Usina de Letras
Usina de Letras
54 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62199 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22534)

Discursos (3238)

Ensaios - (10353)

Erótico (13567)

Frases (50601)

Humor (20029)

Infantil (5428)

Infanto Juvenil (4761)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140793)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6185)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cronicas-->Trinta e Um -- 08/07/2003 - 21:43 (Renato Rossi) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A sala estava quase cheia, já havia trinta pessoas e restavam poucos lugares, todos no fundo, nenhum nas pontas. Quando a porta abriu, todos olharam. E ficaram olhando. Ela foi entrando, passou pela frente da sala, tomou o corredor lateral e dirigiu-se até o fundo, procurando um lugar. Não, procurando alguém que a acudisse, alguém com quem trocar um olhar. É o que parecia.

Ilusão.

Todos continuavam olhando, ninguém se desviou, nem poderia. Silêncio, naturalmente, dava para ouvir o barulho do salto. Salto alto, destes que parecem uma perna de pau. Por algum motivo inconsciente ela começou a andar "a la Bundchen", com aquelas passadas de quem vai para a roça, achando que está um charme. Mas bem, a despeito das passadas inconscientes, estava um charme. Todos acompanharam o trajeto desde a porta, passando pela frente da sala, corredor lateral até ela sentar. Pescoços alinhados, acompanhando cada passo.

Terninho da hora, como convinha. Peitos empinados, olhar confiante, sapato de bico fino, destes de matar barata no canto. O terninho, azul, bem cortado, decote generoso, realçava tudo que havia para realçar. Escondia uma que outra coisinha a esconder. Um pouco fica entrevisto, entre a realidade e a imaginação. Deixava ainda algo só para a imaginação - a melhor parte. Uma beleza. Cabelo com escova. Não, perdoem. Deve ser a tal chapinha japonesa. Mas estava bem.

Desproporcional. Trinta olhando para ela e ela sem poder olhar os trinta. Não que não tentasse, mas quando se fixava em algum detalhe, logo tinha a atenção desviada para outro. Por mais experiente, não conseguia dar conta de observar tanta gente. Como fazer tantas observações? Tudo ocorria muito rapidamente. Restava apenas abanar para um e outro e submeter-se à situação, fazendo cara de constrangida por fora, achando a glória por dentro. Na realidade dizem que ela esperou a sala encher para fazer sua entrada triunfal. Saboreava cada um dos olhares, sabia de si. Ou pensava saber.

Dos trinta, vinte cinco homens olhavam de cima para baixo investigando tudo, imaginando tudo. Cinco eram mulheres olhando de baixo para cima, investigando tudo, comparando tudo, empinando o peito, torcendo o nariz, disfarçando caretas. Algumas olhando os olhares dos homens, outras fazendo que não nada viam. Mas viam, com detalhes. Alguns com uma certa cobiça, um ou dois com olhos arregalados.

Não podendo retribuir tantos olhares, sentou. Juntou-se a todos.

Quando a porta abriu novamente, todos olharam. Eram trinta e um olhando. Vinte e cinco homens, seis mulheres.

Escrito em 08.07.2003
___________________________________________________________________
O autor mantém lista de leitores que recebem suas Cronicas assim que são escritas. Para inscrever-se basta enviar mensagem para renato.rossi@terra.com.br.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui