[...] A humildade é uma virtude bem esquecida, entre vocês; os grandes exemplos que lhes foram propiciados são bem pouco seguidos, entretanto, sem humildade, podem vocês ser caridosos para com seu próximo? Oh! Não, pois esse sentimento nivela os homens; diz-lhes que são irmãos, que têm que se ajudar entre si e os conduz ao bem. Sem a humildade, vocês se adornam com virtudes que não possuem, como se trajassem uma roupa para esconder as deformidades de seu corpo. Lembrem-se de quem nos salvou; lembrem-se de sua humildade, que o fez tão grande e o colocou acima de todos os profetas.
O orgulho é o terrível adversário da humildade. Se o Cristo prometeu o reino dos céus aos mais pobres, é que os grandes do mundo supõem que os títulos e as riquezas são as recompensas devidas a seus méritos, e que sua essência é mais pura que a do pobre; eles crêem que isso lhes seja devido; eis porque, quando Deus lhas retira, eles o acusam de injustiça. Oh! Irrisão e cegueira! Deus faz alguma distinção entre vocês através do corpo? O invólucro do pobre não é o mesmo que o do rico? O Criador fez duas espécies de homens? Tudo o que Deus faz é grande e sábio; não lhe atribuam jamais as idéias que engendram seus cérebros orgulhosos.
[...] Acordem, meus irmãos, meus amigos! Que a voz dos Espíritos toque seu coração; sejam generosos e caridosos sem ostentação; quer dizer, pratiquem o bem com humildade; que cada um destrua pouco a pouco os altares que vocês ergueram ao orgulho; em suma, sejam verdadeiros cristãos, e terão o reino da verdade. Não duvidem mais da bondade de Deus, agora que ele lhes proporciona tantas comprovações. Nós estamos vindo preparar as vias para o cumprimento das profecias. Quando o Senhor lhes fornecer uma demonstração mais esplêndida de sua clemência, quando o enviado celeste os encontrar em uma grande família; quando seus coraçõe0s, ternos e humildes, forem dignos de ouvir a palavra divina que ele virá trazer-lhes; quando o eleito só encontrar em seu caminho as palmas estendidas por seu retorno ao bem, à caridade, à fraternidade; então seu mundo se transformará em um paraíso terrestre. Mas se vocês continuarem insensíveis à voz dos Espíritos, enviados para purificar, para renovar sua sociedade civilizada, rica em conhecimentos, contudo, tão pobre de bons sentimentos, ai de nós, só nos restará prantear e lastimar seu destino. Mas, não, não será assim; voltem para Deus, seu pai, e então nós todos, que estamos servindo ao cumprimento de sua vontade, entoaremos o cântico de ação de graças para agradecer ao Senhor sua inesgotável bondade, e para glorificá-lo por todos os séculos dos séculos. Assim seja. (LACORDAIRE. Constantina, 1863.)
(O Ev. S. o Esp., VII: 11.)
Pesquise, reflita e responda:
1. Dê dois exemplos de atos humildes.
2. Cite um fato em que o orgulho se mostre.
3. Qual é a diferença espiritual entre ricos e pobres?
4. Qual é a maior dificuldade para se vencer o orgulho?
5. Qual a missão dos Espíritos e do Espiritismo?
Leitura complementar
O VERDADEIRO CARÁTER DO ESPIRITISMO
Os Espíritos do Senhor, que constituem as virtudes dos céus, como um imenso exército que se mobiliza quando recebe sua ordem, marcham por toda a superfície terrestre; tais como as estrelas que caem do céu, eles vêm iluminar o caminho e abrir os olhos aos cegos.
Eu lhes digo, em verdade: chegaram os tempos quando todas as coisas têm que ser restabelecidas no sentido de sua verdade, para dissipar as trevas, confundir os orgulhosos e glorificar os justos.
As fortes vozes do céu repercutem como o som da trombeta e os coros angélicos se reúnem. Homens, nós os convidamos ao divino concerto: que suas mãos tanjam a lira; que suas vozes se unam, e que, em um hino sagrado, se alteiem e vibrem de um extremo ao outro do universo.
Homens, irmãos a quem amamos, nós estamos juntos; amem-se uns aos outros e digam do fundo de seu coração, para cumprir os desígnios do Pai que está no céu: “Senhor! Senhor!”, e poderão entrar no reino dos céus. — “O Espírito de Verdade.”
(O Ev. S. o Esp., prefácio.)
Teoria
O QUE ATRAI E O QUE AFASTA OS BONS ESPÍRITOS
As qualidades que atraem de preferência os bons Espíritos são: a bondade, a benevolência, a simplicidade do coração, o amor do próximo, o desprendimento das coisas materiais; os defeitos que os repelem são: o orgulho, o egoísmo, a inveja, o ciúme, o ódio, a cupidez, a sensualidade e todas as paixões através das quais o homem se afeiçoa à matéria.
Todas as imperfeições morais constituem outras tantas portas abertas que fornecem acesso aos maus Espíritos; mas a que eles exploram com mais habilidade é o orgulho, porque é esta a que se confessa menos a si mesmo; o orgulho perdeu numerosos médiuns dotados das mais belas faculdades, os quais, sem isso, poderiam ter sido elementos extraordinários e muito úteis; ao passo que, tornando-se presa de Espíritos mentirosos, suas faculdades primeiro foram sendo pervertidas e depois aniquiladas, e mais de um se viu humilhado pelas mais amargas decepções.
O orgulho se traduz nos médiuns através de sinais inequívocos, para os quais é tanto mais necessário chamar a atenção, quanto é ele um dos defeitos que mais devem inspirar a desconfiança a respeito da veracidade de suas comunicações. Trata-se, de início, de uma confiança cega na superioridade dessas mesmas comunicações e na infalibilidade do Espírito que as oferece a eles; daqui um certo desdém por tudo o que não provém deles, pois se crêem com o privilégio da verdade. O prestígio dos grandes nomes com que se adornam os Espíritos que são seus supostos protetores os maravilha, e, como seu amor-próprio sofreria por confessar que eles foram ludibriados, rejeitam toda espécie de conselhos; eles os evitam mesmo afastando-se de seus amigos e de qualquer um que pudesse abrir-lhes os olhos; caso tenham a condescendência de ouvi-los, não levam em nenhuma conta seus avisos, pois duvidar da superioridade de seu Espírito é quase uma profanação. Eles se ofendem com a menor contestação, com uma simples observação crítica, e chegam, às vezes, até a odiar as próprias pessoas que colaboraram com eles. Objetivando este isolamento provocado pelos Espíritos que não desejam ter opositores, esses Espíritos diligenciam uma atividade inútil para os entreter em suas ilusões; por isso eles os fazem facilmente aceitar os maiores absurdos como coisas sublimes. Assim, confiança absoluta na superioridade daquilo que eles obtêm, menosprezo por aquilo que não provém deles, importância irrefletida atribuída aos grandes nomes, rejeição de conselhos, tomada no mau sentido de toda crítica, afastamento dos que podem oferecer-lhes pareceres desinteressados, crença em sua habilidade malgrado sua falta de experiência; tais são as características dos médiuns orgulhosos.
É preciso convir também que o orgulho amiúde é excitado no médium pelos que o cercam. Caso possua faculdades um pouco transcendentes, ele é requisitado e lisonjeado; ele se crê indispensável e logo afeta ares de arrogância e de desdém, quando está oferecendo sua cooperação. Nós tivemos mais de uma vez ocasião de lastimar os elogios que nós havíamos proporcionado a certos médiuns, no intuito de encorajá-los.
(O Livro dos Médiuns, 227-228.)
Meditação
1. Qual é a mais meritória de todas as virtudes?
2. À parte os defeitos e os vícios sobre os quais ninguém poderia enganar-se, qual é o sinal mais característico da imperfeição?
3. Uma vez que a vida corpórea não é senão uma paragem temporária neste mundo, e que nosso futuro deve ser nossa principal preocupação, é útil esforçar-se por adquirir conhecimentos científicos que só afetem as coisas e as necessidades materiais?
4. É culpável a gente por estudar os defeitos dos outros?
5. Qual é o meio prático mais eficaz para se melhorar nesta vida e resistir ao fascínio do mal?