A FOME
Brasil, terra tão rica,
Celeiro de tanta riqueza,
Muitos, com pouco fica,
Numa total pobreza.
Tudo em mãos de poucos.;
Muitos sem nada ter,
É o domínio dos loucos,
Que fazem o povo sofrer.
País de tanta gente,
Poucos, muito consome,
Gerando um povo carente,
Miserável, passando fome.
Esses caçadores treinados,
Que enganam suas presas,
Com bonitos palavreados,
Tiram-lhes tudo de surpresa.
O povo torna-se caça,
Dos caçadores de dinheiro,
Que criam uma sub-raça,
Por este Brasil inteiro.
Tantos gritos de socorro,
Entram em ressonância,
Numa orquestra de choro,
Que se escuta a distância.
Lágrimas caídas nos rostos,
Dessa gente tão sofrida,
Que chora seus desgostos,
Numa vida dura e deprimida.
Ó país das desigualdades!
Ó terra dos sem leitos!
Deserto, seco da verdade,
Oásis de muitos direitos.
País de muitos direitos,
Pelo poder são gerados,
O político tudo tem feito,
O povo se faz é condenado.
Ó mundo dos direitos!
Ó direitos do mundo!
Que encobrem os defeitos,
Ó lamaçal sem fundo!
Quem cria tanta lama,
Um dia, nela vai se afogar,
Hoje, no apogeu da fama,
Não conseguem enxergar.
João C. de Vasconcelos
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