POEMA FEITO DE IMPROVISO NO TEATRO JOSÉ DE ALENCAR, EM 1995.
POR ACASIÃO QUE RECEBIA UMA HOMENAGEM DOS ESCRITORES FOLCLORISTAS GERALDO AMANCIO E WANDERLEY PEREIRA.
José Alves Sobrinho
Fortaleza, terra amiga
Aonde em anos atrás
Cantei com bons cantadores,
Muitos não existem mais:
Martins Fonseca, Zé Aires,
Repentistas invulgares
Como Vicente Granjeiro,
Bentevi, José Batista
E outro grande repentista,
José da Mota Pinheiro.
Entre os vivos não esqueço
O grande Antônio Ferreira,
João Siqueira de Amorim,
Também, Lourival Bandeira,
Dimas Mateus, Zé Maria,
Benoni, luz e poesia,
Iluminando o sertão,
Alberto e José Porfírio
Fazem parte do delírio
De minha recordação.
Fortaleza de Galeno
E de Leonardo Mota
Seria grande injustiça
Eu não lembrar de Leota
E de Gustavo Barroso
Pesquisador primoroso
Das cantigas populares.
Estão na mesma fileira
Hoje Vanderley Pereira
Ontem Francisco Linhares.
Meu nobre amigo Siqueira
Meu velho colega amigo
Que felicidade a minha!
Estar aqui junto contigo!
Recebendo esta homenagem,
Ouvindo a mesma mensagem,
Sentindo a mesma alegria,
Só assim recordaremos
As noitadas que fizemos
Cantando de parceria.
Parece que a natureza
Nos deu o mesmo destino:
Você, poeta andarilho,
Eu, poeta peregrino,
Houve um poder contra nós:
Você perdeu sua voz
O mesmo me aconteceu,
Somos nós dois mutilados,
Dois passarinhos calados
Que p destino emudeceu.
Obrigado, Vanderley,
Agradecido, Geraldo,
Um no lugar de Leota,
Outro, do Cego Aderaldo.
Entre alegre e comovido
Estou mesmo agradecido
Aqui, penhoradamente,
Por ganhar esta comenda
Que não foi uma encomenda
E eu recebo humildemente.
E a vida continua,
Estamos em Fortaleza,
Não há motivos de angústia,
Só de alegria e beleza,
Pois recebo neste dia
Mais do que mereceria
Pela minha vida inteira,
Depois deste grande saldo
Muito agradeço a Geraldo
E a Vanderley Pereira.
|