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Cordel-->A CHEGADA DE LAMPIÃO NO CEU -- 20/06/2000 - 17:50 (GESNER CAPISTRANO LINS DA CUNHA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O GRANDE DEBATE DE LAMPIÃO COM SÃO PEDRO (CHEGADA
DE LAMPIÃO NO CEU)
AUTOR: JOSÉ PACHECO

Para me certificar
da morte de Lampião
arrumei o matulão
e andei pra me acabar
não escapou-me um lugar
do Brasil ao estrangeiro
percorri o mundo inteiro
procurando a realeza
até que tive a certeza
da morte do cangaceiro

Andei nas areias gordas
pilão sem boca e macumba
as ribeiras de cazumba
estas eu remexi todas
passei nas várzeas das poldras
fui a baixa da folia
levei uma companhia
deixei no bico da pata
passei nas brechas da gata
dormi na boca da jia

Fui à serra do cambão
desci na jumenta prenha
mandei Chico Tomás Lenha
no engenho de Felipão
Pindoba de Damião
Fica perto da furada
lá deixei um camarada
caminhei mais uma légua
dormi na baixa da égua
perto da tábua lascada

Depois fui a quizanga
o engenho do seu Melo
subi para o birimbelo
cheguei na chã da munganga
três cacetes de Zé Panga
já fica do outro lado
fui ao cambito quebrado
do rodete de Pinheiro
deixei o meu companheiro
na bargada dum cevado
Passei na chã da risada
desci na fazenda mole
fui à usina do fole
de Bertulina Pelada
segui pela mesma estrada
do alto da geringonça
do tapado do Mendonça
puxei para virador
e mandei um portador
dormir na boca da onça

E atravessei os mares
montado em um planeta
que ao som duma trombeta
vinha descendo dos ares
visitando aqueles lares
terra de santos e fadas
naquela mesma jornada
encostei ao arrebol
cheguei na terra do sol
e na casa da madrugada

Ela me deu um abraço
prestou-me bem atenção
mandou chamar o verão
no reino do mestre espaço
depois chegou o mormaço
e saiu muito vexado
porque estava ocupado
no palácio da manha
tratando da sua irmã
mulher do vento gelado

Continuei a viagem
com boa capa de luva
porque a terra é de chuva
e mora dona friagem
seu palácio era na margem
do rio maior relento
descansei no aposento
da velha seca puxada
nesta noite a trovoada
deu uma surra no vento

No reino da branca aurora
encontrei a brisa mansa
que vinha trazer lembrança
a princesa deusa da flora
a neve naquela hora
em sua alcova dormia
depois o sol lhe surgia
desfazer-lhe do regaço
enquanto pelo espaço
a neve branca corria

Pra saber de Lampião
qual foi a parada sua
subi à terra da lua
escanchado num vulcão
encontrei um ancião
velho, barbado e carcomido
que vinha do fim do mundo
me viu e foi me contando
que viu São Pedro acoitando
um espirito vagabundo

Chegou no céu, Lampião
a porta estava fechada
ele subiu a calçada
ali bateu com a mão
niguem lhe deu atenção
ele tornou a bater
ouviu SÃO Pedro dizer
-Demore-se lá, quem é?
Estou tomando café
depois o vou receber

São Pedro depois da janta
gritou por Santa Zulmira:
-Traz o cigarro caipira
acendeu no de São Panta
vestiu a casaca e veio
abriu a porta do meio
falando até agastado:
Triste do homem empregado
que só lhe chega aperreio

Abriu na frente o portão
ficou com na trave escorado
branco que só um finado
quando avistou Lampião
mas com a trave na mão
não temeu de lhe falar
e disse: - Aqui não se dá
aposento a gente mau
se não quer entrar no pau
acho bom se retirar

Lampião lhe respondeu:
-Não me venha com insulto
você é um santo bruto
que ofensa lhe fiz eu?
e mesmo o céu não é seu
você também é mandado
portanto esteja avisado
se não me deixar entrar
nos vamos experimentar
quem é que tem bom guardado

Você não entre atrevido
S Pedro lhe disse assim
ingresso a quem é ruim
nesta porta é proibido
não sabes que sois bandido
roubador da vida humana?
alma ferina e tirana
coração cruel, perverso!
como queres um ingresso
nessa mansão soberana?

-E certo que fui bandido
perverso, estrompa, voraz
porem quem foi não é mais
é mesmo que não ter sido
mesmo eu sou garantido
por um provérbio que tenho
escrito sobre um desenho
por pessoas elevadas
o qual diz: "águas passadas
não dão volta a meu engenho"

-Não quero articulação
você aqui nada tem
-´´É como você também
lhe respondeu Lampião
é porque do seu patrão
você transmite o mandado
eu tenho visto empregado
sair do trabalho expulso
sem direção sem recurso
por qualquer trabalho errado

Ali falou São Bernardo
que também vinha chegando
-Pedro você está brincando
com esse cabra safado?
vá me chamar São Ricardo
e São Francisco da Penha
diga a S. Tomé que venha
e chame S. Juvenal
traga um pau do quintal
e uma lasca de lenha

S Pedro ergue-se no pés
e disse de cara feia:
-Pra dar num cabra de peia
não precisa oito nem dez
e gritou por S Moisés
-Vamos dar no bandoleiro
saltou no meio do terreiro
até preparar a faca
gritando, quebra uma estaca
arranque um pau do chiqueiro

S Paulo estava no quintal
mas ouvindo a discussão
apertou o cinturão
e botou a faca na cinta
encontrou Santa Jacinta
que já vinha a caminho
e disse a Santo Agostinho
retocando o bigode:
-Arreda que tu não pode
eu pego o cabra sozinho

Porem antes de pegar
desceu um grande corisco
jogado por São Francisco
da porta do quinto andar
num tremendo ribombar
um trovão também desceu
o espaço escureceu
veio um forte pé de vento
Lampião neste momento
dali desapareceu

Poeta tem liberdade
sagrado dom da natura
conforme a literatura
escreve o que tem vontade
também a propriedade
precisa o dono ter
pelo menos vou dizer
se meu espirito não mente
poeta também é gente
também precisa comer.
Colaboração
GESNER LINS Recife PE
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