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Cordel-->SANFONINHA CARIOCA -- 15/01/2008 - 07:20 (pedro marcilio da silva leite) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
SANFONINHA CARIOCA


Ninguém sabe quando surgiu
Esse personagem em Caxias
Se foi de um coração que se abriu
Ou de profunda melancolia
Assim como de repente apareceu
Do mesmo jeito, desapareceu
Não sei se de noite ou de dia.

A verdade ninguém sabia dizer
Se era do norte ou mineiro
Pantaneiro talvez pudesse ser
Do nordeste, um vaqueiro
O certo é que ninguém sabia nada
Podia ser baiano ou papa-goiaba
Ou até santo milagreiro.

Talvez lá de Trás-os-Montes
Bem depois do ultramar
Numas terras bem distantes
Boas até pra cultivar
Ou quem sabe do Oriente
Terra que toda serpente
Com música se põe a dançar.

A verdade ninguém ousava
Nem se fazia comentários
Seu alfaiate, seus ternos talhava
Pendurando penduricalhos
Tinha o porte de príncipe miúdo
Mas com brilho e conteúdo
Era um fidalgo do baralho

Era como um mouro bronzeado
Às vezes um mascate concorrido
Desses que não deixa atrasado
E em qualquer parte atende pedido
Parecia um japonês voador
Agindo sempre com destemor
Extremamente veloz e arisco.

De um cometa havia chegado
Ou do tronco da jaqueira surgiu
Jaqueira de fatos encantados
Que em tantas lendas se abriu
Ou foi do sonho sonhado
Que no menino ainda lembrado
Um dia, apenas dormiu.

E no sonho era o Rajá
De toda noite encantada
Que pelo reino a cavalgar
Em nuvens encaracoladas
Era guerreiro destemido
E corria com inimigo
na base de muitas pedradas.

Uma gaita sempre trazia
para assoprar suas canções
ou até mesmo sinfonias
enternecendo corações
aflorando muitos ensejos
despertando outros desejos
iluminando novas paixões.

Carregava sempre consigo
O utensílio da refeição
Solicitando a um amigo
Carne, arroz e feijão
Que como um príncipe comia
E como uma anjo dormia
Tranqüilamente no chão.

Grandes colinas desnudas
De tempos não urbanizados
Lhe eram cenário e permuta
Por vales pouco ocupados
Mas com rios em calçamento
E folhagens já de cimento
Já sendo um tempo mudado.

O sonho foi despertado
Na velocidade do aço
Em som desesperado
Que era soco, não abraço
Já era amarga a cantiga
Contemplando com a fadiga
Deixando o rei no bagaço.

A cidade estava crescendo
E seus vales sendo ocupado
A mata verde desaparecendo
Em troca do cimento armado
Parecia até uma revolução
Essa novidade de ocupação
Com fios e antenas nos telhados

“ Prá dentro ” meninos
As mães, já não diziam não
Para que o desatino
Era só ligar a televisão
Que chagavam de correria
E a aventura daquele dia
Assistiam com atenção.

Às vezes, pela janela
Dava para ver ele passar
Mas, na hora da novela
Ninguém queria brincar
Era tão sério o enredo
que havendo até beijo
Não dava para levantar.

Ligando o aparelho de TV
Parava o pique bandeira
Que ninguém queria correr
Achando que tudo era besteira
do lado de fora da televisão
porque dentro, a emoção
parecia até verdadeira.

E o príncipe passava altivo
Resmungando entre os dente
Brigando com seu umbigo
De soslaio, olhando a gente.
Subia num minarete
Segurando um cacete
Que mais parecia uma serpente

Passando o tempo falando
No seu jeito todo peculiar
Parecia estar reclamando
Outras vezes parecia cantar
Ninguém sabia se era canção
Ou até mesmo uma oração
O certo é que estava a sonhar.

Como quando ele via
Uma mulher “esperando”
pra cima dela corria
e ficava perguntando
se era mais um garoto
que ficaria com gosto
de pedras nele jogando.

de pipas ficar soltando
de cabra-cega brincar
de pião ficar jogando
e de carniça pular
Ou só de ficar correndo
de pique se escondendo
Ou apenas de sonhar

sonhando de ser Rajá
um astro rei do oriente
para sempre iluminar
assim como um sol nascente
a vida de toda criança
e de quem perdeu a esperança
poder um dia sonhar.

Sanfoninha Carioca, sanfoneiro
De um reino encantado.
Zé da Gaita, grande gaiteiro
De vales e colinas galopados
Voando em pipas, piões e cafifas
Na companhia de sultões e califas
Por impérios e principados

Vivia falando entre os dentes
Em aramaico, árabe e javanês
Falava às línguas da gente
E até a língua dos pés
Tinha quem não compreendia
Mas havia quem entendia
Dizendo que era chinês

Essa nobre figura encantada
Ninguém sabe em qual pedaço
Ainda anda a sua caminhada
Nem quanto é o seu cansaço
Mas, como seu bom amigo
Deixou nesse cordel comigo
Pra você um grande abraço.



FIM




SANTO VERDADE


Tantos santos existem
hipócritas
sofisticados
que eu pretendi criar
também santos
santos reais
palpáveis
santos materiais
opacos
santos loucos e bêbados
prostituídos
na dura vidas de nossos dias
santos humanos
sensíveis
á dor dos humilhados
santo com a ternura de meninos
vendedores de pipas e amendoim

quero santos assim
incanonizáveis.

..................................




Newton Menezes
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