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cronicas-->Terapia de boteco -- 18/07/2003 - 23:30 (Renato Rossi) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Embora muitas vezes difamados, os botecos, além de sua função social mais conhecida, têm seu componente terapêutico medicinal, sobretudo no campo dos sentimentos. Há quem diga que os sentimentos já não importam tanto, mas isto é mentira, coisa de quem não tem sentimentos. Nos botecos se operam as maiores curas, incluindo dor de corno e cotovelo, o que é mais ou menos a mesma coisa. Até mesmo unhas encravadas podem encontrar, se não a cura, pelo menos um lenitivo. Refiro-me apenas aos casos mais brandos. Para os demais, recomendo um podólogo.

Já, na questão dos sentimentos, medos, ansiedades, entre tantas outras enfermidades, o boteco é mesmo a melhor solução.

Outro dia um amigo me confidenciou que ao se separar, por algum tempo frequentou alguns botecos. Eu jamais revelaria isto, mas como evitar? Não, nada de bebedeiras memoráveis, estas devem ser dedicadas a novos amores e não aos velhos. Aí é por minha conta, mas acho que não eram sofrimentos insuportáveis nem comemorações desmedidas. Sofrimento moderado, comemoração velada, talvez um pouco de cada, ele parece uma pessoa bem equilibrada.

A frequência ao boteco tinha fins terapêuticos. Lá póde achar conforto na conversa com amigos, a solidariedade generalizada, histórias piores contadas pelo pessoal da mesa ao lado e testemunhos vivos dos garçons mais antigos sobre outros frequentadores. Os mais novos ficavam por perto ouvindo para ter o que contar em casa.

É a chamada terapia de boteco.

Hoje em dia, segundo me confidencia, ele continua frequentando, não mais como paciente, mas agora, curado que está, como voluntário. É quase uma obrigação a que ninguém se furta. Acode a tantos quantos o procuram, com dor de corno ou de dinheiro, saudades da mãe - ocorre muito em Brasília, terra de migrantes - e males menores como crises de identidade, preocupações com a idade, rugas de expressão, celulite e outras besteiras em geral. A todos ouve com paciência.

Isto parece funcionar como uma corrente em que o doente de ontem, apóia o de hoje com seu ouvido e, em alguns casos, pagando a conta.

Se perguntarem, ele por certo negará. Mas eu não estaria contando se não fosse verdade.


Escrito em 14.07.2003
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