Usina de Letras
Usina de Letras
240 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62174 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22531)

Discursos (3238)

Ensaios - (10349)

Erótico (13567)

Frases (50577)

Humor (20028)

Infantil (5424)

Infanto Juvenil (4756)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140791)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6182)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->Um passeio de ser -- 21/06/2004 - 16:59 (Isabel Fontes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
...Tento fugir, mas não encontro saída nesta escuridão.
Alguém grita pelo meu nome.
Sinto a presença de algo maior que eu, algo diferente deste tempo. Começa a chover, as árvores estão cada vez mais agitadas, corro pela floresta e não encontro fim.
Continuo a ouvir a tal voz a gritar por mim.
“- Corre, vem não te deixes apanhar pelo frio!”.
A voz não pára de chamar por mim, começo a sentir cada vez mais medo e não encontro nada quente, nenhuma saída desta floresta, destes gritos secos que não consigo alcançar. Sinto uma mão a tocar-me no rosto, sinto algo quente a entrar pelas minhas veias, algo claro que sobrevoa o meu olhar.
Sim! Sinto a mão quente de alguém, mas não consigo gritar estou a ficar sem ar. Socorro! Solta-se o grito e sinto uma força a sair de cima de mim.
Vejo muitas luzes, vultos, onde estou?
Quem são vocês?
Tirem-me daqui!
O que se passou a seguir não me lembro, só de que me sentia segura, que não precisava de ter mais medo, algo ou alguém velava por mim. Tentei levantar a cabeça, tentei falar, ouvi novamente a voz. Tentei responder mas só me lembrava de correr muito para a tentar alcançar e agora ela estava ali comigo, que paz.
Quando dei por mim já me conseguia sentar, a minha mãe estava comigo e fazia-me muitas festas no cabelo. Senti os mimos.
Que falta?
Aqueles que eu nunca tive em criança?
Que estranho só me recordo dos carinhos que a minha avó me dava, das brincadeiras que fazíamos, das coisas que ela me ensinou! Comecei a sentir um aperto no peito, imensa falta de ar, queria gritar e não conseguia, foge dizia a voz.
Foge!
Corri. Corria. Só pensava na voz, corria, queria alcançá-la.
Corre!
Respirei fundo, respirei como nunca me lembro de o ter feito, respirei, gritei.
Não!
Acordei finalmente, estava deitada na cama, mas não a minha, a de um hospital.
Passaram-se dias e noites, não me conseguia lembrar do que me tinha acontecido, só me lembrava da floresta, das mãos da minha mãe a viajarem na minha cabeça. A presença constante da minha avó e o sufoco de não conseguir gritar. Apesar de não ver nenhum rosto estranho na minha mente, a não ser o meu neste momento. Acredito que a única culpada sou eu.
Passados tantos dias e depois de tantas visitas, de tantas conversas, torna-se inevitável. Sei que querem o melhor para mim, mas neste momento o melhor que eu tenho é a minha pessoa, é encarar o meu destino, viver o meu presente e tentar esquecer tudo o que se passou. Ninguém sabe, mas há uma semana atrás que me recordo levemente de retalhos do que se passou, ao qual todos chamam de pesadelos, ainda não querem que reviva o acidente.
Eu ainda não encontrei nome para descrever o que se passou.
Sinto-me constantemente nublada, sinto um olhar de responsabilidade de culpa. Porque será?
Esta é a terceira semana encalhada neste hospital, hotel requintado…
Tenho uma leve sensação de ainda não estar acordada a cem por cento, de estar naquele estado febril em que tudo está bem e acaba bem. Ao meu lado está o meu marido, faz-me festas na cabeça e beija-me o rosto.
Finalmente acordei! Estava a ter um pesadelo? Um sonho? Que estivera eu a viver? Que estou eu a viver?
O meu marido continua presente, agora abraça-me, e pede para eu tentar adormecer, para tentar esquecer.
Esquecer o quê?
Neste momento estou muito confusa, mas vou seguir o seu conselho, vou tentar adormecer de novo e quando acordar novamente tentar descobrir o que se passou, ou, o que se está a passar? Tentar perceber o porquê e o onde, seguir de novo um trilho certo, ou simplesmente acordar no correcto.
Fecha os olhos...
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui