Com tantas dietas,
com magras palavras
a poesia anda suada,
seu corpo molhado
perdeu peso
e ganhou vaidades.
Nestes tempos finos
é preciso cometer a gula,
enfrentar a bula
a cada gole de chá.
Numa frase maldita
maximizar a inquietação,
incomodar o vizinho,
abrir o peito
com palavras pesadas.
Como numa salada russa,
as folhas verdes
são estradas de papel
que terminam no coração,
são sentimentos espremidos
como batatas a serviço
da imaginação.
Por isso,
em cada prato de feijão
sempre haverá farinha,
carne e sonhos.
Poesia a quilo
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