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Contos-->Rosa azul -- 23/05/2004 - 21:50 (Luciene Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Rosa azul

Começou desenhando com lápis. Preto e branco. Como via a vida. A de todos. Gostava de poesia. Mas acreditava não saber escrevê-las. Então desenhava o que sentia. E sentia de seu jeito, como de seu jeito era sua própria vida. Matizes cinzas. Reticências, duvidas, degraus de pedras, tardes chuvosas e, muitas vezes, de inverno. Sol mormaçado, chão sedento, paredes caiadas. Lagos ínfimos, rios fracos, lodaçais parados, correntes estagnadas.

Deus era o nicho de santos dentro de casa. E todas as suas perguntas jamais foram respondidas. Careciam da razão dos homens, coisa que não entendia. Por fora o viam bela criança. Por dentro, ele mesmo sabia como lhe era a casa interna, os tropeços. E muitas vezes acordava com a sensação de afogamento meio à escuridão que lhe abraçava inteiro. Era como se ela dissesse-lhe "essa é a sua sorte, valia não tem tentar fugir dela".

E os dias foram transcorrendo desse jeito. Tinha orelhas de abano e pernas tortas. Não conseguiu fazer amigos na escola. Era gazo. Nunca havia conseguido namorar. Gostou de uma moça, mas esta era visivelmente interessada noutro. Não casou-se. Quando a mãe morreu, ficou sozinho na casa. Como sustento, ganhava a vida como ajudante no restaurante da cidade. Era o único que aceitaria ganhar o que o dono do estabelecimento pagava.

Passava em frente à igreja. Mas não fazia o sinal da cruz. Seria pecado diante do que intentaria fazer um dia. Não deram muita atenção quando alguém colocou um anuncio na radio local dizendo que Pedro havia sido encontrado dependurado numa corda, no meio da sala.

Apareceu-me em sonhos. Colocava uma rosa azul ao lado de meu travesseiro em agradecimentos pelos livros que lhe emprestei um dia. Um dia em que eu fazia limpeza no escritório e não tinha para quem dar tanto livro velho e, para mim, imprestáveis.

Cícero contou à sua vizinha que havia sonhado com Pedro. Que este lhe deixava uma rosa ao lado do travesseiro, como agradecimento pelo emprego que Cícero havia dado a ele.

Fiquei imaginando quantas outras pessoas haviam recebido a rosa em sonhos. E acordado sentindo seu perfume no dia seguinte. E sentido que poderiam ter feito mais. Como aconteceu comigo.

LLima
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