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Cronicas-->AMOR EXISTENCIAL -- 16/07/2003 - 02:13 (DENIS RAFAEL ALBACH) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Amor existencial

Ele não era dela. Ela não era dele e isso já fazia algum tempo. Algum tempo que não se falavam como antes, não se viam nas refeições nem comentavam os assuntos da família. Família praticamente não tinham, visto que moravam em outro hemisfério dos seus parentes. E por tanto adiar é que não discutiam o relacionamento. Ele ainda a amava, ou sentia qualquer coisa que parecesse com amor. Ela também o amava embora não tivesse a mesma paixão do começo. Amavam-se cada um do seu jeito. E o que sentiam um pelo outro chamavam aquilo de amor. Uma vez ele quis se libertar. Ir embora.Pegar suas coisas. Deixá-la. Mas outro impulso foi mais forte.Ele não a abandonaria após longos anos juntos. Ela quis que ele fosse. Na verdade ela insistiu isso várias vezes. Mas ele não foi. E naquele vai e vem que nunca vai e nunca fica, ambos sentiam-se perdidos. Desgostosos da vida.Desgostosos um do outro. Nada tinha sentido. Tudo era nada.
Ele manteve algumas relações extraconjugais. Ela não se forçou a tanto. Ela era tão amarga que se ele não a fizesse feliz, por que outro o faria? Ele tinha um vazio que ela supria. Mesmo distantes e sem comunicação ele não queria perdê-la. Era uma posse, um ciúme, um apego profundo que causava tanta insegurança e uma ferida na sua carência. Ela quis uma vida que ele não deu. Ela quis um amor que ele não quis. Ela quis qualquer outra coisa que ele não conseguiu dar. E por isso ela culpava tudo de ruim que lhe acontecia naquele casamento. E por isso ele pouco ficava em casa para não ter que ouvir sempre as mesmas palavras de reclamação.
Por algum tempo escondido ele teve algumas amantes. Mas nada que fizesse sentir algo por alguma delas. Eram apenas poucas horas sem compromisso e casualmente que aconteciam sem que ele notasse. Não era algo que ele queria. Na verdade ele não queria nada daquilo. Ele não queria aquela vida. Antes de se casar com ele, ela teve, na verdade, inúmeros namorados. Namorou de todas as formas possíveis e com todos os tipos de pessoas na esperança de encontrar alguém que fosse aquele príncipe encantado. Teve namoros que duraram mais de ano; outros menos, meses apenas. Muitos namoros duraram duas, três semanas e ela acabava desistindo porque nenhum homem a fazia se sentir amada como ela buscava. Desistir de vez com um casamento planejado, sonhado, mesmo que desiludido não estava em seus propósitos. Mas foi isso que ela propós naquele fim de ano.
Ano novo.Vida nova. Os dois voltaram a ser sozinhos, solteiros novamente e descomprometidos com qualquer pessoa. As primeiras semanas passaram tranquilas, ainda que doesse aquela separação. Mesmo que tivesse acabado sem amor, nada estava definido. De vez em quando um sentia a falta do outro.
Ela passou a dormir sozinha no restante dos dias. Não que isso fosse diferente de antes, mas sabia que ele não iria chegar de mansinho e deitar-se junto. Ele teve casos; casos banais. Dormiu acompanhado algumas noites. Mas foram relações superficiais. Foi nesses dias de solidão que ambos perceberam que tinham um vazio que o outro poderia preencher e espantar a solidão.Foi aí que viram que estariam sozinhos nos outros dias se não reatassem. E reataram.
Mas nada ficou diferente de antes da separação. Tiveram uma longa e prazerosa noite de amor no dia do reencontro. Foi uma apenas. Depois se trataram como antigos casados sem surpresas, sem empolgação, sem a mesma paixão.
Dois meses após o recomeço perceberam que tudo era muito igual. Ele não se comunicava. Ela também não dizia nada. As afinidades acabavam na primeira discussão. Ele apreciava um bom filme, ela também. Ele elogiava suas pinturas e ela se satisfazia. Mas isso não era suficiente para preencher aquele vazio que eles tinham.
Foi um dia em que aconteceu algo diferente. Ele retornou para casa após o trabalho e encontrou o bilhete em cima da cama do casal que ela havia deixado antes de viajar para outro hemisfério onde moravam seus parentes.Uma mudança.Era isso que ela esperava. Ele teve os seguintes dias em desolação. Ela não lhe mandou notícias. Ele pensou em tantas coisas; no amante que ela podia ter, no amor que ele queria lhe dar, mas deixou para depois. Ela não fez nada de diferente. Ela não tinha nenhum amante.
Algumas semanas depois ela deu o primeiro telefonema.Contou-lhe como estava.Ele disse-lhe tudo que sentia. Ele falou que a amava.Da forma como amava, mas amava. Ela não quis voltar. Ele perguntou se ela estava sozinha. Ela disse que sim. Ele perguntou se ela estava feliz. Ela disse que não. Ele disse que ela fazia-lhe falta. Ela disse que não sabia se sentia o mesmo. Foi ai em que ambos tiveram que se acostumar um sem o outro. Foi aí que ele percebeu que ela não podia lhe dar nenhum sintoma de felicidade. Foi aí que ela percebeu que não era ele quem a fazia infeliz. Foi então que ele notou que ele podia se amar e descobrir o amor em si. Ela refletiu e concluiu que ela podia ser feliz perto ou longe dele. E que o amor nem a felicidade não tinham nada a ver com estar juntos ou separados.
Nesse tempo de descoberta ela lhe disse que já estava tudo bem e que ele tinha sido um personagem muito importante em sua vida e que ela podia o amar. Ele falou que ele estava bem como estava, mas aceitaria o seu amor e pediu-lhe desculpa por não ter percebido antes que o amor e a felicidade estavam tão pertos. Ela chorou quando ele confessou que ela era sua cara metade. Então foi aí que ela disse-lhe que o amava da mesma forma.


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