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cronicas-->Nós e os Loucos -- 06/09/2000 - 20:39 (Mencio Lopes Vidal) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Nós e os Loucos


Primeiro, leia essa estorinha:
Dois amigos loucos fugiram do hospício. Fizeram corda com lençóis, cavaram túnel com colher, tudo enfim que todos fazem prá fugir de uma prisão. Tudo direitinho. E puseram-se a caminhar pela estrada, altas horas da madrugada, a caminho do mundo, de encontro à liberdade, à vida. Depois de algum tempo caminhando, um deles parou de repente. O outro, louquinho, louquinho, que nem o primeiro parou também e ficou esperando o que parceiro, também doido, faria em seguida. O amigo permanecia imóvel. Olhava prá baixo, olhava prá trás, mas não mexia os pés um centímetro. O outro repetiu o gesto. Olhou para os pés, olhou para trás a estrada ao longe, fitou o outro maluco. E o amigo nada. Não se mexia de onde estava. De repente falou, numa voz muito grave e preocupada: "Amigo", começou, "não se mova..." O segundo, que já estava parado, olhou mais uma vez para os próprios pés, como que para garantir que eles não se moveriam do lugar. "Fique aí mesmo." , continuou o mentecapto, "Não podemos prosseguir." "Não??", perguntou o outro doido, que estava alguns passos à frente do seu companheiro de fuga. "Não. Não podemos." "E por que não?", perguntou já sentindo-se desconfortável diante da perspectiva de ter de concentrar-se para entender a explicação que viria em seguida. O primeiro prosseguiu explicando: "Veja, eu parei aqui e percebi, de repente, que nós não conhecemos o caminho à nossa frente. Corremos grande risco portanto!" o outro pareceu concordar com a lógica do fato. "Você mesmo, aí à sua frente, tem um pedaço de chão desconhecido, bem diante de seus pés!" O outro doido olhou assombrado para a estrada de terra logo abaixo de si. "Estamos perdidos! Não podemos prosseguir.", completou o que falara primeiro. "O que faremos?" indagou o outro, que era um doido muito sensível e parecia apavorado. O primeiro pensou um pouco e disse, cauteloso: "Bem, eu posso ir até aí, onde você está. Você já percorreu este pedaço do caminho, portanto não há perigo." O outro ficou radiante. Tudo resolvido. Seu amigo era mesmo muito inteligente. O outro deu dois passos, ficando do lado do amigo. Os dois sorriram um para o outro por alguns instantes, aliviados. Foi então que o que estivera na frente perguntou: "E agora?". O outro pensou um instante. Nisto ele não tinha pensado. E agora? Então ele olhou para trás, ao longo do caminho pelo qual eles haviam seguido até chegar ali e proferiu, solenemente: "Amigo, só há uma solução. À nossa frente - e apontou a estrada que se perdia no horizonte à sua frente - só há o desconhecido. Nada sabemos do que poderemos encontrar se prosseguirmos. Mas, veja, deixamos para trás um caminho seguro, o qual conhecemos e no qual, temos certeza, nada de mal poderá nos acontecer. Assim, eu digo que devemos seguir pelo caminho que já trilhamos, pois estaremos seguros e a salvo de tudo aquilo que não conhecemos." Dizendo isso, virou o corpo e começou a andar pelo caminho de volta, seguido logo pelo amigo, em direção ao hospício, onde foram recapturados e de onde não ousaram nunca mais sair.
Agora, pense a respeito. Assim como os loucos da estória, nós mesmos por vezes preferimos dar as costas ao desconhecido, em troca do conforto de poder trilhar por caminhos conhecidos e seguros. Muitas vezes optamos por fazer aquilo que já foi provado e aprovado pelos outros, não porque parece a melhor maneira de fazer algo, mas simplesmente porque se alguém já experimentou antes, então deve ser mais seguro. Tentar o novo, diferente, não é coisa de doido. Pelo contrário. Loucura é negar-se a si mesmo o direito de ousar, utilizando aquelas qualidades que nos diferenciam dos outros animais: a criatividade, a inventividade, a ousadia. Esconder-se sob as cobertas quentinhas da mediocridade pode ser mais confortável, mas certamente não nos faz muito melhores do que um pastor alemão bem treinado. Portanto, da próxima vez que você estiver diante de um caminho totalmente diferente e desconhecido, encha-se de coragem, arregaçe as mangas da camisa e dê, sem medo, o primeiro passo em direção ao horizonte novo que espera por aqueles que, não tendo medo de ousar, pavimentaram os caminhos para que outros possam seguir, sem medo, por estradas iluminadas e seguras.

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