SONETO DA CUMPLICIDADE
Lílian Maial
De tanto errar, a boca já não diz
aquilo que o amor precisa crer.
De tanto amar, no peito, a cicatriz
retorce, em corrosão, não deixa ver.
Se o louco é o professor ou o aprendiz,
mais louca é essa paixão, por não saber
que o medo de alcançar o que se quis
devasta esse jardim por florescer.
Portanto, ergue a cabeça e aceita a vida,
entrega o teu destino a esta mulher,
que é tua e, por teu bem, enfrenta a morte.
Estende a tua mão e dá guarida
àquela que é contigo ao que vier,
partilha do teu leito e tua sorte.
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