A caminho da escola o Manuel encontra a sua irmã mais velha, a Rita, na conversa com uma amiga.Tentando ouvir o que elas diziam, debruçou-se pelos arbustos e caiu. A única coisa que conseguiu ouvir foi a Rita a dizer á sua amiga "-Olha que é segredo!", e o grande raspanete que apanhou de seguida. Passou a manhã toda na sala de aulas a pensar que segredo seria aquele, só despertou quando ouviu o toque de saída para o recreio.
A tentação de saber qual era o segredo da irmã, fez com que tivesse uma chamada de atenção da professora aos seus pais. Já em casa, o Manuel depois de ouvir a chamada de atençaõ dos seus pais em relação ao que se tinha passado na escola, seguiu logo para o quarto da Rita. Muito sorrateiramente entrou no quarto da irmã e ainda mais sorrateiramente lhe perguntou, um pouco engasgado, qual era o seu segredo. Ao que a Rita lhe respondeu "- Um segredo é um segredo, e é muito feio ouvir as conversas das outras pessoas. Saí já do meu quarto!". Mais ainda curioso, mas muito triste, tentou perguntar á mãe se não tinha nenhum segredo para lhe contar, ao que a mãe respondeu "-O meu filhote quer saber uma coisa que eu não tenho! Meu querido eu para ti não tenho segredos? Vá,vai mas é lavar as mãos pois vamos jantar. O teu pai já está na mesa á espera."
Durante o jantar todo o Manuel não disse nada, o pai estranhando o silêncio de quem nunca estava calado e sim tinha de ser calado, perguntou-lhe:
- Manuel não nos queres contar porque estavas desatento nas aulas?
Ele levanta a cabeça e abana-a negativamente. O pai não satisfeito com a resposta surda, volta á carga.
- Olha, hoje no meu trabalho tive uma reunião super chata. Nem consegui ir almoçar, ás vezes temos dias assim, onde nada nos corre bem.
O Manuel responde:
- Não aconteceu nada de especial.
Aproveitando a deixa da conversa:
- A Rita é que teve um dia muito bom, até tem um segredo!
O pai curioso, e já mais satisfeito com ele, antes de perguntar alguma coisa á Rita ela responde primeiro:
- És muito chato, se eu te disse que é segredo , é porque não posso contar a ninguém. Nem aos pais. Compreendes? Chato.
- Eu não sou chato só queria que me contasses, para poder também ter um.
Em resposta:
- Ainda não percebeste, eu não te posso dizer nada, é segredo!
- Mas eu queria...
O pai já confuso com aquela conversa, interrompe-os e pede uma explicação para o desentendimento:
- Rita, tu como mais velha explica-me que conversa é essa de segredos.
A Rita já sem explicações...
- Ó pai, eu e a Mafalda estávamos a conversar sobre uma coisa lá da escola e o Manuel estava escondido atrás de uma árvore a ouvir. Eu chamei-o á atenção, e ele ficou todo chateado por eu estar a a contar um segredo á Mafalda. Tentei explicar-lhe que não lho podia contar, mas ele continua com a mesma conversa, chiça!
- Rita! Já te disse para não falares assim á minha frente. E tu Manuel para já com esse interrogatório que um segredo não se conta. Quando tiveres um vais ver que também não o contas! E agora vamos continuar a comer para depois irem ajudar a vossa mãe na cozinha.
A conversa ficou por ali, mas o Manuel não estava satisfeito, tinha que encontrar um segredo. depois de ajudar a mãe a levantar a mesa foi logo para o quarto tentar pensar em alguma coisa que ninguém soubesse, mas não conseguiu nada, todos sabiam das coisas dele. " Se ao menos eu não contasse tudo á hora do jantar, já tinha imensos...", pensava todo chateado. " Mas não interessa, amanhã vou encontrar um!", dizia para ele todo entusiasmado. Foi lavar as mãos e os dentes, vestiu o pijama e deitou-se. A mãe foi ao seu quarto ver se estava tudo bem, deu-lhe um beijo de boas noites e aconchegou-lhe o cobertor. - Boa noite mamã, amanhã já tenho um segredo..- murmurava. - Dorme bem...
