INSIGHT
Lílian Maial
Meus olhos peregrinos clamaram vingança.
Nunca mais se deixariam cegar,
não mais dividiriam o espaço,
a verdade, a premência da vida.
Tornaram-se guerreiros implacáveis,
armados de saudade e abandono,
imunes a lanças, estacas e palavras.
Não, não se deixariam mais atrair pela luz de outros olhos,
pela alegria de uns piscares lânguidos,
deitados de promessa e sonho.
Seriam cruéis e frios,
ímãs do vazio, das lacunas,
do sopro de eterno pro lado errado.
Buscaram presas, verteram represas,
e acabaram nesse mar salgado na boca,
no escuro das pálpebras cerradas,
onde só ali, sob a tênue camada de pele e penumbra,
conseguiram resgatar a luz dos teus,
apesar dos adeuses,
dos silêncios,
das partidas,
das ausências intermináveis,
que eles aprenderam a transpor
nas asas do poema.
***************** |