Guardo em mim,
O que não sinto na vida,
Um pesar de louco,
A pedra embrutecida do coração
No decanato da dúvida.
Guardo em mim,
Um segredo irresistível,
Uma aventura circense,
Um elefante na gaveta,
O futuro vivo na liga leve desta
Substância invisível
Que tudo faz.
Guardo em mim,
Um texto amadurecido
Na cesta dos dias,
No artesanato apodrecido
Das mulheres nuas
Tidas como artefato
Da construção civil.
Guardo em mim,
Uma veia mística
Do mundo que não vemos
Na escritura pública
Dos ditos e não previstos
Do carpinteiro do universo.
“Substância”
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