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Cronicas-->Orlando -- 17/07/2003 - 22:19 (Renato Rossi) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Os garçons constituem uma categoria muito especial. Povoam bares, restaurantes, e toda espécie de lugares onde se serve comida, bebida e conversa fiada. São bravos trabalhadores do dia e da noite, em lugares simples e também nos mais sofisticados.

Além do dom e disposição para servir, os garçons deveriam receber igualmente o dom da escrita, eliminando assim intermediários. Por certo que um garçom experiente tem milhares de histórias para contar. Casos, acontecimentos, gafes ou simples relatos do dia a dia. As melhores devem ser as da noite. Depois de uma certa hora, o ambiente fica mais quente, mais divertido. Os tipos noturnos também são mais divertidos, se bem que há cada tipo metido em trajes de esporte que fazem o gosto de qualquer cronista, sobretudo os observadores como os garçons.

Outro dia, conversando com um destes, ele reconheceu sentido na minha afirmação e destrambelhou a falar, como se tivesse sido descoberto por um caça talentos. Orlando é seu nome. Antes de entrar nos casos propriamente ditos, fez toda uma classificação dos clientes, incluindo e detalhando os clientes que puxam conversa com garçons. Segundo ele são os piores.

Além de servir, ir e voltar, trazer e trocar, recolher e limpar, os garçons de alguns estabelecimentos são forçados a ouvir os clientes como um psicanalista. Ouvem, à exaustão, fazendo uma expressão de "tou entendendo" ou "é claro doutor". No começo acham divertido e acordam a mulher para contar. Com o tempo e a repetição das histórias, vão criando uma película no ouvido que permite o que chamam de audição seletiva. Ou seja, ouvem apenas quando o cliente pede a conta.

Outro dia, conversando comigo, Orlando não se conteve. Desabafou. Disse que possui trabalhos, publicados no exterior - aqui ninguém dá valor - com estudos completos sobre a taxonomia dos frequentadores de bares noturnos com luz reduzida. Ele se especializou para poder fazer um trabalho completo. Descreve clientes de todos os gêneros, com detalhes assombrosos. Segundo ele, há uma correlação muito marcante entre mulheres que usam roupas com estampas de bichos e o consumo de azeitonas sem caroço. Estas de oncinha, diz ele explicando detalhes de cada estampa. Parece estranho, mas ele acompanhou por mais de quinze anos uma cliente que usava aquele tipo de estampa nas roupas, na bolsa e, naturalmente, no sapato. Sempre segundo Orlando, neste período ela esteve no bar por exatas mil trezentos e cinquenta vezes, consumindo nada mais nada menos que dez mil duzentas e trinta azeitonas. Outras clientes pesquisadas não consumiram sequer um terço da quantidade de azeitonas.

Confesso que fiquei impressionado


Escrito em 16.07.2003
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O autor mantém lista de leitores que recebem suas Cronicas assim que são escritas. Para inscrever-se basta enviar mensagem para renato.rossi@terra.com.br
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