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cronicas-->Bom senso &(x) deslize -- 22/07/2003 - 19:30 (Renato Rossi) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O bom senso é bom, a expressão já diz: bom senso. Se bom senso fosse um mal, dizer-se-ia mau senso. Também há, mas não se costuma dizer. Não há como negar que o bom senso não raro se mostra chato, birrento, exigente, sem dar chance à uma ou outra distração, um deslizezinho, dos pequenos que seja. Mesmo um deslize destes que todo mundo faz mas que você não se permite, o bom senso cobra.

As armas do bom senso são muitas, todas sem qualquer graça. Começa com a mais chata de todas: a lógica. A lógica é toda certinha, cheia de sentidos, implicações, obviedades. Cheia de certezas e consequências, casos de sucesso, experiências desastrosas, estatísticas.

- Você não sabe que isto vai te fazer sofrer ou pelo menos vai ser um incómodo dos diabos? Você não sabe que atitudes como esta já levaram muitos ao desespero, que isto custa muito caro, que você não pode pagar, que vai fazer mal, que você não vai suportar, que isto, que aquilo?

Bem, se a lógica não lhe convence e você insiste em pensar no deslize, lá está o bom senso e seu arsenal. Se falha a lógica, vem a ética, não raro disfarçada de justiça. Você se acha justo, não? Você não faria nada que fosse ou ao menos parecesse uma maldade para alguém ou para si mesmo. Faria?

- Isto não é ético. Isto é injusto, para você, para fulano, para cicrana. Veja lá o que você vai fazer, não vá prejudicar ninguém. Não seria justo. Você não merece isto.

Se você resiste à lógica e à ética, o bom senso não se dá por vencido. Lá vem ele com ameaças.

- Não, negativo, você não é louco de fazer isto. Você vai se arrepender. Eu prometo.

Nem sequer se dá ao trabalho de enumerar as sanções para que você avalie a relação custo benefício. De antemão, já garante. Você vai se arrepender e se autodesigna o carrasco, justiceiro. Punições diretas, indiretas, físicas, psicológicas, económicas e você logo imagina cinco alternativas de punição para cada categoria. Todas merecidas frente ao deslize que você está imaginando. Dá para arrepiar, só de imaginar.

Muitos desistem aí. Valerá a pena? Tantas sanções por um deslize que nem é tão bom assim?

Ou será? Você avalia.

Mas se você suportar este desgaste psicológico, esta tortura mental que antecede à própria tortura prometida, o bom senso ainda tem um último ardil, um derradeiro artifício: o remorso prévio. Imediatamente o bom senso ativará este sentimento tão sem graça e, mesmo sem cometer o deslize, você já é punido. Uma espécie de amostra grátis.

Ninguém de bom senso ultrapassa esta fase, mas nem todos têm. Ou pelo menos não sempre. Haja bar e boteco para contar as histórias.


Escrito em 21.07.2003
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O autor mantém lista de leitores que recebem suas cronicas assim que são escritas. Para inscrever-se basta enviar mensagem para renato.rossi@terra.com.br
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