Depois de dois anos em Recife, finalmente fui ver o carnaval. Primeiro passei por Olinda, onde fiquei impressionado com a invasão da cidade histórica, num vai e vem incessante de fantasias. Mistura de sonhos pelas ladeiras de pedra. Não tenho prática em contagem de público, mas creio que a estimativa das autoridades esteja correta. Chegou perto de cem mil pessoas. Não é exagero afirmar que o carnaval de Olinda seja um dos maiores espetáculos da terra; salvo aqui meu desconhecimento notório por festas populares, principalmente carnaval.
Até então o meu contato com a maior festa brasileira sempre fora pela televisão e alguns desfiles em cidades sem nenhuma tradição. Ao opinar sobre Olinda temo pecar, mas vejo que não sou solitário, sou seguido de milhões que brinca na cidade nesta época. Então...
De Olinda fui ao Recife Antigo, onde não tinha tanta gente, mas a folia estava tão boa quanto. As duas cidades são diferentes. Olinda volta sua festa para a massa, acumulando multidões num só lugar. Já Recife espalha sua festa pelos pólos, onde artistas locais só tocam ritmos regionais. Em Pernambuco existe aversão à música baiana, é uma questão de honra. Valoriza-se o frevo, maracatu, caboclinhos, etc. Axé, Graças a Deus, foi praticamente banido. As prefeituras da região metropolitana jogam pesado contra influências externas, o que nesse caso é positivo.
Ver ao vivo o carnaval pernambucano é gratificante; transcrever esta experiência como se deve é impossível. Ninguém consegue letrar a energia emanada por milhões de almas que esquecem o tempo ruim e extravasar suas dores em dança.
Aqui pretendo levar a ti, leitor, uma vaga idéia do que visualizei hoje, nada mais. Poderia eu passar horas escrevendo sobre os diversos aspectos do carnaval em relação à população, folclore, economia, etc. Creio que teria condições para isso, assim pequeno, mas teria. Porém o meu texto soaria repetitivo pois pessoas bem mais qualificadas que eu escreveram ótimos artigos sobre o carnaval. Mais um, pobre, não acrescentaria em muito. Por isso paro por aqui, além de estar extremamente cansado pelo meu dia de bamba.
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