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Poesias-->SOTURNO -- 17/04/2005 - 01:27 (Edson Campolina) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
SOTURNO





Esta manhã não é como uma manhã,

Pois é como noite chuvosa e triste.

Sem perspectivas, sem expectativas,

O pensamento perde-se por pequenice.





Meu corpo vela-se enrijecido,

Com os ossos adormecidos negando movimentos.

As pálpebras pesando num pescoço amolecido,

Minha consciência é um poço vazio.





Sem forças, tento reagir.

Mas é grande a tristeza

D’uma vida despropositada e torta,

Que me espreitou detrás de portas.





Cansei da vida e das pessoas.

Não escrevo, não leio, estou mudo.

O passado parece-me suficiente,

Ocupou-se em cegar-me o futuro.





As horas, velozes, se vão.

Não ouço, não sinto, não vejo.

Talvez seja esta minha única sorte,

Nada acontece neste hiato de vida

Ou de morte.





A tarde cai como águas turvas

Que se vão sem derreter esta vida

Petrificada, fossilizada num fundo de mar.

De mim fugiram a metáforas do sentir,

Não tenho mais o que realizar,

Acho que nunca tive o porvir.





Tentei ser o que não fui,

Ver o que gostaria de ter visto,

Sentir o que gostaria de ter sentido.

Tentei um acalanto e, em vão,

Escrevi o que nunca foi lido.





Meu mundo agora está no escuro.

Minhas lembranças na profundeza

D’uma penumbra.

E o fio de vida, vejo numa luz,

Distancia-se p’ruma terra de nunca.





Adormece um poeta menor.

De quem a falta não sentirão.

Nem aqueles q’num dia

Foram amados por ele,

E não mais serão.





O poeta menor, de risos fingidos.

Que da solidão alimentou-se,

Do vinho amargo d’uma vida

Sonhada e não vivida, bebeu.

Que destilou lágrimas em versos,

Que agora se foram, fugidios.





A noite cai como um jardim escuro

Guardando este resto de vida ignorada

Até pelo mais arisco beija-flor

Que um dia fez vento

Soprando a face pálida,

Franzida pela minha dor.





Vem guiar-me agora um lobo.

Soam-me no escuro seus uivos.

Melancólicos uivos de um lobo da morte

A rondar-me triste por também ser só.

Por ter ao seu lado somente os moribundos

Deste esquecido e escuro mundo.





Ele vem lento e soturno,

Esgueirando-se nas sombras das velas do quarto

Deste poeta menor,

De versos obscuros,

Que duvidaram do futuro.





As nuvens pesadas de pecados

Descem, descem, descem...

O lobo triste não traz ao meu encontro

O anjo róseo de cabelos dourados e encaracolados,

E de lábios doces, onde se esconde seu recato.





Só resta-me agora um doloroso grito

Que ecoará neste escuro,

Enquanto não apagarem deste mundo

Meus versos de duplo sentido,

Meu versejar de poeta menor

Que um dia o escuro habitou

E nunca foi percebido.

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