer.

Antonho das Sete Vidas
tinha que prender o passo,
até ficar algum tempo
para entrar no compasso.

Transformado em capataz
às ordem do coronel,
ele viu a diferença
entre o mel e o fel.

O obrigava o coronel,
a rezar a ladainha,
rezar à boca da noite
como ao coronel convinha.

Dizer três vezes o credo
antes de se deitar,
fingir que era beato
pro coronel se agradar.

A viola se calou,
Antonho não mais cantava;
essas “coisas do demônio”
o coronel condenava.

Mesmo assim ia ficando
com outra coisa em mente;
a filha do coronel
era doce e inocente.

Mantinha-se resignado
esperando a ocasião
de despertar na mocinha
as fibras do coração.

Só havia um problema:
era o coronel se afastar
para ele ter ocasião
de com ela conversar.

E, deu-se essa ocasião
quando ele nem esperava;
quando quis se declarar,
gaguejava, gaguejava.

A moça ficou surpresa
sem conseguir entender;
na pretensão de Antonho
ela não podia crer.

Daquela vez se perdeu
pra ele a oportunidade;
o que ele diz não deu
por falta de habilidade.

Foi dormir, não conseguiu,
numa noite muito fria;
a moça também frustrada,
sua paz não conseguia.

Passou a noite rolando
na cama onde dormia
o mesmo se dando com Antonho,
que sossegar não podia.

Amanheceu o dia seguinte
Chovendo sempre e bastante,
O Antonho ficou aflito
E transformado, o seu semblante.

Como não pode voltar,
o coronel enviou
um precatado veloz
que ao Antonho informou:

Noutra fazenda distante
estava bem arranchado;
que a moça não se avexasse
que ele estava agasalhado.

Antonho, então, se chegou
e disse num improviso
- eis chegada a nossa hora,
foi muito bom este aviso.

Prepare sua trouxa e vamos
desfrutar a liberdade.
Viver sem você eu não posso,
nos espera a felicidade.

Não deu outra, fugiram
montados na mesma cela,
nem notaram um papagaio
olhando pela janela.

Corre campo, corre a luz
o cavalo resfolegava;
por brejos,montes,campinas
o casal se afastava.

Quando o coronel chegou em casa
e a filha não encontrou
e soube da falsidade
que Antonho lhe preparou
ficou possesso, maluco,
armou-se de faca e trabuco
e com dez cabras se juntou

saindo imediatamente
em busca dos dois fujões
como quem vai a uma caçada
de perigosos ladrões.

A terra abriu-se
e o chão estremecia;
o ódio, no coração
do coronel, remexia
como pipoca saltando
sob o fogo, acelerando
a corrida dos cavalos
na dura perseguição
do casal em evasão,
como daqui em diante eu falo.

Vamos, coronel Firmino
dizia o negro Elesbão,
pegar aquele assassino
que traiu sua afeição.
O índio Anacoré
dizendo, por minha fé,
vamos pegar aquele sujeito
e mostrar que um homem direito
não desrespeita um cristão.
Roubar aquela menina,
nenhuma fera assassina
não faria isso, não!

Note-se que os agregados
do famoso coronel,
servindo-se da ocasião
faziam um sujo papel.

Enquanto isso, o casal
corria pelo sertão
sem um minuto de paz
nas brenhas da solidão,
pois lançaram um desafio
a ordem estabelecida
sendo, agora, duas vidas
seguindo por um desvio,

seguindo cheias de anseios
por um destino comum:
cada qual deles queria
transforma-se em só um,
pois a mulher e o homem
em virtudes se consomem
se lhes dão o direito
do amor ser perfeito,
mulher e homens unido
quando o amor é sentido.

Noite e dia cavalgavam
duas pessoas abraçadas
mesmo sem ignorar
que vinham pelas estradas
o coronel e sua gente
odiosos como serpentes
maldosos pela vingança
que a razão não controla
e fere, mata, esfola
enquanto, de matar, não se cansa.

Corre, corre, canarinho,
o cavalo de Antonho
e, o casal sabendo que
o perigo era medonho,
afinal, parou na sombra
de um frondoso juazeiro.

Chegaram pela manhã
àquele ponto fadado
a ter muita importância
no que eu tenho relatado

Antonho pendurou a rede
tão branca e tão virginal
sob a folhagem da árvore.
O exercício nupcial
ia ter o seu início.
Depois de horas, horas tantas
o homem se agiganta
e despreza qualquer sacrifício.

Até o sol, camarada,
não espantava o céu,
insinuando ao casal
a sua lua-de-mel.

Os passarinhos, ainda
cantavam na galharia;
de um regato, bem perto,
os murmúrios se ouvia.

Com muita delicadeza,
Antonho deitou-se com a moça
se eu estiver mentindo,
Deus me ouça, me ouça.

Como um bom cavalheiro
ele não se apressava,
a ansiedade da moça
era o que o perturbava.

Enquanto isso, lá longe,
na maior velocidade,
os jagunços do coronel,
na maior perversidade
só pensavam em impedir
aquela felicidade.

Pronto, foi descoberto
o juazeiro encantado:
o casal estava lá,
na sua rede enleado.

Jesus Cristo, Ave Maria,
parecia uma explosão
os cavalos batendo os cascos,
fazendo um círculo no chão.

Saltando da sua cela,
o coronel, tão cansado,
já não tinha de senhor
sequer, um dez-réis coado.


Mesmo assim empertigou-se
e disse aos seus comandados:
“ o primeiro a falar sou eu,
que sou o pai atraiçoado.

Vamos ver se este cabra
tem alguma valentia,
eu não sou um injusto,
alimento a fidalguia.

Deixem o homem vir pra fora
defender o que ele tem”.

Antonho, então respondeu-lhe:
“Eu lhes dou o que convém”.

Enfrentou a cada homem,
como o coronel exigia;
parecendo um satanás,
os seus golpes não perdia.

Na briga, então violenta,
que o coronel assistia
nenhuma vez, o membro
de Antonho, descia.

Quando o coronel viu aquilo
ficou muito embaraçado,
numa situação daquela
não havia baixado

o alento do rapaz
que se mantinha exaltado
como se perigo não houvesse
pra deixá-lo desarmado.

E demorou muito tempo
a briga sem vitorioso,
o coronel assistindo
aquele homem brioso
defender a sua honra
pensando na sua amada
sempre com a sua prenda
cada vez mais esticada.

Basta, basta, ele gritou:
“ um homem assim não se mata.
Tem que se deixar para indez
esse cabeça chata”.

Com a ordem do coronel
foi, então, cessada a luta
pois, com um cabra como aquele
pensava, outro não luta.

Teria que ser poupado
para servir de indez.
voltaram Antonho e a menina
para sua casa, de vez.

Custou, mais a felicidade
voltou para o seu lugar,
o Antonho e a Dulcinéia
constituindo o seu lar.

A vocação de andarilho
de Antonho das Sete Vidas,
no entanto, não foi dominada,
com a família construída;
bastou que o sogro falecesse
para que ele esquecesse
da obrigação contraída.

Organizou uma viagem
com destino a Cuibá,
alegando que já estava
cansado do Ceará.
Não gostou muito da idéia
sua mulher Dulcinéia
que começou a chorar.

Ela sabia muito bem
do gênio do seu marido,
que jamais recuava
do que houvesse querido
pois, destemido e audaz,
nunca voltava atrás
do que fora decidido.

Partiu, Antonho, então,
mas depois de muito andar,
se desfez do que levava,
para o roteiro mudar
tomou o rumo da Bahia
onde a sua alegria
veio a lhe abandonar.

Querendo ficar sozinho,
Antonho mandou embora
os cabras que o seguiam.
que dissessem a sua senhora
que mudara o seu plano
e, pelo menos um ano
teria que passar fora.

E, mais nada não contou
do que, então, pretendia,
apenas que o seu destino
era chegar à Bahia.
Despediu-se dos empregados
e saiu muito apressado
quando amanheceu o dia.

Passando por muitos lugares
que não imaginava encontrar,
extensões semi-desérticas
onde nada podia vingar...
caminho vazio, sem um animal
que de vida desse sinal,
Antonho tinha vontade de voltar.

Árvores secas, de galhos retorcidos
dominavam permanente a paisagem;
campos mortos, casebres destruídos
ele ia observando em sua passagem,
o cavalo, as patas machucando
nos pedregulhos que ia encontrando
onde Antonho não encontrava hospedagem.

Ia assim, vagueando nos campos solitários
curtindo os silêncios que a solidão ensina
quando subitamente foi cercado
por alguns bandidos, no Raso da Catarina.
Um gesto, sequer, pôde oferecer
na tentativa de se defender:
estava sob a mira de várias carabinas.

Levaram Antonho para um esconderijo
onde o chefe deles se achava;
antes, pondo-lhe nos olhos uma venda,
para que ele não visse por onde passava.
os cascos dos cavalos troavam no chão
como violentas descargas de trovão,
enquanto na cela, Antonho mal se sustentava.

Antonio da Sete Vidas
sentiu-se perdido, então.
Caíra nas mão assassinas
do bando de Lampião.

Muito tempo ainda andaram
para chegarem ao lugar
onde o chefe se achava
numa rede a descansar.

Cheio de fome e cansaço
mas mantendo sua firmeza,
Antonho se dispôs a agir
com toda a sua franqueza,
pois caíra no alçapão
do bando de Lampião,
para morrer, com certeza

Quando chegaram ao local
onde estava Lampião,
um cara jogou Antonho,
com violência, no chão,
metendo-lhe um pau no olho
dizendo-lhe:”tu vai ficar de molho,
pra num sê mais um espião”.

Sentindo uma dor terrível,
o Antonho desmaiou;
mas jogaram água nele
e ele, então, retornou
tão branco como papel;
sentindo um gosto de fel,
quase os bofes vomitou.

Lampião estava impassível,
toda a cena observando,
e mais ainda o seus cabras,
do Antonho judiando.
então lhe arrancaram a blusa
e a coisa ficou confusa,
a situação se transformando.

Exatamente no local
que um cabra tinha atingido
com a ponta de um punhal
deixando o seu peito ferido
brilho enorme, um medalhão
em forma de coração
que logo foi percebido.

Foi o próprio Virgulino
que deu um pulo pra frente
enlaçando o assassino
como faz uma serpente,
jogando o bruto distante
e, rápido, no mesmo instante
amparou a vítima desfalecente.

Foi um impacto medonho
o que abalou Lampião
quando viu o padre Cícero
gravado no medalhão
o punhal tinha deixado
um sulco profundo, gravado
em cima de sua mão.

A mesma mão que abençoara,
certo dia, Lampião;
a partir de quando, o bandido
ficou preso à devoção
da figura do vigário,
mantendo no seu rosário
a imagem do medalhão

que, suspensa num fio de couro,
do pescoço de Antonho,
no seu peito ensangüentado
mostrava um rosto risonho
que Lampião contemplava,
enquanto se ajoelhava
amargurado e tristonho.

Naquele mesmo momento
Antonho das Sete Vidas
foi posto sobre uma esteira,
para tratarem suas feridas
ocupando-se Lampião
de com as suas próprias mãos
salvar, de Antonho, a vida.

Aconteceu que o bando
teve que se dispersar
sendo Lampião obrigado
a outro esconderijo achar
em vista de uma notícia
que vinha perto a polícia
para combate lhe dar

O fogoso “capitão”,
tinha que levar o doente
pois seria perigoso
que estando ele ausente,
a polícia o encontrasse
e por castigo o matasse
se não “desse com os dentes”.

Esticado numa rede
nos ombros de dois bandidos,
foi a solução achada
para conduzir o ferido;
sendo um deles o malvado
que assim foi castigado,
por ter o Antonho ferido.

Antonho ficou algum tempo
acompanhado Lampião;
mas aquele tipo de vida
Não era sua vocação;
logo que pôde saiu,
do bando se despediu
montando no seu alazão.
.........................






O Pintor e o seu Cordel

É sabido que alguns estudiosos da Literatura de Cordel não
vêem com bons olhos a participação dos chamados poetas eruditos
na produção de poesia popular. Alguns desse críticos chegam a
insinuar, de forma algo dramática,que essa intromissão poderia
contribuir para o desprestígio e a decadência do cordel. De minha
parte, não vejo razão para que um poeta erudito não possa escrever
à maneira dos autores de cordel. Não é que os poetas eruditos
pretendam mudar de ramo ou de rumo; nem tampouco usurpar o que
ainda resta do mercado de trabalho dos poetas populares.
Eu gostaria que o cordel praticado eventualmente pelos poetas
eruditos fosse visto como uma homenagem destes autores aos valorosos
“ poetas de bancada”.
O cearense Barboza Leite, pintor, poeta e prosador bem sucedido
em qualquer dessas atividades, é também um aficionado da literatura
popular.Publicou até agora sete folhetos de cordel abordando diversos
assuntos relacionados com o Nordeste. Dois desses folhetos se referem
especificamente à cidade fluminense de Duque de Caxias,onde reside
há vários anos e onde grande parte da população é constituída de
emigrantes nordestinos.
Sua mais nova experiência nesse campo são as eSTÓRIAS DE ANTONHO
DAS SETE VIDAS. Trata-se das peripécias de um caboclo cearense
nascido para as bandas do Crato, de sua trajetória de judeu errante
que sai pelo mundo em busca de aventura e que termina encontrando
a morte em São Paulo, quando praticava um assalto em companhia de
outros marginais. As estórias do Sete Vidas tem todo os ingredientes
da narrativa cordelina clássica, desde a figura marcadamente
romântica do herói até os acontecimentos que culminam na morte do
protagonIsta sem falar nas implicações de ordem amorosa que permeiam
estas estórias,como o rapto da filha deum coronel sertanejo,de cuja
fazenda o dito Antonho era capataz.
Já do ponto de vista formal, não se pode afirmar que estas
estórias de Barboza Leite estejam rigorosamente de acordo com
os esquemas tradicionalmente utilizados pelos autores de cordel.
Ele inova na medida em que adota abertamente uma atitude de inteira
flexibilidade em relação às estruturas poemáticas da narrativa,como
também nos procedimentos relacionados com o uso do metro e da rima.
Emprega indiferentemente modalidades estróficas (a sextilha,a
redondilha maior, a oitava, a décima etc ). Em alguns casos chega
até mesmo a empregar versos amétricos, numa clara demonstração
de que o seu artesanato popular não se encaminha para qualquer
dogmatismo estético.
Num trabalho deste amplitude, que se caracteriza pela diversidade
temática e pela superposição de planos narrativos permeados por
diversas estórias, a flexibilidade formal é de fundamental
importância para assegurar a funcionalidade dos segmentos do
poema, além de contribuir significativamente para revitalizar os
arquétipos da linguagem padronizada do cordel. Não seria fora de
propósito recordar aqui que de modo geral,os autores de cordel não
procedem de maneira ortodoxa quando se trata de particularidades
relacionadas com a metrificação das suas narrativas poemáticas.
Pode-se argumentar que esse recurso de diversidade formal
implicaria um atitude eruditizante por parte do autor de Antonho
das Sete Vidas.Concordo que em parte isso é verdadeiro. Sobretudo
se atentarmos para o fato de que a imutabilidade formal é talvez
o mais significativo de todos os elementos tipificadores da poesia
de cordel. Mas esse aspecto deixa de ter maior significação diante
da evidência de que Barboza Leite não se afasta do pressuposto
de que o cordel é a tribuna do povo,o lugar da louvação e do anátema,
da crítica e do protesto, da aventura e do sonho, do exemplo e da
profecia.
O certo é que, quando inova ou quando aguarda fidelidades às
estruturas tradicionais do cordel, Barboza Leite dá o seu recado,
numa sucessão de estrofes impregnadas do lirismo, da malícia e da
contundência que são as marcas mais notáveis da poesia dos
andarilhos nordestinos. O Antonho das Sete Vidas pode não servir
de parâmetros para a numerosa e extensa galeria dos heróis de
cordel, mas, sem dúvida alguma, possui atributos que o Identificam
facilmente com os tipos criados e reverenciados pela imaginação do
povo.
Este longo poema de cordel não é apenas o testemunho de um
homem que se mantém fiel às suas raízes e aos apelos da terra.
É também o depoimento sincero e comovido de um nordestino andejo,
que muito cedo emigrou dos seus pagos e acabou ancorando
definitivamente no Rio de Janeiro, mas conserva ainda, no poema e
na alma as marcas indeléveis da diáspora. Os conflitos existenciais
do homem nordestino eles os converteu em testamento poético ao
nível dos sentimentos e aspirações do povo. Mas chega de conversa
fiada.O que se tem de fazer agora é deixar que a santa fantasia nos
guie pelos caminhos mirabolantes de Antonho das Sete Vidas.

Francisco de Carvalho





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