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Poesias-->TRÊS POETAS DA PESADA -- 02/03/2005 - 06:34 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
WLADIMIR OLIVIER

















TRÊS POETAS DA PESADA:



PEDRO, ÁLVARO E CLÓVIS











POEMAS MEDIÚNICOS





“Alegrias inefáveis do céu sem limites, concertos de todas as harmonias, moléculas que repercutem os acordes da ciência divina, calor vivificante de suas impressões sem nome que a língua humana não poderia decifrar, bem-estar novo, renascimento, completa elasticidade, elétrica profundeza das certezas, similitudes das leis, calma cheia de grandeza, esferas que encerrais as humanidades, oh!, sede bem-vindas, emoções previstas, aumentadas indefinidamente de radiações do infinito!”

Lamartine.

(In: Allan Kardec — Revista Espírita. Jornal de Estudos Psicológicos. Trad. de Júlio Abreu Filho. [s. ed.], São Paulo, EDICEL [s.d.] — Décimo segundo ano, abril de 1869, p. 118. Sociedade Espírita de Paris, 14 de março de 1869. — Médium: Sr. Leymarie.)









Edição da CASA DO MÉDIUM



Rua Cinco de Julho, 1184

Indaiatuba — SP



ÍNDICE



PEDRO

1. Para dar início .................................. 5

2. Invocação a Jesus ................................ 5

3. Aniversário de casamento ......................... 5

4. Um pouco de paz .................................. 5

5. Oportunidade perdida ............................. 6

6. Tola preocupação ................................. 6

7. Sem concessões ................................... 7

8. Projeto de felicidade ............................ 7

9. Projeto frustrado ................................ 7

10. Sonetinho ........................................ 7

11. A saída .......................................... 7

12. Uma rima dos velhos tempos ....................... 7

13. No popular ....................................... 8

14. A promessa ....................................... 8

15. A conversão ...................................... 8

16. Creio, logo rezo ................................. 8

17. A lição .......................................... 8

18. Reflexão dolorosa ................................ 9

19. Vontade de ser útil .............................. 9

20. Conversa virtual ................................. 9

21. Tentáculo ........................................ 9

22. Pequeno atrevimento .............................. 9

23. Ênfase ao entusiasmo ............................. 9

24. Sem fantasia ..................................... 10

25. Uma forma de justiça ............................. 10

26. Descortinando os horizontes ...................... 10

27. Pedindo pelos irmãos ............................. 10

28. Pense nisto ...................................... 10

29. Atenção! ......................................... 10

30. Inteligente dedução .............................. 11

31. Obrigação como qualquer outra .................... 11

32. Reclamos e proclamas ............................. 11

33. O fruto dos estudos .............................. 11

34. Lágrimas escondidas .............................. 11

35. O exemplo vem de cima ............................ 11

36. Leia O dicionário ................................ 12

37. Sorria, irmão! ................................... 12

38. Amai e instruí-vos ............................... 12

39. De calça e culote ................................ 12

40. Por que não? ..................................... 12

41. Conselho de amigo... ............................. 12

42. Senhor, presente! ................................ 13

43. Apelo em nome de Jesus ........................... 13

44. Um dia de plena felicidade ....................... 13

45. Prece de carente ................................. 13

46. Seja um colaborador poético ...................... 13

47. Relax ............................................ 13

48. Considerações pertinentes ........................ 14

49. Em ascensão ...................................... 14

50. Combinando as emoções ............................ 14

51. Ao meu irmão contrariado ......................... 14

52. Refeição ligeira ................................. 14

53. Com destemor ..................................... 14

54. Saúde, irmão! .................................... 15

55. Com alguma dificuldade ........................... 15

56. Temerária indução ................................ 15

57. Acima da capacidade .............................. 15

58. Ir-e-vir ......................................... 15

59. A verdade deve ser dita .......................... 15

60. Na esteira da verdade ............................ 16

61. Em dois tempos ................................... 16

62. Todo o tempo ..................................... 16

63. Suprema consolação ............................... 16

64. Quem segue comigo? ............................... 16

65. Momento de felicidade ............................ 16

66. Ameaçando chorar ................................. 17





ÁLVARO

1. Lembrando Antero de Quental ...................... 19

2. Esperançoso plantio .............................. 19

3. Segura perspectiva ............................... 19

4. Exame de consciência ............................. 19

5. Eu melhorei mas os versos... ..................... 19

6. O poeta se anima ................................. 19

7. Dolorosas reminiscências ......................... 20

8. O despertar da consciência ....................... 20

9. Quem segue com Jesus... .......................... 20

10. Envolvendo os leitores ........................... 20

11. Amenizando a trova ............................... 20

12. O nó sempre chega ao pente ....................... 20

13. Desejando ser simples ............................ 21

14. Revelando segredinhos ............................ 21

15. A ver navios ..................................... 21

16. Projetos e anseios ............................... 21

17. Seriedade na brincadeira ......................... 21

18. À mariposa basta a vela .......................... 21

19. No etéreo também se luta ......................... 22

20. Sem inveja ....................................... 22

21. Quem me dera... .................................. 22

22. Para sermos agradecidos .......................... 22

23. Triste peregrinação .............................. 22

24. Animismo puro .................................... 22

25. Sem censura ...................................... 23

26. Para refletir .................................... 23

27. O convite ........................................ 23

28. A melhor prece ................................... 23

29. Coração apertado ................................. 23

30. Defendendo a prole ............................... 23

31. Válido para mim também ........................... 24

32. Coração de leão... ............................... 24

33. Lição perene ..................................... 24

34. Uma questão de momento ........................... 24

35. Olhando para trás ................................ 24

36. Adeus ............................................ 24





CLÓVIS

1. Primeiro arremesso ............................... 26

2. Um pouco mais .................................... 26

3. Objetivos declarados ............................. 26

4. Uma escolha difícil .............................. 27

5. O meu aceno ...................................... 27

6. Recomendações gerais ............................. 28

7. Advertências ..................................... 28

8. Mania de grandeza ................................ 29

9. Com um nó na garganta ............................ 29

10. Forma e conteúdo ................................. 30

11. A inveja ......................................... 30

12. A preguiça ....................................... 31

13. A luxúria ........................................ 31

14. A ira ............................................ 32

15. A gula ........................................... 32

16. O orgulho ........................................ 33

17. A avareza ........................................ 33

18. Mudando a temática ............................... 34

19. Qualidades imprescindíveis ....................... 34

20. Atenção ao conteúdo! ............................. 35

21. Não sei o que faria sem ti ....................... 35

22. Eu só venho até aqui ............................. 36







PEDRO



1. Para dar início



Não temos muita coisa p’ra dizer

Senão que é muito simples o ditado.;

Mas, se ficar o médium preocupado,

Cumpriu, de sua parte, o bom dever.



O dia, quando é breve, está marcado

Por algo muito pobre, sem poder.

Então, tal compromisso nos faz crer

Que o bem que ele nos faz é mui de agrado.



Por isso, construímos estes versos,

A demonstrar que estamos já imersos

Nos hábitos dos textos melodiosos.



Se as rimas pecam muito por singelas,

Aos poucos ficarão conforme aquelas

Capazes de trazer-nos doces gozos.







2. Invocação a Jesus



Em nome da esperança é que componho

Apenas um soneto a cada dia.

Nem tudo o que trouxer é só poesia,

Mas nada que ditar vai ser tristonho.



Assim, a rima agora é de alegria,

Que o bem do meu leitor é com que sonho.

Embora o termo venha a ser bisonho,

O sentimento é lindo e se irradia.



Olhai por mim, Senhor, neste começo

E dai-me confiança no trabalho.

Fazei com que se saiba ver no avesso



O mal que o verso tange, se atrapalho.

Que o belo valha mais em vosso apreço,

Que as bênçãos são as mesmas, quando falho...







3. Aniversário de casamento



Tantos anos são passados

E o seu amor mais se estreita:

A vida trouxe cuidados

Que a felicidade aceita.



A família diminui,

A casa parece imensa.;

Se a filharada reflui,

Haja frutas na despensa.



A compreensão desta rima

Pouca gente alcançará:

Trinta e seis anos no clima

É quanto o casal está.



Quando um pensa, o outro faz,

Sem hesitar, sem temer,

Neste ambiente de paz,

De perene bem-querer.



Pedimos ao guardião

Que nos ajude na prece:

Jesus vem ao coração

De quem amor favorece.



Senhor, olhai pelos dois

Que se uniram em vosso altar.

Irão juntar-se depois

Que a vida os abandonar?



Se a felicidade existe

Nos páramos cá do etéreo,

Não seria muito triste

Ficar preso no mistério?



Hão de seguir a jornada,

Companheiros no porvir,

Sem lhes faltar quase nada,

Núria, amor e Wladimir.







4. Um pouco de paz



Esplêndida mansão, minha morada,

Nos pegos cá do etéreo, é o sofrimento.

Mas como faço eu, que muito agüento?

Eu penso que o tormento é quase nada...



É quando vejo as almas que mais lento

Se torna o desespero que arrecada

O coração, em dores na jornada,

Na busca de lhes dar ao mal fomento.



Depois que alguém se eleva e se redime

Dos males praticados lá na vida,

Meu peito se intumesce e vê que o crime



Também teve perdão.; mas me intimida

O receber apoio tão sublime

Do mestre, quando à prece me convida.







5. Oportunidade perdida



Quando cheguei cá no etéreo,

Trouxe um problema mui sério,

Difícil de resolver:

Eu queria que meu filho

Ouvisse o meu estribilho,

Para cumprir seu dever.



Mas o tempo foi passando

A perguntar-me: — Até quando

Estarei interessado? —,

Pois meu querido pimpolho

Não abria nunca o olho

Para as coisas deste lado.



Um dia, estive num centro,

Mas não cheguei a estar dentro,

Barrado que fui na porta.

Para entrar necessitava

Saber a senha da trava,

Mas minha idéia era torta.



Isto faz bastantes anos.

Foram tantos os enganos

Que eu me senti compelido

A ficar sem dar o troco,

Metido em rude bioco,

Com o bem não resolvido.



Se tivesse competência,

Teria tido a prudência

De procurar a Escolinha.

Talvez não fizesse versos,

Mas não veria dispersos

Os amores que mantinha.



Importância não tem mais,

Porquanto já estou em paz

E me ponho a bendizer

As dores que sinto ainda,

Porque sei o quanto é linda

A força do bem-querer.



Agora escrevo à vontade,

Pensando que alguém se agrade

E se ponha a meditar

Que a morte é sempre um sufoco,

Quando não se tem o troco

E se está longe do lar.







6. Tola preocupação



— Posso fazer um versinho,

Para demonstrar carinho

Ao mestre que nos ensina

Com tanta sabedoria,

Sem talvez ou todavia,

Os roteiros da doutrina?



— Pois faça logo e eu repondo,

Fazendo um verso redondo,

Agradecendo o elogio.

Mas pense que o seu leitor

Não está ao seu dispor,

Pois tem pressa: desconfio.



— Eu só queria saber

Se, ao cumprir o meu dever,

Vou progredir na jornada.

É que são tantas as cousas

Que eu me pergunto: “Pois ousas

Querer crescer por um nada?”



— Pois eu digo ao bom aluno

(Ensinamento oportuno)

Que tudo quanto se faz,

Se o pensamento for bom,

Se o sentimento dá o tom,

O progresso vem em paz.



— Quero saber mais um pouco:

Por que o povo, estando louco,

Desafia o Criador?

Basta pensar um segundo

Para conhecer que o mundo

Não foi fácil de compor.



— Tem razão, meu caro amigo:

Assim eu trago comigo

A mesma aflição e medo.

Mas, também, penso que a glória

Há de estar além da História.

É por isso que hoje é cedo.



— Uma questão mais e paro:

Não me parece estar claro

Que o povo que sofre e chora,

Ao chegar aqui no etéreo,

Vai compreender o mistério,

Se o amor a Deus demora.



— Cada qual deve entender

Que tem nas mãos o poder

De subir para o mais alto.

O que não existe nunca

É sair dessa espelunca

Para o Reino, dando um salto.



— Mas não existe esperança,

Já que o mal também avança,

Envolvendo todo o povo?

Quem se deixa ir aos trancos

Vai morrer junto aos barrancos:

Vai ter de viver de novo.



— Veja bem que Você fez

A questão, além da vez

Que reservou p’ra parar.

Do mesmo modo, o Senhor

Permite ao mau recompor

Os estragos desse azar.



Deus é pai mui rigoroso:

Não vai permitir o gozo

Do Paraíso celeste

A quem fez a Allan Kardec

Um simples salamaleque,

Mas disseminou a peste.



Não me perguntou Você,

Então questiono se vê

Um futuro negro à frente,

Sabendo que Jesus Cristo

Fez bem mais, conforme insisto:

Seu amor foi pela gente.



Faça o bem e deixe o povo

Que reencarne de novo,

Se assim for o seu destino.

Ao orar, peça por todos

E se esqueça dos apodos:

De Jesus esse é o ensino.







7. Sem concessões



Previne-se o poeta e favorece

A compreensão do tema pela rima:

Se os termos que utiliza o bem sublima,

Termina esta balada em bela prece.



Ao Pai sustenta o instante em nobre clima,

Para colher dos frutos desta messe,

Propondo que o leitor mais se interesse,

Por resolver as tramas que colima.



Aos poucos, já define o melhor texto,

Na busca do perfeito em seu assesto,

Conquanto algo não possa transgredir,



Pois, se, ao compor, o simples não fatura,

Ao menos, a intenção há de ser pura,

Que o lucro vai dispor no devenir.







8. Projeto de felicidade



O mundo que imagino superior

Não é o que na Terra idealizava:

Minh’alma dos desejos era escrava.;

Agora tenho planos para o amor.



Jesus no coração me pôs a trava

Que me impediu de agir com mais rancor.

Os seus ensinamentos vou dispor,

Sem me queimar nas cinzas dessa lava.



A realidade aqui é mais premente

E obriga a respeitar a toda a gente,

Na comunhão do bem desta doutrina.



A morte interrompeu a tal batalha,

Mas não me deu da vida idéia falha,

Que a dor que não arrasta nos ensina.







9. Projeto frustrado



Estive a meditar e projetei,

P’ra esfera a que se vai logo em seguida,

O meu roteiro novo, em nova lida,

Querendo pertencer a outra grei.



O mestre me vetou a tal saída,

Dizendo que fugir da eterna lei,

Ainda que me adiante, jamais hei,

Que devo respeitar a antiga vida.



O grupo dos amigos e parentes

Deve seguir comigo na existência:

— Cogitas que só tu é que pressentes



Que a vida noutra esfera é superior?

Pois sabe que, ao reter essa ciência,

Precisas que haja paz e muito amor.







10. Sonetinho



Serenei o coração,

Para poder trabalhar.

Mas, se alguém me disser: — Não! —

Vou deixar este lugar.



A intenção é quase tudo

Para a alma da mensagem:

Se o belo me deixa mudo,

Prefiro a forma selvagem.



Deste modo, é despautério

Vir decifrar o mistério

De simples alma penada.



Um sonetinho sem jeito

Vai deixar-me satisfeito,

Pois é melhor do que nada.







11. A saída



Por ter sido convidado,

Pus-me a ler muitos poemas.

Só dos meus já não me agrado:

Ficaram, no fim, algemas.



Quis fugir do compromisso

Mas era tarde, afinal.

Procurei o de mais viço:

Fenecera.; estava mal.



Então bolei a saída,

Já que tudo em minha vida

Não resolvera a contento.



Quem sabe o povo que ler

Tenha o perdão por poder

E neste posto me agüento!...







12. Uma rima dos velhos tempos



Era tarde, realmente:

Não pude voltar atrás.

Não diga o leitor que mente

Quem veio em busca de paz.



Mas, se julgar haver mérito

Na idéia que deixo aqui,

Não precisa abrir inquérito:

Eis o bem que prometi.



Um abraço e me despeço,

Porquanto tive sucesso

Nas rimas que hoje deixei.



Se fizer um pouco além,

Será p’ra dizer também

Que Jesus é o nosso rei.







13. No popular



— Um soneto e vou-me embora! —

Quer escrever Wladimir.

Depois é ele quem chora

Por mais nada aqui ouvir.



No entanto, a hora é chegada:

Logo vou deixar o posto.

Por não me ocorrer mais nada,

Quase morro de desgosto...



É que é tanta esta fraqueza,

Debilidade infernal,

Que, ao chegar junto a esta mesa,

O verso é que me faz mal.



São tão poucas as virtudes

Que trago no coração!

Por isso, causo inquietudes

Nos gajos que aqui estão.



Do mesmo modo que as rimas,

São ruins os pensamentos.

Não sei por que tu me estimas,

Se os versos são sonolentos.



Reli os versos antigos

Dos companheiros da escola:

Armadilhas e perigos,

P’ra quem agora decola.



Mas vou melhorar aos poucos,

Pois não são ouvidos moucos

Que faço às rimas alheias.

Vou buscar noutro lugar

Conceitos com que montar

As trovas das tais mancheias...







14. A promessa



Saltei de banda, seu moço,

Que uva passa sem caroço

Não entope os intestinos.

Vim trazer a trova minha,

Do modo que a moda tinha,

Nos tempos dos meus destinos.



Você pode evoluir

No reboque, Wladimir,

Que as coisas faço assim mesmo.

Fui caipira e tenho orgulho:

Se quiser, faço barulho,

Porque nada sai a esmo.



Vou voltar, pode estar certo.

Mantenha o canal aberto,

P’ra me receber de novo.;

Três sextilhas, talvez mais,

P’ra mostrar noções gerais

De Espiritismo p’ro povo.







15. A conversão



Perdi-me, certa vez, pelo caminho

E vim bater à porta da Escolinha.

Minh’alma estava triste, sem carinho,

Enquanto o coração crença não tinha.



O mestre percebeu-me o desalinho

E deu-me algum trabalho, pois, azinha,

Elaborou a prova, o bom padrinho,

Sabendo de antemão a dor que vinha.



Bem no começo, fiz o que pedia,

Desconfiado do proveito alheio,

Pensando desleal essa harmonia,



Produto do labor, ferrenho freio,

Conforme o tal abuso parecia,

Mas tanto foi o amor que agora creio.







16. Creio, logo rezo



Senhor, vos peço agora, em prece compungida,

Que olheis por todos nós, fazendo-nos felizes.

Bem sei que Jesus Cristo a nós deu diretrizes,

Para fazer do amor a base desta vida.;



Mas temo que o imperfeito está a criar raízes

No coração da gente, ao mal dando guarida.

O corpo é o que se tem e aos gozos nos convida:

Preciso é resguardar a mente dos deslizes.



Os anjos enviai.; as luzes acendei!

Que o pranto e a nostalgia afoguem nossa lei

De tudo aproveitar em detrimento alheio!



Oferecei a prova a quem ainda hesita

E aliviai a dor da alma muito aflita!...

Assim eu peço a vós, porquanto eu hoje creio!







17. A lição



Na angústia dos meus versos, deixo a marca

Da dor com que ofendi meus semelhantes.

Neste momento, estou melhor que antes,

Mas o meu sentimento o mal abarca.



Pretendo descrever os fortes guantes

Com que me aprisionei nessa fuzarca

De ver quanto vigor a alma encharca,

Se nega os bens supremos aos errantes.



Mas o meu mestre insiste que preciso

Deixar, na fé vivaz desta empreitada,

A clara notação do meu juízo,



Porquanto um pensamento, um quase nada

Que se deixe escapar ao nobre aviso

Reforçará meus danos na jornada.







18. Reflexão dolorosa.



Anoto, pois, o triste desperdício

Dos versos que transponho cá do etéreo,

Querendo gracejar mas sendo sério,

Que a liberdade é mais que simples vício.



O dia em que abalei p’ro cemitério

Foi de regalo, enfim, no justo auspício,

De me livrar do corpo, esse estrupício

Que me amarrou a alma, sem critério.



Assim é que pensava quando vivo,

Descrente do poder da mente sã,

Conquanto sempre fosse criativo



E a vida se mostrasse campeã.

Agora, os companheiros com que privo

Me dizem que eu perdi a fé cristã.







19. Vontade de ser útil



Envolto nas penumbras, cá cheguei,

Tristonho por perder da vida a fé,

Descrente, não sabendo como é

Que aplica a natureza a sua lei.



Sentia o sofrimento dum galé,

Sem perceber o que fizera à grei.

Se, então, soubera o quanto agora sei,

Agradecia ao Pai a dor até.



Num ápice, escrevi a simples rima

Que dito agora, sem qualquer pressão,

Porquanto não me empenho em obra-prima,



Bastando para mim que um coração

Dedique a este irmão suave estima.

O mais corre por conta do perdão...







20. Conversa virtual



Não tenho pretensões a ser poeta,

Mas devo de esmerar-me em cada linha,

Senão, para que serve vir azinha,

Se engano sobre engano se acarreta?!...



O texto que o leitor jamais alinha

Às leis do conviver e não afeta

Os rudes sentimentos sem dieta

Não vai deixar os dons nem na entrelinha.



Por isso me preocupa o pensamento

De estar a solfejar sobre a poesia,

Dizendo o meu leitor: — Não mais agüento



Ficar a repetir, sempre vazia,

A trova, que não traz p’ro meu sustento

Um simples gesto bom, gozo e alegria.







21. Tentáculo



Empenho-me em fazer esta poesia

De forma que se entenda o velho tema

Do pomo que dispomos, sem problema,

No dito lugar próprio p’ra alegria.



Alguns vão duvidar que quem blasfema

Também possa gerar a melodia,

No trato da doutrina, que se alia

Ao belo, nesta forma de poema.



Assim, vou capengando, em pobre rima,

Embora literário este soneto,

Que é tudo quanto alcanço e se sublima,



Sem nunca suspeitar esteja preto,

Pois, no bazar dos versos, obra-prima

É como ser de pau o tosco espeto.







22. Pequeno atrevimento



Agora que já fiz o meu retrato,

Talvez pudesse dar-te um bom conselho,

Se for do teu agrado olhar no espelho,

A refletir também em cada ato.



É que as quimeras sempre dão de relho

Nas costas do infeliz que desacato.

Também, por que não busco quem, pacato,

Se dê, sem aflição, ao destrambelho?!...



Porém, sem afligir-se e sem cuidados,

Não pode evoluir ninguém no mundo,

Nem mesmo os companheiros destes lados,



Porquanto a descoberta, lá no fundo,

Dos vícios e dos erros incrustados

É fundamento, é tese, é bem fecundo.







23. Ênfase ao entusiasmo



Não posso definir minha postura

Como a resolução do teu problema:

Se tens o compromisso do poema,

Talvez busques compor com forma pura.



A mim, me basta sempre que o meu tema

Se ponha simplesmente, sem fartura,

Cumprindo que minh’alma mais segura

Se sinta neste evento.; e nunca trema.



Assim, a descrição que leva a palma

Se faz de modo lógico e sublime,

Enquanto o professor também se acalma,



Sabendo qual palavra dar que rime,

Agradecendo ao Pai o ardor da alma

Que faz com que o leitor logo se anime.







24. Sem fantasia



Estive a visitar alguns amigos,

No intuito de saber como é que vão.

Enorme foi a minha exultação,

Por ver que se livraram dos perigos.



Pensava que devia dar a mão,

Segundo os usos dos irmãos antigos,

Que ofereciam perenais abrigos,

No aguardo que viesse a salvação.



As coisas transformaram-se no etéreo:

O trabalho ficou bastante sério,

No envolver do socorro benemérito.



O estudo do Evangelho é de rigor,

Temperado com fé e muito amor,

Ao dar-se da verdade o justo inquérito.







25. Uma forma de justiça



Não trago o pensamento muito firme

Nem ouso comentar o meu tormento:

Os gozos cá no etéreo que acrescento

São poucos e só fazem reduzir-me.



Procuro não sorrir de forma triste,

Que é muito o meu sofrer por este empenho.

Por isso, diz meu mestre que hoje tenho

Os meios de mostrar que amor existe.



Mas como progredir estando preso

Nas malhas duma vida de desgraças,

Promessas que rompi, ao ver, surpreso,



Que males praticava nas devassas,

Por força do mister, sem contrapeso,

De promotor, no tribunal das massas?!...







26. Descortinando os horizontes



Supremo desperdício este poema,

Que prima pelo inócuo da forma.

Mas tenho de cumprir do verso a norma,

Pois tudo quanto faço não se extrema.



Por isso, recomendo uma reforma

No texto dessa vida, se o teorema

Não vem p’ra estimular um novo tema

E o gajo com tão pouco se conforma.



Ouvir Jesus nas vozes de Kardec

Será a solução aberta em leque,

Se houver merecimento nos estudos.



E praticar o bem de forma justa,

Que é quando o sacrifício não nos custa,

Por mais que os sofrimentos sejam rudos.







27. Pedindo pelos irmãos



Nas asas deste amor em que me exalto,

Eu oro pelo bem dos companheiros

E ponho, lá no fim, sempre os primeiros,

Pois sei o que fazer p’ra estar mais alto.



Preciso demonstrar aos pioneiros,

A quantos queiram dar o mesmo salto,

Que, de virtude, embora, estando falto,

O coração se aquece nos aceiros.



Assim, vou aprendendo com a rima,

Que obriga à disciplina do pensar

Que é forte dos mentores sua estima,



Que a escola se transforma em doce lar,

Ao resumir, no verso que me anima,

O amor do Pai, em métrica sem par.







28. Pense nisto



Preciso inaugurar a melhor norma

Dos versos que manejo tão sofríveis,

De modo que me eleve a outros níveis,

Pois perfeição exige tema e forma.



Aos meus leitores mostro quão horríveis

Se fazem os que nunca, nem pro forma,

Permitem que se ocupe a plataforma,

Para que se declarem insensíveis.



Por isso é que me esforço e dou de mim,

Na busca que surpreende o que é ruim,

Para mostrar ao povo como exemplo.



Então, construo o verso e deixo em branco

A parte da doutrina, pois sou franco,

E apenas uns conselhos cá contemplo.







29. Atenção!



Estágio evolutivo é o do momento

Que passa, de repente, e nunca volta.

Se temos protetores como escolta,

Então, é mais depressa o nosso alento.



Eu mesmo já provei que muito agüento.

Por isso é que minh’alma, sem revolta,

Das dores e das crises já se solta,

Sabendo que o futuro é menos lento.



Assim deve pensar o bom leitor,

Nos transes mais dramáticos da vida,

Convicto que o bom Pai é puro amor.;



Que o mal, quanto mais cresce, mais convida

Ao verso pessimista, que, ao compor,

Estraga o nosso dia e o bem liqüida.







30. Inteligente dedução



Não quero aborrecer o companheiro

Nem deverei criar-lhe um empecilho,

Porém, se nestes versos nunca brilho,

Não vou dar força alguma ao que requeiro.



Assim, é bom fazer este estribilho,

Como se fosse a luz, o bem primeiro,

A jóia imaculada que peneiro

Na ganga excelsa e pura que partilho.



No entanto, sendo frágil o poema,

Retrato sem retoques de minh’alma,

Que o coração, na lide, não retrema



E diga quanto é bom agir com calma,

Pois o perdão é bem de paz suprema

E até o menor dos versos leva a palma.







31. Obrigação como qualquer outra



Dedico-me ao mister desta poesia,

Sabendo muito bem que vou falir:

O povo, como pensa o Wladimir,

Suspeita que melhor outro faria.



Mas como me preocupa o devenir,

No rumo em que encontramos a harmonia,

Não posso desleixar, nem por um dia,

Que o mal será maior, se distrair.



Roteiro em que me empenho e que consagro,

O texto vai fluindo alegremente,

Em ânsias de servir, embora magro,



Que a vida é para o povo bem mais quente,

O que me faz compor o bem que flagro

E deixe de anotar o inconseqüente.







32. Reclamos e proclamas



Tivesse mais vergonha em minha cara,

Iria pôr no saco esta viola

Imprópria p’ra soneto ou barcarola,

Que a rima nem assim o mal mascara.



Mas como o que pretendo não me isola,

Pois muitos me acompanham na seara,

Atiço o verbo e nutro, a mente clara,

As doces esperanças duma esmola.



É tudo quanto peço ao bom leitor,

Mas não p’ra mim, que tenho o compromisso

De colocar o texto ao seu dispor.



O bem que solicito é mais que isso:

É dedicar serviço, paz e amor,

A cada irmão com alma em rebuliço.







33. O fruto dos estudos



Estive meditando sobre a vida

E pude compreender o quanto é séria,

Agora, porque, antes, a miséria

Apenas permitia rude lida.



Enevoada a vista, o mal convida

E o pobre, a desandar, julga ser léria

O transcender vital dessa matéria

E cumpre o seu roteiro de batida.



No etéreo, a calma o bem da dor resume

E dá às criaturas compreensão,

Por mui pequeno seja o dom do lume



Que aclare p’ra doutrina o coração:

Um pouco só de amor fará volume,

A ponto de chamar o mau de irmão.







34. Lágrimas escondidas



Não tenho de rezar pela cartilha

Daqueles que me pedem por ajuda:

No etéreo, a tal doutrina se transmuda

E o bem ganha os recursos da partilha.



É que ninguém se opõe a quem estuda

O que lhe representa a dor na trilha

Que tem de percorrer, se se enrodilha

Nos males de uma vida cabeluda.



Responsabilidade, irmão, requer

Que o sofrimento impere, se fizer

Dos dons e predicados desbarato.



É claro que lastimo o sofrimento,

Mas oro, para ver o quanto agüento

Cumprir o meu papel no anonimato.







35. O exemplo vem de cima



Entendo que a poesia há de ser leve

No trato dos problemas das pessoas:

É certo que nem sempre são tão boas,

Mas todas têm o amor deste que escreve.



Por isso é que sei bem que me perdoas,

Ó tu que queres seja para breve

O término da trova, porque deve

Ser mui gentil quem sai nestas garoas.



Entendo, como norma cá do etéreo,

Que o tema deva ser preclaro e sério,

Ficando as tais figuras de reserva.



Por isso, ao chuviscar por sobre a rima,

Agita-se o poeta e mais se anima,

Pois o leitor sensível não se enerva.







36. Leia O dicionário



A mariposa gira em torno à luz

E acaba chamuscada, infelizmente.

O que se pede ao bom é que se agüente,

Sem nunca se encostar em vis tabus.



Espero que aos meus versos se acrescente

A história deste amigo e sua cruz,

Que esteve cai não cai, porém, Jesus

Correu a socorrer-me, mui paciente.



Não sei se misturei as concordâncias

Mas posso lhe afirmar que estou inteiro.

É claro que é melhor não ter mais ânsias



Mas é por teu perdão que bem requeiro:

O texto em prosa tem mais elegâncias.;

O tema em verso vem bem mais matreiro.







37. Sorria, irmão!



Costumo compor versos de improviso,

No entanto, as rimas saem meio capengas

E faço ouvidos moucos às perlengas

Que logo se constroem, se for preciso.



— Tu te divertes muito quando arengas,

O que é sinal de falta de juízo.

Será que os anjos, lá no paraíso,

Se dão às mesmas fúteis lengalengas?



É bom se divertir, mesmo em tom sério,

Pois que ficou lá longe o cemitério

E o riso aqui demonstra ser feliz



Aquele que tem pouco sofrimento

E diz, de modo alegre: — Eu já me agüento,

Seguindo de Jesus a diretriz.







38. Amai e instruí-vos!



Exerço vigilância sobre a glosa,

Conforme prescrição do professor.

O que deve esperar do meu compor

O amigo que me lê e já se entrosa?



O dístico da lei do mais amor,

Aquele que o progresso ajusta e dosa,

Está no coração, em verso e prosa,

De quem vem com seu jeito acolhedor?



Então, há de saber que o doce ensino,

Além de receitar que esteja alerta

O gajo para o assédio clandestino,



Também deve de orar p’ra descoberta

Dos males que se ocultam, mas com tino,

Que assim há de fazer a coisa certa.







39. De calça e culote



Resisto à pretensão doutra poesia

E nego provimento ao teu pedido.

Então, hás de dizer-me: — Pois duvido

De que não vais compor a melodia...



Eu corro ao meu baú onde, perdido,

Encontro este soneto sem valia,

E volto esbaforido, pois iria

Deixar rude impressão de desprovido.



E dito devagar que a rima é pobre,

No agudo som das quadras sem resgate.

Mas sempre é bem melhor que o verso sobre



Do que deixar um tolo disparate,

No fim: que o sino soe e não que dobre,

Que é de alegria a rima do arremate.







40. Por que não?



Nas ondas da poesia eu já navego

E faço os meus sonetos com primor,

Distante, é bem verdade, de compor

As obras que darão mais luz ao cego.



Mas, quando o texto é feito sem rancor,

P’ra trás há de ficar meu reles ego,

Que o bem, nesta estrutura, descarrego

E peço, em prece doce, o dom do amor.



Serenos, os parceiros dão-me ajuda,

Para dispor as rimas do pasticho,

De forma que o ruim logo transmuda



E pouca coisa vai parar no lixo.

Assim, aguardo a tua bênção, Buda,

Lembrança zen da rima que capricho.







41. Conselho de amigo...



Entre os do etéreo, o fato é conhecido.;

Entre os mortais, se sabe quase nada,

Que a divisão do pessoal agrada,

Porque se dá de acordo, em bom sentido.



Aí na Terra, o povo diz: — Duvido! —

E fica a suspeitar desta empreitada,

Porque tal gente foi acostumada

A dar jeitinho em casos de ruído.



Então, deve esperar a plebe a hora

De se juntar àqueles com quem vibra.

E, se disser com dor: — Nossa Senhora! —,



É que estará tremendo e já sem fibra.

Depois de muito tempo — atroz demora —,

Com fé, com paz e amor, se reequilibra.







42. Senhor, presente!



Aguardo com paciência o meu momento

De vir ditar as trovas que elaboro.

Nem sempre o resultado é mui sonoro

Mas serve p’ra exprimir o meu lamento.



No entanto, qual nos céus o meteoro

Passeia sem mostrar açodamento,

Eu mesmo tal penar jamais sustento,

Porquanto as qualidades aprimoro.



Ao adentrar a esfera rica em ar,

Acende-se o projétil que decai

E brilha por instantes a bordar



De luz o firmamento, sem um ai.

Assim, eu quero ser ao versejar:

Fagulha, em breve prece para o Pai.







43. Apelo em nome de Jesus



Descaem as bênçãos do Senhor, meu Deus,

Favorecendo a vida de quem crê.

Espero que esse alguém seja Você,

Que vou contar entre os amigos meus.



Não há razão p’ra perguntar: — Por quê? —,

Quando se sabe não haver ateus

Entre os da Escola, ainda que plebeus,

Porquanto aqui sempre se ouve e vê.



Por isso, amigo, não se esqueça mais

De que Jesus resplende em puro amor

E a todos roga preces especiais,



Em simples termos de gentil compor,

Dizendo ao povo: — Vós que tanto orais,

Pedi ao Pai um mundo superior.







44. Um dia de plena felicidade.



Não quero aborrecer-te com meus versos.;

Também não posso dar-te a melhor rima.

Fica contente, pois, com minha estima

E vê se esquece os metros tão perversos.



Aí, a turma toda mais se anima,

Ao ver que simples são os sons diversos

Em que todos os temas vão imersos.;

E mui se alegra e ama quem não prima.



Assim quisera Deus que o mundo todo

Viesse festejar com este autor,

Sem nunca recordar-se dum apodo



Que possa desfazer o meu compor:

Nem sempre cá se encontra um bom rapsodo,

Conquanto, em meu soneto, eu ponha amor.







45. Prece de carente



Senhor, nós vos pedimos, compreendei

Que temos muito frágil compleição

E dai aos pecadores o perdão,

Segundo o bom rigor da vossa lei.



Assim, vamos saber que cada irmão

Carrega a dura cruz, o pobre e o rei,

Prevendo que algum dia a nossa grei

Irá toda juntar-se, em bendição.



Já não nos falta a fé nem esperança,

Mas para a caridade existe falha,

Porquanto a nossa trova, quando avança,



O coração do povo se atrapalha:

Quiséramos poder dar em fiança

O espírito da gente que trabalha.







46. Seja um colaborador poético



Pedimos ao amigo que acrescente

O sentimento próprio da poesia,

Porquanto o que este autor não deveria

É tudo o que consegue, de repente.



Estou a lhe rogar por harmonia,

Por paz, por luz e amor mais consciente,

Pois tenho de rimar fluentemente,

Propondo que o leitor sinta alegria.



Porém, se alcanço dar a quem me escuta

A idéia do dever, do compromisso,

Eis que o compor não mostra a rude luta



Que exige o mestre a quem vem dar serviço:

Se o verso é feito só com força bruta,

O sentimento alheio esplenda em viço.







47. Relax



Passeio obrigatório pela rima,

O mensageiro chega para o texto,

Mas não quero deixar simples cabresto,

Que o jugo do Senhor presume estima.



Nem vou estimular, como pretexto,

Que o sentimento acuse quem lastima

A perda do poder desta vindima

De frutos, com que busco encher o cesto.



Se os meus amigos são bastante astutos,

Eu posso descansar lá no final,

Nas graças de seus férteis atributos,



Pois o poeta cresce tal e qual,

Se vem para cascar nos cocorutos,

Ou para orar em paz celestial.







48. Considerações pertinentes



Orgulho-me por ser aqui lembrado

Para um soneto, nesta linda tarde,

Mas do fato não vou fazer alarde,

Sem demonstrar um claro resultado.



Pensei que, se fugisse, era covarde,

Então, tal sentimento não traslado.;

E enfrento a situação, com muito agrado,

Que, se eu tremer de medo, a rima encarde.



Como pedir ao povo mais virtude,

Se o coração me bate em descompasso?

Não posso vir pregar a inquietude,



Nem posso vir dizer que me embaraço:

Quem não agradecer ao Pai a incude

Não pode martelar o tempo e espaço.







49. Em ascensão



Cortejos luminosos a caminho

Dos páramos celestes estupendos

Concebem esperar os dividendos

De quem só faz o bem.; e com carinho.



Quem são esses espíritos tremendos

Que podem suspender o burburinho

Dos corações alegres, de mansinho,

Para que os outros façam seus remendos?



Seremos todos nós, em paz, um dia,

Seguindo de Jesus as diretrizes,

Louvando tanto amor, numa poesia,



Lançando em nossas almas as raízes

Dos sentimentos bons, em alegria,

Orando ao Pai por tempos mais felizes.







50. Combinando as emoções



Não devo entusiasmar-me co’o sucesso

Que possa conseguir com minha rima,

Pois, sempre, alguém verei um pouco acima,

Com muito mais modéstia em seu progresso.



Por isso, rogo a Deus por tua estima,

Ó meu caro leitor, e deixo impresso

Que tudo o que fizer logo confesso

Que foi por ver-te alegre, em doce clima.



Mas devo caprichar o mais que posso,

Para lograr um ponto n’alma tua,

E assim poder dizer que já remoço,



No viço do poder que continua,

Orando, com Jesus, um padre-nosso,

Enquanto, em limpo céu, resplende a Lua.







51. Ao meu irmão contrariado



Selvagem argumento gera o clima

De dúvida, na prece do impostor.

É fácil para o gajo descompor

Quem veio demonstrar tão doce estima.



Assim, quem analisa sem amor

A trova que repete a mesma rima

Não quer seguir em frente e desanima,

Por deparar-se sempre com mais dor.



— Jesus!, Jesus! — hás de rogar, amigo,

P’ra superar a crise de tal fado,

Podendo, sempre, aqui, contar comigo,



Porque jamais direi que não me agrado

Das críticas, sabendo que me abrigo

No manto do Senhor, contigo ao lado.







52. Refeição ligeira



Não temo vir trazer os versos meus

Nem julgo seja triste o meu destino,

Porém, quando versejo, descrimino

Os dons destas conquistas, bens de Deus.



Na hora de partir, alegre adeus

É tudo quanto quero e descortino,

Sabendo que o sentir é pequenino,

Se sobram esperanças de eliseus.



Assim, eu sigo em frente em minha glosa

E ponho, em verso brando, o medo tolo,

Embora saiba bem como é que goza



A plebe insatisfeita, por compô-lo

De forma tão sutil, que a paz se dosa

Em chávena de chá com leite e bolo.







53. Com destemor



Sofrível desempenho, caro amigo,

O contributo meu para a poesia,

No entanto, quanto faça, não daria

A mão à palmatória, p’ro castigo.



Ocorre que hoje tenho uma alegria

E digo francamente que me obrigo

A festejar o amor de teu abrigo,

Sem ter em conta os não e os todavia...



Se Deus é pai de cada criatura

E faz dos filhos seres mui felizes,

Eu devo me esmerar e pôr mais pura



A rima que na paz lança as raízes,

Rogando ao bom leitor: — Ouve e esconjura

As dúvidas que trazem tuas crises!







54. Saúde, irmão!



Traquinas, galhofeiro, bon vivant,

Vivi a bom viver, mas sempre alerta

Para deixar no etéreo a porta aberta,

Mantendo das virtudes todo o elã.



Estimulei o riso, em hora certa,

E demonstrei amor, com mente sã,

Por isso, estou formado em fé cristã,

P’ra receber do amigo a nobre oferta.



Se queres azedar-te a vida agora,

Procura os teus defeitos na poesia,

Pois sempre estou mostrando o que vigora



Na mente do impostor que se gloria.

Se tens, porém, o crédito da aurora,

Inunda-me de luz tão doce dia.







55. Com alguma dificuldade



Engenho, inteligência, intuição,

Resumem a poesia que te trago:

Quisera que este esforço fosse pago

Com paz, amor e luz, no coração.



Porém, se está sereno e brando o lago,

Que as ondas não agita a viração,

Espera, caro amigo, pois virão

Bem mais felizes dias nesse afago.



Esquece o sofrimento e põe de lado

O medo de existir um mal eterno.

Alegra-te no pouco e vê saldado



O débito anterior, vento galerno

A levantar as cristas com agrado,

Em movimento simples, bom, fraterno.







56. Temerária indução



Remédio contra os males da cabeça,

A prece sempre ajuda a salvação.

Até para quem diz terrível não,

O amigo dá de si que o fortaleça.



Não negues ao espírito esse pão

Do corpo de Jesus, lição espessa,

Cordata co’os ensinos que ofereça

A tese de quem surte da amplidão.



É que ao ligar com Deus a criatura

Não tem outra maneira em que se ajuste,

Pedindo, agradecendo, sendo pura



A alma que renega o pobre embuste

De não querer louvar, pois se assegura

De que o Senhor não deixa que se assuste.







57. Acima da capacidade



Enfrento os desafios da poesia

E dou de mim bem mais do que é normal

Nos textos em que a gente não faria

As rimas deste tema.; e coisa e tal...



Elevo o pensamento, em alto-astral,

E peço ao Mestre as forças da alegria,

Pois, preso como estou a tanto mal,

O verso produzido esconderia.



É claro que alcancei ser logo ouvido,

Pois trago este soneto com orgulho,

Pensando que o leitor dirá: — Duvido



Que esteja a semear com tal barulho...

Porém, tenho o horizonte colorido

Das cores deste amor em que mergulho.







58. Ir-e-vir



— Acima da esperança, existe a fé.;

E sobre a fé repousa a caridade.

Um sopro de perdão que muito agrade

Vai provocar que o gajo fique em pé.



— Então, existe o bem que persuade

Que o livre-arbítrio mostra como é

Que o socorrista avisa, lé com lé,

O seu irmão, em busca da verdade?!...



— Perfeitamente, eu digo, bem seguro,

Que, sem amor, ninguém vai progredir.;

E o pensamento tem de ser mui puro,



Para pintar alegre o devenir.

— Então, as faltas minhas desconjuro

E tais conselhos sempre vou seguir.







59. A verdade deve ser dita



Contenho-me perante o medo alheio

De ver-se o povo envolto na doutrina:

Bem sei quando a poesia discrimina

Aqueles que têm fé sem ter receio.



Existe muita gente que amofina

A dúbia sensação de ser mui feio

O espaço em que produzo tanto enleio,

No intuito de lhes dar adrenalina.



É que as virtudes todas de Jesus

Não bastam para quem deseja o céu.

Se cá viesse espírito de luz



A defender, em versos, pobre réu,

O gajo iria pô-lo em triste cruz,

Dizendo ver maldade atrás do véu.







60. Na esteira da verdade



Elevo o pensamento até Jesus

E rogo humildemente por perdão.

Sublime, o meu amigo estende a mão

E inunda o mundo todo com mais luz.



É que ao pedir por mim, de coração,

Não posso descurar, pois esta cruz

É toda a minha gente quem conduz.;

E a bênção se destina à multidão.



Em lágrimas, portanto, escrevo o verso,

Mas de alegria pura e comovida,

No intento de rezar pelo universo,



Que a trova extravasou e te convida,

Irmão que neste enleio vens imerso,

Para o festim do amor, durante a lida.







61. Em dois tempos



Nostálgico, versejo devagar,

Lembrando que, no mundo, existe guerra,

Sabendo quanta dor n’alma se encerra

Da gente que se esconde em triste lar.



Meu coração, assim, nos males erra,

Sem gosto destes versos vir ditar,

Em ânsias de mais luz neste lugar,

E paz e amor e festa em toda a Terra.



Existe para mim sutil saída:

O término da trova em harmonia,

Pedindo ao professor que não divida



O grupo para o efeito da poesia,

Pois canta mais alegre e comovida

A turma, quando vibra e se auxilia.







62. Todo o tempo



A dor que sinto agora pelo mundo

Difere das que sentem os humanos:

Eu sei quantas são frutos dos enganos

E quantas calam n’alma, bem no fundo.



Os homens não têm peias, pois, insanos,

Suspeitam que terminam num segundo.

Eu mesmo nestas farpas me contundo

E enxergo, no meu tempo, uns poucos anos.



Porém, Jesus não falta p’ra ninguém

Que espera por perdão e por carinho.;

Nem perde quem confia que contém



O ensino de Kardec o bom caminho.

A eternidade custa aqui também,

Mas chega aos corações mui de mansinho.







63. Suprema consolação



A pobre mãe chorava o filho morto,

Rogando a Jesus Cristo que o salvasse

Das trevas infernais, porque o trespasse

Se dera em condições de desconforto.



O gajo era matreiro e deu-se o impasse

Com quem, muito mais forte e bem mais torto,

Não permitiu que a nave entrasse ao porto

E desfechou-lhe um tiro em plena face.



— O que fazer, Jesus? — o socorrista,

Aflito e perturbado, se enrascava.

— Vou consolar a mãe, sem que ela invista



Na salvação do filho, que se agrava

Co’o turbilhão de dor em que se enquista?

Mas respondeu Jesus: — O amor destrava.







64. Quem segue comigo?



As coisas que me cabem neste espaço

São tantas que não sei onde começo,

Mas tudo há de chegar a ter sucesso,

Se o bem, com paz e amor, a todos faço.



A estrofe logo acima dá-me acesso

A clima muito sério em que repasso

As normas da poesia, em teu regaço,

Ó benfeitor de luz do meu progresso.



Espero não ter feito muito drama,

Nem ter aproveitado o teu ardor,

Porque crestado estou na doce chama



Da fé e da esperança do compor

A prece em que agradeço a quem me ama

E me estimula ao Pai ter mais amor.







65. Momento de felicidade



Não posso prosseguir, pois fui chamado

A trabalhar num grupo socorrista,

Tarefa que, no etéreo, é tão benquista

Que outro qualquer mister queda de lado.



Assim, vou despedir-me, não insista,

Mas vou deixar contigo alguém de agrado.

Se, às vezes, aqui disse: — Hoje me enfado! —,

Eu demonstrava ser muito egoísta.



Por isso, o meu mentor me aconselhou

Que suspendesse a rima sem dar show,

Apenas afirmando que gostei.



Aceita, pois, abraço comovido

De quem tem assoprado em teu ouvido

Palavras a mostrar que me emendei.







66. Ameaçando chorar



Preciso agradecer tanto trabalho

Do irmão que me tratou só com meiguice.

Também, não pus à mostra, que não visse

Os traumas de consciência onde mais falho.



Mas como vou compor com brejeirice

Um verso simples p’ra quebrar meu galho,

Eu peço, com respeito, um agasalho

De amor e compreensão para o meu vice.



Que Deus proteja a todos na poesia,

Que o sentimento paira sobre a glosa,

Deixando um pouco mais desta alegria.



Ao terminar o verso, como em prosa,

A bênção destas trovas deveria

Cobrir de amor a rima mais gostosa.







ÁLVARO



1. Lembrando Antero de Quental



Não faço idéia do que possa ser

A luta contra o mal, noutras esferas,

Mas vi tamanha dor, em tantas eras,

Que a guerra lá não vai ter mais poder.



Os homens se transformam, bestas-feras,

A conduzir o ódio por dever,

Vindita a recriar a bel-prazer

As vidas, em angústias de crateras.



Então, Jesus nos deu o seu ensino

E nos pediu amor aos semelhantes.;

E que ao Senhor cantássemos um hino,



Para que o mal não fosse como antes.

Mas nós demos a cruz a quem, divino,

Trazia a paz e a luz aos caminhantes.







2. Esperançoso plantio



Vinguei-me, certa vez, dum desafeto,

História dum horror que me põe triste.

Então, tu vais dizer: — Por que é que insiste

O gajo, se o melhor é ficar quieto?!...



Mas como está a consciência, dedo em riste,

Dizendo que o meu crime aqui projeto,

Posso mostrar que agora está completo,

Pois confessei que o mal também existe.



Apenas relatar não leva a nada,

Mas devo incentivar o teu perdão,

Amigo que me lês, porque te agrada



Saber que bate em mim um coração,

Malvado, um dia, e hoje na arrancada

Ascensional dos versos que virão.







3. Segura perspectiva



Na tosca melodia destes sons,

Concentro o meu poder de poesia

E digo ao bom leitor que não faria

Uns versos que não fossem sempre bons.



— Então, por que o cuidado da alegria,

Se o gajo traz consigo os altos dons?

Não há razão de expor, em meios-tons,

Toda a verdade régia da harmonia.



É que o infortúnio sempre há de existir

Nas queixas mais pungentes do leitor.

Feliz e alegre, posso, no porvir,



Acreditar que seja o meu compor,

Evoluindo a gente p’ra fruir

As doces esperanças em amor.







4. Exame de consciência



Levanto o desempenho em minha vida

E vejo quanta dor proporcionei:

No círculo em que estava, eu era o rei

E nada fiz de bom p’ra turma unida.



Não era mui feliz e a minha grei

Sofria na desdita, combalida.;

Agora, esta poesia me convida

A refletir nos males que causei.



Peço perdão ao povo, orando a Deus

A prece que Jesus nos ensinou,

Mas temo agir conforme os fariseus,



Porque, na prece, as rimas dão seu show.

Então, vou retirar-me, dando adeus,

Mas demonstrando o trapo que hoje sou.







5. Eu melhorei mas os versos...



Eu ontem vim ditar uma poesia

Dos tempos em que muito me esfalfava:

Minh’alma dos tormentos era escrava,

Porque da dor livrar-me não sabia.



A chave da cancela se encontrava

Em dar ao bem o trato da harmonia,

Pensando mais nos outros, sem porfia,

Que o coração padece quando trava.



Agora, até sorrio dessoutras eras,

Sabendo muito bem quais são as rimas

Para aspirar crescer nestas esferas,



Amealhando todas as estimas.

— Só tu, caro poema, não te alteras

E não te ris também.; e não me arrimas...







6. O poeta se anima



Resguardo o coração de forte abalo

E escondo de mim mesmo os tristes crimes,

Propondo ao protetor: — Se mos suprimes,

Vou enfrentar o medo e derrotá-lo.



São tantas as lições e tão sublimes

Que aprendo na Escolinha, neste embalo,

Que logo estarei limpo e vou prová-lo,

Em trovas que farão com que me estimes.



Estou bem certo disso e me preparo,

Orando ao Pai, em preces confiantes,

Que o bem, quando se faz de modo claro,



Torna melhor quem muito falhou antes:

— Jesus, rogai por nós, sem pôr reparo

Nos erros destes versos tão flagrantes.







7. Dolorosas reminiscências



Cricrilam tantos grilos na cabeça,

Querendo que eu decifre o meu passado.;

Mas sei que nada, então, será de agrado,

Porque roguei ao Pai que o mal me esqueça.



Infante sou ainda e estou largado

Na rua, sem que o bem me favoreça.

A nuvem que me envolve é tão espessa

Que tenho o sofrimento como fado.



Mas sei que Jesus Cristo é mais de amor

E vai me socorrer na hora certa,

Porque não quero agora descompor



Quem não me dá carinho e já deserta:

Responsabilidade é de rigor,

Embora não se encontre a mente aberta...







8. O despertar da consciência



Invoco a Jesus Cristo, nesta hora

Em que me dou inteiro p’ra poesia.;

Elevo o pensamento em harmonia

E penso em sua mãe: Nossa Senhora.



Então, recito a prece que alivia

As penas deste dia, sem demora,

E rogo ao Pai perdão, porquanto chora

Meu triste coração, sem alegria.



No meu passado, encontro o meu futuro

E sei que o meu destino há de ser duro,

Pois tenho de enfrentar mui rude sina.



Maria, meu consolo e meu sustento,

Pede ao Senhor por mim, que não agüento

O luto de minh’alma, que amofina.







9. Quem segue com Jesus...



Perdi o meu orgulho e já não primo

Em responder, na trova, com beleza:

Se me aproximo alegre desta mesa,

É que a maldade é dom que aqui sublimo.



Então, disponho os versos, que a represa

Impede impulsos torpes do meu imo.;

P’ra ser fiel, porém, não me lastimo

E digo o que se passa com franqueza.



A hora é muito boa para a prece

Em que agradeço ao Pai a inteligência,

Porquanto a dor jamais me desaquece



O sentimento puro da consciência,

Que faz com que compreenda a farta messe

Da fé e da esperança na clemência.







10. Envolvendo os leitores



Renovo o compromisso da verdade

E venho aqui propor que alguém me escute,

Mas não com certo modo de desfrute:

Co’o pensamento imerso em caridade.



Se alguém confessa um crime sem que lute

P’ra melhorar a alma, é bom que brade

Pelo perdão de Deus, porque não há de

Tranqüilizar o coração, no chute...



É como o verso meu, tão pobre em rimas,

Inexpressivo grito que sublimas,

Ó bom leitor que entendes do compor.



Se venho te instigar para o perdão,

Bem sei que não vai ser um rogo em vão,

Pois quem me lê tem fé, tem paz e amor.







11. Amenizando a trova



Espero, caro amigo, que compreendas

Os textos que te trago tão aflito.

Embora aqui capriche, sempre hesito,

Porque são mui penosas estas sendas.



Não quero que ressoem no infinito

As dores, pois não são assim horrendas.

Também não vou dizer: — Peço que acendas

As velas, em favor dum ser maldito.



Estou sendo assistido e tenho paz,

Nas horas em que sinto um calafrio,

Ao recordar meus tempos de rapaz,



Por me faltar, na vida, força e brio.;

Mas venho devagar, pois sou capaz

De chupar cana enquanto eu assobio...







12. O nó sempre chega ao pente



Devo, não nego e sei que vou pagar,

Que as vidas foram feitas para isso:

Quem vem ao mundo traz o compromisso

De resgatar o mal, em novo lar.



O amor que nos envolve tem o viço

Das flores mais cheirosas do pomar,

Pois é, no bom ensino, elementar

Que o Cristo é mui fiel nesse serviço.



Assim, ao renovarmos as promessas

Perante o altar de Deus que é o coração,

Cuidemos que não faltem umas peças



Para montar os eixos do perdão,

Renunciando às dívidas expressas,

Conforme o proceder de cada irmão.







13. Desejando ser simples



Estranha o bom amigo os versos meus,

Julgando popular esta escansão?

Requer, ainda, que haja correção,

Porquanto falei mal dos fariseus?



Devo dizer bem mais, pois clamarão

Que bem melhor seria se de Deus

Viessem versejar só cireneus,

A carregar a cruz de cada irmão.



Mas o que ouso agora é verdadeiro,

A refletir minh’alma neste instante.

Por isso é que de todos eu requeiro



Que tal leitura seja confiante:

Nosso Senhor há de eleger primeiro

Quem sabe perdoar o destoante.







14. Revelando segredinhos



Os versos seguem regras que mantenho

Em harmonia sempre co’a emoção,

E exalto os seus critérios na razão,

Ou o meu mestre franze o duro o cenho.



Aí, os meus leitores saberão

Que existe um bom controle, neste empenho

De colocar, na trova, a arte e engenho,

E vão deixar assim de dizer não.



— Jesus, eu peço paz e luz e amor,

Para que os homens tenham mais sossego

E saibam respeitar este compor,



Acima das tais críticas de apego

Às obras literárias em vigor,

Oferecendo casa e aconchego.







15. A ver navios



Não dou motivo algum p’ro meu amigo

Desrespeitar os temas das poesias,

Mas sei que outras propostas me farias,

Ó tu que pensas sempre que eu não ligo.



Antigamente, sim, as harmonias

Iriam empolgar-me, no castigo

Dos metros e das rimas, pois, comigo,

A perfeição não tinha todavias.



Agora, não preocupa o melhor som:

Apenas deve estar de agrado, bom,

Para emendar depois, no pensamento.



Mais importante aqui, junto aos colegas,

É ver que tu também não te arrenegas,

Pedindo ao Pai por mim, se não me agüento.







16. Projetos e anseios



Já penso em minha vida aí na Terra

E digo p’ra mim mesmo: — Estou perdido:

Talvez seja feliz, porém, duvido

Que a tal felicidade lá se encerra.



Um dia, ao despertar, terei nascido,

Disposto a me envolver na rude guerra

Da perfeição do ser, porque quem erra

Vai resgatar a dívida ferido.



Se fé tiver no Cristo redentor,

Farei de mim um ser bem mais consciente

E poderei distribuir amor,



Alçando vibrações em que se sente

Na prece essa virtude superior,

Na qual ao Pai se une toda a gente.







17. Seriedade na brincadeira



Pretendo apresentar-me p’ro trabalho,

Porém, minha poesia é tão ruim

Que a rima, quando é rica para mim,

Ao outros mais parece um quebra-galho.



E volto para o verso, mesmo assim,

Pois sei que nunca mais eu me embaralho,

Se o médium me socorre quando falho

O metro se compõe para o meu fim.



Então, logo me engraço com a rima

E vou fazendo rir (p’ra não chorar),

Que ao dicionário dou total estima



(O pai que sempre tive, em triste lar),

Facécias duma tarde em que se anima

O coração da gente... ao terminar...







18. À mariposa basta a vela



Queria traduzir um sentimento

Para arrastar comigo o meu leitor:

Imaginei que o verso a se compor

Teria de ser belo e sem lamento.



O principal é vir dar luz e cor

Ao sonho da esperança que acalento:

Olhei para o dossel do firmamento,

Para inspirar-me em algo superior.



Lembrei-me, então, que os homens cá na Terra,

Olhando estrelas, têm outras idéias,

A imaginar ali também a guerra.



Então, pedi as luzes das Astréias

E das constelações que o céu encerra,

Para dispor, nos sons, prosopopéias.







19. No etéreo também se luta



Não sofro por amor.; jamais sofri,

Pois soube respeitar a minha amiga.

A vida desregrada é quem intriga

Quem deve de entender-se por aí.



Se existe concordância e nunca briga

— O que lá não se encontra no gibi —,

A vida segue boa e o rififi

Se dá somente quando o bem nos liga.



Então, um quer fazer o irmão feliz.;

O outro quer a paz p’ra multidão.;

A caridade flui de quem bendiz,



Em preces que os do além é que ouvirão.

Juntando-se os melhores no país,

É claro que se alcança a salvação.







20. Sem inveja



Talento, até que eu tenho para o gasto.;

O que me falta é ser mais genial,

Pois a poesia tende para o mal,

Se nestas pobres rimas só me arrasto.



Preciso evoluir, que seja tal

Minha visão do bem, em plano vasto,

Para informar ao povo que me afasto

Das ondas do insucesso universal.



— Então, queres ser anjo! — hão de dizer,

Suspeitos de que o gajo disparata.

Eu digo: — Pois quem cumpre o seu dever



Não fica no não-ata-nem-desata

Mas, logo que possui o tal poder,

Compõe a trova augusta que aquilata.







21. Quem me dera...



São tantas as desgraças dessa vida,

Na perda dos irmãos e companheiro,

Que as dores sempre chegam cá primeiro,

Ficando as alegrias sem guarida.



Mas penso muito em ser alvissareiro

O verso que disponho e que convida

A meditar no bom da dura lida,

O que aos amigos hoje aqui requeiro.



O nascimento aí de cada filho

Não enche o coração de sentimentos?!

Pois esse é o tal do amor que compartilho,



No dia em que não trago só lamentos,

Pois ser feliz na Terra é dar mais brilho

Às almas dos que luzem por momentos.







22. Para sermos agradecidos



Resumo do resumo, esta poesia

Procura desfazer mal-entendidos,

Que o que se diz possui outros sentidos,

Segundo a experiência a que se alia.;



Pois ser feliz requer só bons ouvidos,

Conforme no Evangelho se dizia:

Ouvidos para ouvir e, a quem não via,

Os olhos para ver, nos textos lidos.



O amor, a paz, o bem, à luz conduzem,

Tornando o ser humano mais perfeito

(Os seres são completos se reluzem)



E tudo ali se encontra de tal jeito

Que os versos meus a pouco se reduzem:

Resumo do resumo — o resto é preito.







23. Triste peregrinação



Preciso conformar-me co’a justiça

Da lei de causa e efeito, aqui no etéreo.

Queria, ao arribar, bom refrigério.;

Estive, cai não cai, em rude liça.



Pensava que, ao rezar, o tal mistério

Iria resolver, que o bem se atiça.;

Mas, quando aqui cheguei, a luz mortiça

Causava a sensação do cemitério.



Foi duro caminhar na escuridão,

Guiado tão-somente por sussurros,

Dizendo um sim apenas, tendo o não



A me instruir, como se dá co’os burros.

Mas cá me encontro agradecendo o irmão

Que fez ouvidos moucos aos meus urros.







24. Animismo puro



— Dispenso o teu orgulho e o menosprezo —

Me diz minha consciência alvoroçada —,

Enquanto tu não crês, não quero nada:

Do mal o coração não sai ileso.



A mente, ao perceber, se desagrada,

E o baque do meu ânimo não peso,

Portanto, este soneto é o intermezzo,

Peça em que a dor se encontra camuflada.



Sofrer, eu sofro muito e mais me arraso,

Se alguém, a duvidar, me diz que minto.

Um verso só não dá p’ra tanto atraso,



Mas muitos, como eu faço por instinto,

Estão a demonstrar como extravaso

O bem do amor e a paz que agora sinto.







25. Sem censura



Preciso resguardar-me das polêmicas,

Que os temas que debato são ruins.

Os mestres determinam quais os fins

Que devem merecer rimas eufêmicas.



Se trato destas dores de meus rins

E as minhas trovas chegam tão anêmicas,

São extrações de pedras acadêmicas.;

Não é cantar de lindos querubins.



Assim, quando versejo pobremente,

Extraio destes sons formas redondas,

Mas sem sentido algum p’ra toda a gente



Que espera, cá do etéreo, em doces ondas,

O bem do amor e a paz que aqui se sente,

Pois peço a ti, leitor, que me respondas.







26. Para refletir



Suspiro pelas horas da poesia,

Descanso obrigatório do trabalho:

Se a rima não vem boa e me atrapalho,

Aquele deve dar pura alegria.



Lamento não poder pôr no borralho

A sopa que esfriou, sem fantasia,

Mas vou cosendo as partes, pois daria

Para salvar o metro, quando falho.



Caso tivesse o gênio dos perfeitos,

Provavelmente, iria a outras plagas,

Porquanto o meu rimar, para os eleitos,



Não poderá esconder as graves chagas

Do meu pobre caráter, pois aceitos

Não são os versos, quando tu naufragas...







27. O convite



Pretendo, com meu texto, que o leitor

Se anime a perlustrar o bom caminho.

Assim, com tal compor, eu me avizinho

De aqui só registrar o bem do amor.



Mas peço ao bom Jesus o seu carinho,

No afago desta paz de benfeitor,

Pois levam tais amigos deste autor

Apenas as palavras que escrevinho.



Jesus nos abençoa o tempo todo,

Braços abertos sempre p’ra noss’alma,

Mas, como as faltas nossas são a rodo,



Também possui o Mestre toda a calma.

Por isso é que aqui venho com denodo,

Enquanto o sentimento meu se espalma.







28. A melhor prece



Elevo o pensamento até Jesus

E faço o meu pedido de perdão.

Bem sei que os meus leitores também vão

Requisitar p’ro mundo muita luz.



O verso me comove o coração,

Depois que os sentimentos meus traduz:

Simplicidade d’alma que seduz,

Em trovas que despertam emoção.



Não vou botar mais lenha na fogueira,

Se o fogo nos aquece e nos anima,

Por mais que a inteligência me requeira



Que enfeite com estrelas esta rima.

Assim, a melhor prece é bem ligeira,

Se amor conduz a voz etéreo acima.







29. Coração apertado



Proponho-me a rezar na minha trova

E de joelho elevo a pobre prece.

De pronto, bela imagem favorece

Que a idéia se transforme em linda prova.



Estou, no coração, em meio à messe

Do bem do amor, que sempre se renova,

Dês que fechei o mal em funda cova

E dei de mim ao povo que me aquece.



Mas fico a meditar sobre o infortúnio

Dos tristes irmãozinhos que cegaram

E não enxergam mais o plenilúnio



Nem sabem quanta luz o Sol nos traz:

Nas trevas a sofrer, sequer reparam

Que alguém vela por nós, buscando paz.







30. Defendendo a prole



Sustento, firmemente, que não tenho

Paciência p’ra rimar com emoção.

Pretendo, simplesmente, uma escansão

Capaz de demonstrar somente empenho.



Se o meu leitor quiser dizer-me não

Às trovas que componho e que desdenho,

Precisa compreender que vou, ferrenho,

Pedir que escreva alguma sem senão.



Assim, é preferível que esta rima

Algum proveito traga para o povo,

No campo tão saudável desta estima,



Que o verso, mesmo pobre e quase novo,

O amor, a paz, a luz, tudo sublima,

Nascendo, em verde ramo, um bom renovo.







31. Válido para mim também



Senhor, perdoa quem pecou um dia

E põe-lhe mais juízo na cabeça:

Que o mal que praticou jamais esqueça,

Enquanto não progride nem confia.



Também faze que a dor muito aborreça

A mente que, teimosa, se angustia,

Sem perceber que a vida, sem poesia,

Não paga a pena de viver, travessa.



E dá mais força à trova que componho,

P’ra que amenize o sofrimento alheio,

A despertar do mais terrível sonho



Aquele que duvida desse enleio,

Que o vício é tão tremendo e tão medonho,

Pondo a perder os versos que entremeio.







32. Coração de leão...



Pareço desprezar o meu leitor,

Se digo que este verso é bem ruim?

Então, tu deves ler até o fim,

A ver se trova trai quem vem compor.



O jogo das palavras traz a mim

A brisa desse mundo exterior

E alegra-me, levando aonde for

O coração que tens de querubim.



Um beijo em minha face e mais não quero,

Além da prece pura de Jesus.

Cansei-me de ditar o lero-lero



Dos versos que a mim mesmo me conduz,

Mas não me ponho sério nem austero:

É que, por ser feliz, desejo a luz.







33. Lição perene



Evolução constante é o desafio

Que faz meu protetor, quando me ensina:

Expõe, com muita calma, a tal doutrina

E diz que as águas correm lá no rio.



Entendo que a figura peregrina

Exalta a perfeição e não sorrio,

Porquanto, pela espinha, passa um frio,

Que o meu valor é pouco e me amofina.



O mestre apanha a pedra do caminho

E põe-se a examinar sua textura,

Mostrando como, outrora, houve um cadinho



Em que se transformou sua estrutura:

— O tempo há de fluir, devagarinho.;

A alma, nesse rio, se torna pura.







34. Uma questão de momento



Presumo que a medida com que meço

Esteja no tamanho natural,

Porque não quero ver, no mundo, o mal,

Que o bem é que ilumina o meu progresso.



Assim, não vou falar que seja igual

Aquele que me fere, réu confesso,

E não me ajuda nunca quando peço,

Porém, lhe voto prece, no final.



E mais não faço aqui sem que permita

O mestre que acompanha este recado,

Porque não é cristão tornar aflita



A alma que se acusa desse fado:

Jesus abraça a todos mas credita

Um pouco mais a quem lhe segue ao lado.







35. Olhando para trás



Precisas compreender por que versejo,

Ó meu caro leitor que muito aguardas?

Se tens o compromisso das vanguardas,

Não hás de me aceitar no realejo.



Existem bons poetas nas mansardas

Mas poucos vêm rimar no lugarejo

No qual hoje me exponho e só bosquejo,

Compondo estas trovinhas felizardas.



Aos poucos, vou formando o meu soneto,

Nas ânsias do perdão que te requeiro.

Bem sei que, ao bagunçar o teu coreto,



Preciso de explicar-me aqui primeiro

Então, vamos convir que seja preto

O panorama visto por inteiro.







36. Adeus



Meu mestre vem dizer-me p’ra partir,

Que a mesa deve dar-se a outro amigo.

Feliz, eu penso muito, aqui comigo,

Em qual missão terei no devenir.



Antes, porém, a obrigação lobrigo

De agradecer ao médium Wladimir,

Que veio, dia a dia, compartir

As tardes de poesia, neste abrigo.



Jesus, eu devo dar bom testemunho

De quanta luz pusestes nos meus versos,

Porque nem tudo foi de próprio punho,



Que a mente se me abriu aos universos:

Foi minha parte apenas vil rascunho.;

No bem do vosso amor, os dons diversos.







CLÓVIS



1. Primeiro arremesso



Não tenho experiência com o verso,

Por isso me perdoe se, perverso,

Se apresentar aos olhos de quem sabe.

Eu dito pobremente cada linha,

A ver se deste intento se avizinha

O tema que o meu mestre diz que cabe.



Talvez eu faça mais a cada dia,

Pois preparar eu posso esta poesia,

Que o tempo me foi dado para isso.

Assim, se terminar com entusiasmo,

Não é porque não veja a trova pasmo:

É que cumpri risonho o compromisso.



Porque Jesus me dá tanta certeza

De ter apoio ilustre junto à mesa,

O mestre me prepara para a festa.

São poucas as estrofes desta hora,

Porém, não lucra nunca quem não chora,

Ao ver que o resultado um brilho atesta.



Serão alguns minutos proveitosos,

Antevisão angelical dos gozos

Do tempo em que estaremos com mais luz,

Perfeitos nas virtudes dos mais justos,

Apenas benefícios, sem os custos

Das dores que causamos a Jesus.







2. Um pouco mais



Tremenda novidade este meu texto,

Pois no cangote pesa-me o cabresto

Dos males que na Terra pratiquei.

Não fosse por meu mestre generoso,

Não ia sentir hoje este meu gozo

De vir pregar virtude a nobre grei.



E prego temeroso de ofender,

Pois pouco e tão perverso é meu poder

Que os termos já não mostram como sou.

Se os versos que componho bem se alinham,

Os pensamentos meus mais se abespinham

E trato de emplacar um belo show.



Assim, quanto mais penso no Universo,

Me vejo tão pequeno e tão disperso

Que as letras se dispõem de qualquer jeito.

É mui gentil o mestre que me ajuda,

Mostrando como é fácil tornar muda

A voz que brame sempre que me enfeito.



Basta falar do Cristo com ternura,

Provando quanto é boa e quanto é pura

A tese que Kardec ao povo ensina.

Espiritismo é cânone de amor

Que eleva a alma a plano superior:

Clarão de luz que emana da doutrina



Se nada descrever que ao bem arraste,

Se a gema que coloco neste engaste

For falsa, artificial, semipreciosa,

Eu posso arrepender-me da poesia,

Mas outra aqui jamais transmitiria,

Que o coração do vate serve à glosa.







3. Objetivos declarados



Preciso descansar da dura luta,

Porquanto o coração hoje desfruta

Do bom trabalho feito cá no etéreo.

Os mestres já me dizem que o conforto

Não vem porque o sujeito esteja morto,

Porém, porque mereço o refrigério.



É como o prêmio que recebe o amigo

Que este caminho perlustrou comigo

E vê quão áspera se torna a trova.

O sofrimento, então, se desperdiça,

Se verso algum o sentimento atiça,

A transformar a dor em nobre prova.



A idéia chega a desprezar o feito,

Se o meu destino rude não aceito,

Julgando ser injusto o Pai na lei.;

Mas tudo quanto faço em desatino

Irei cobrar de mim, pois me amofino,

Ao compreender que as normas violentei.



Os versos que disponho em simples linhas

Não são formas amenas mas daninhas,

Se vêm causar desgosto e não prazer.

Por isso é que os poetas cá do além

Não gostam de acusar o mal de alguém

Que esteja p’ra renúncia sem poder.



Antigamente, sim, eu poderia

Dissimular os mitos na poesia,

Imaginando vidas de mentira.;

Mas, cá no etéreo, é claro o compromisso:

Deve o poema vir prestar serviço,

Que o belo não disfarça nem inspira.







4. Uma escolha difícil



Que venho, então, fazer que já não seja

Possível conhecer na benfazeja

Doutrina dos espíritos mais puros?

Só demonstrar que estou evoluído

Talvez gere interesse, mas duvido,

Que passem estes versos extramuros.



Preciso fomentar um belo assunto,

Bem fácil de olvidar que estou defunto,

Para quem passa os dias cá na Terra.

O desespero grassa pelo mundo:

O sofrimento é tanto e tão profundo

Que o simples gracejar no etéreo emperra.



Por isso, a minha história talvez deixe

Vender aos bons leitores o meu peixe,

No exemplo claro de quem sofre ainda.

A gente que me escuta e não me vê

Precisa confundir-se com Você

Que sabe quanta luz o bem nos brinda.



Um dia, aí no mundo, duvidei

De ser do Pai a forma dessa lei

Que obriga a multidão a ser perfeita,

Se quer cobrir-se com o manto augusto

Do amor que exige amor, mas sem o custo

Da dor que mais maltrata e não se aceita.



Assim, o sangue corre pelas veias

E as almas vão ficando bem mais cheias

De esperançosas teses filosóficas.

Mas, se a virtude falha e não se ajuda

A quem pede socorro, tudo muda

E as perdas são tremendas, catastróficas.







5. O meu aceno



Confio em que Jesus mande seus bravos,

Na ajuda dos que aos vícios são escravos,

E ponha ao seu dispor gente importante.

Mas temo que este povo não alcance

Bem compreender da caridade o lance

E fique dos espíritos distante.



Por isso é que me atrevo junto ao médium,

Trazendo o meu modesto e bom remédio,

Na voz de quem rasteja humildemente:

Quem sabe, no futuro, o povo leia

E ponha na lembrança a fé que anseia

Por superar as provas e se alente.



Às vezes, a modéstia é preferível,

Segundo o desempenho a justo nível

Da vibração da alma do leitor:

Palavras mais bonitas causam medo,

Se o gajo se aproxima muito cedo,

Repleto o coração de vil rancor.



Assim, vou desfilando, em pobres rimas,

Conceitos que capengam sem estimas,

A fim de comover e de instruir.

Jesus pregou lições e fez milagres.;

Espero que também tu te consagres

A te informar das normas do porvir.



E, se julgares ser este poeta

Mui pretensioso que esta forma afeta

As leis mais comezinhas cá do etéreo,

Recorda-te que existem outros versos

Que fogem dos caminhos mais perversos,

Resquícios de quem vem do cemitério.



Se, leve, o meu poema se traduz

A te ajudar no peso dessa cruz

Que trazes tão sofrido e preocupado,

Ora por mim a prece de Jesus,

Sabendo que mais brilho tem a luz

Com teu desprendimento, se te agrado.







6. Recomendações gerais



Pedi p’ra que rezassem mais por mim,

Porém, não foi p’ra isso que hoje vim,

Pois há quem necessite mais de preces.

Se julgares que estou com a razão,

Eleva ao Pai a voz, pois que ouvirão

Os anjos o pedido, já que cresces.



Eu mesmo me contenho e te respeito

O sentimento bom, que tem efeito

E que comove os guias, lá no alto.

Se queres prosseguir nesta leitura,

Vê se o teu coração já te assegura

De que não vais cair, ao dar o salto.



Não há que produzir um bem imenso,

Bastando que tu digas: — Hoje eu venço

O vil desejo insano dessa glória!

Um pouco de virtude a cada dia

É como vir compor esta poesia,

Que os louros são do amor, em minha história.



Ó meu querido irmão, se estás feliz,

Entende que não vim só porque quis

Mas que é preciso olhar pelo que sofre.

Uma palavra amiga é sempre boa,

Se adentra o coração onde ressoa,

Em tilintar de ouro, aberto o cofre.



Saúde, aí na Terra, é importante.;

Que seja o teu remédio, a todo instante,

O compromisso claro de atender.

Não tens muitos recursos?! Segue adiante,

Conduzindo os que sofrem, e garante

Que estás no cumprimento do dever.



E perdoa o que prega deste lado,

Que a poesia permite o teu enfado

Mas não deixa que durmas no volante.

Se queres prosseguir sem desagrado,

Dirige a viatura do teu fado,

Na estrada da esperança, ao teu talante.



Jesus te há de ouvir e abençoar

E a todos que residem no teu lar,

Cobrindo de louvor a quem se esmera.

Um dia, hás de partir deixando a vida

E poderás saber qual foi a lida

Que permitiu ingresso em alta esfera.



Não penses que me alegro ao te propor

Que estimes teu irmão com grande amor,

Que estou a repetir antigo tema.

Bem sei que tu te esforças no trabalho

E que te sais melhor onde eu mais falho:

Então, mantém a fé no teu esquema.







7. Advertências



Difere o texto em prosa da poesia,

Porque venho falar em sintonia

Com o rigor do metro que elegi.

Mas o meu tema é sempre pessoal,

P’ra ressaltar o bem defronte ao mal

Que já não posso ver estando aqui.



Bem sei que muita gente se aproveita

Do fato de saber que o Cristo aceita

Pedidos de perdão, em hora incerta.

Vão castigando o povo e, lá no fim,

Chegam gritando, estultos: — Ai de mim,

Que pus no fogo o lenho que liberta!



É mais bonito o hino que se canta,

Julgando ser a rima coisa santa,

Em verso mais soberbo e mais cuidado.

O gajo que aqui vem, sem sal na forma,

Exige que se aceite a sua norma,

Pedindo que o tempero esteja ao lado.



Por isso, é com franqueza que reclamo,

Se pendem frutos verdes deste ramo,

Pois sei o quanto é pobre a compreensão

Daqueles que não têm discernimento,

Pensando que, nas trovas, sempre aumento

A carga dos pedidos de perdão.



Procuro dar idéia muito justa,

Porquanto sei o preço que nos custa

Não ver as criaturas como irmãs.

Se Deus criou noss’alma sem maldade,

Espera que progrida e que se agrade,

Não tolerando a dor das mortes vãs.



Não queiras, meu amigo, dar de bom,

Que todos têm no espírito este dom

De vir fazer poesia mediúnica.

Prepara o pensamento para a rima,

Pois hás de elaborar uma obra-prima,

Antes que envergues tu de luz a túnica.



Por isso, eu vou treinando cá no etéreo,

Levando este serviço muito a sério,

Propondo um compromisso temerário,

Pois sei que o povo todo aí da Terra

Na prosa, e não no verso, é que se aferra,

Julgando ser melhor o seu salário.



Pretendo estimular e não falir,

No rumo em que desenho o meu porvir,

Enquanto o texto passo ao escrevente.

Os ganhos de virtude são bem poucos,

Porém, reflito triste que são loucos

Os que desprezam tanto quem mais sente.







8. Mania de grandeza



Disponho de algum tempo para o verso,

Que me faculta o mestre, no universo

Dos meus trabalhos junto a esta Escolinha.

Talvez eu não quisesse referir-me

A tudo quanto faço, pois é firme

O pensamento de ser pobre a vinha.



Não pode aqui, porém, este poeta

Deixar subentendido que é completa

Esta missão. Na hora de escrever,

O sentimento voa e se condensa,

Na forma do poema que dispensa

Apenas bons conselhos, sem poder.



Cabe ao leitor amigo dar fartura

À messe destas rimas que estrutura

O código das normas da colônia.

Aos poucos, vai sabendo como é grande

E como o conhecer inda se expande

E como o verso meu faz parcimônia.



— Então, por que este gajo não melhora?—

Vai perguntar quem quer que, nesta hora,

Se dê total vazão ao metro humano,

Segundo o entendimento dos melhores.

Mas quero, simplesmente, que decores,

Ó tu que lês, as leis de cada plano.



P’ra tanto, existem livros de Kardec

E a tal literatura aberta em leque

Nas obras mediúnicas diversas.

O meu lembrete apenas comunica

Que lá se encontra a vinha muito rica

Em que se ganham almas, se dispersas.



Mas tal modéstia vem p’ra provocar

Quem gosta de soltar, neste bazar,

Os elefantes bravos lá da selva.

Por não haver cristal que fique inteiro,

A ti que me compreendes eu requeiro

Que leves a manada a outra relva.



Suspiro quando leio esta poesia

E penso cá comigo: — Todavia,

É tudo quanto posso aqui compor.

Se o cara que me escuta me perdoa,

Mesmo sabendo a rima muito à-toa,

Sempre haverá de ter imenso amor.



Assim é que suspendo logo a trova,

Porquanto a forma frágil só comprova

O quanto tenho ainda de perverso.

Eu melhorei um pouco e quase primo

Por desvendar quem sou mas logo intimo

O meu leitor a ver que o som malverso.



P’ra terminar feliz é que asseguro

Que o texto que passei não é tão puro,

A merecer do povo exaltação.

Fico na minha paz sem compromisso,

Querendo ver na trova mais que isso,

Pois deixo consumir-me o coração







9. Com um nó na garganta



Entendo que informar sobre esta vida

Que temos na colônia ao bem convida,

Ao reforçar a decisão do amor.

Se são felizes os que aqui residem

Então irá pensar o amigo: — Idem,

Para o que chega, sem qualquer temor.



E se o meu verso traz muita alegria,

A demonstrar que o gajo que viria

Seria recebido sempre em festa,

É bom princípio p’ra que o bem se dê

No íntimo da alma em que se lê

Que o Cristo o nosso dom confirma e atesta.



É juvenil o sentimento lindo

De quem pretende ver amor infindo

Nas simples escansões em desalinho.

Por pueril que seja a nossa rima,

Pretende conseguir a tua estima,

Ó tu que tens por todos mais carinho.



Avança este poeta no poema

E encara, em cada verso, o seu problema,

P’ra desfazer o nó dessa suspeita

Que traz teu coração desarvorado,

Pensando que é dever estar ao lado

De quem tanta promessa aqui confeita.



Quando o poema brota sem pudores,

Vem para demonstrar que são as dores

Que não se ocultam mais e o mal viceja.

No entanto, quando a rima compromete,

O gajo que nos vê pintar o sete

Há de pensar na espuma da cerveja.



É que a função da espuma é muito nobre:

O líqüido do copo bem recobre,

Para impedir que o ar tudo corrompa,

A perturbar o gosto, pois se sabe

Que o paladar não presta no desabe

De tal oxidação perversa, estrompa.



Assim se dá meu verso neste ensejo,

Que é como o meu assunto sempre vejo,

A camuflar a dor em pó de serra.

A arte se dispõe pelo talento

Mas tanta é esta esperança que acalento

Que o mal fica esquecido e a mente emperra.



Então, relembro as fases mais agudas

E digo a ti que temes e não mudas

Que tudo há de falir, no etéreo, um dia,

Se agora não te atreves quanto ao povo,

Sem suspeitar que voltarás de novo,

Para cumprir o bem que te arrepia.



Cumpri minha missão, de qualquer jeito,

E venho aqui dizer que mais aceito,

Se tudo for tão simples, bom, honesto:

O mestre a bendizer cada palavra.;

O médium perlustrando cada lavra.;

O meu caro leitor fazendo o resto...







10. Forma e conteúdo



Se tenho um compromisso co’a verdade,

Nenhuma sugestão me persuade

A vir ditar uns versos literários.

Se conseguir rimar com formosura,

Não vou centrar o intento na estrutura

Mas devo destacar os comentários.



Por isso é que se dão certos deslizes,

Trejeitos e mistérios infelizes

Que tornam nosso prisma nebuloso:

Pensar no céu coalhado com estrelas

A nós será preciso, p’ra entendê-las,

Que o belo ceda a vez p’ra outro gozo.



Não é verdade certa que a virtude

Se põe um ponto acima e não ilude

Com mecanismos próprios p’ra espantar?

Se o gajo se surpreende com a rima,

É convidado a ver que mal sublima,

Se perceber na trova algo exemplar.



Nós vamos caprichando sempre mais,

Na busca do processo que nos traz

Felicidade e sábia pregação.

Assim, o nosso esforço recompensa

A luta que se espera que se vença,

Se as dores nos atingem com razão.



É fácil dar por finda cada linha

Mas logo a que lhe segue se avizinha,

Pedindo que haja luz e coerência.

Se a estrofe se alinhava e se completa,

É responsável, sim, este poeta

Mas deve refletir com sapiência.



Todo o poema exige segurança,

Que, enquanto versejamos, não se alcança,

Por termos a visão imersa em sombras.

Depois que tudo for tornado claro,

É bom que tu, leitor, ponhas reparo,

Se tens sob teus pés lindas alfombras.



Por isso é que pedimos que não mudes

O teu ponto de vista das virtudes,

Se tens o dom artístico e praticas.

Porém, se apenas lês pelo prazer

Dos sons e das palavras, hás de ver

Que falta engenho e arte nestas dicas.



— A que convém tal tema descabido? —

Vais perguntar mas eu logo duvido

Que chegues a julgar pobres as rimas.

Contudo, aqui revelo quanto penso,

Mostrando que este mar é tão imenso,

Podendo se perder a nau que estimas.



E deixo a solução para o final,

Estando agora livre desse mal,

Erguendo ao Pai a prece obrigatória:

— Jesus, sede por nós nesta jornada,

Que o povo mais feliz é o que se agrada,

Ao ver que este poema é vossa glória.







11. A inveja



Pretendo hoje falar dum sentimento

A que deve o leitor mostrar-se atento,

Ao argüir o coração em prece.

Pois é da inveja mesmo que hoje trato,

Voraz, a corroer comida e prato,

Esfomeando o pobre que padece.



Se trago uma poesia alvissareira,

O gajo que se vê na rima cheira

Alguma repreensão e se defende,

Pensando ser p’ros outros o refrão,

Porque não quer ouvir solene não,

Dizendo que o seu jeito o bem lhe rende.



É que é sutil a forma dessa injúria

Que a mente, ao perverter-se, por incúria

Promove contra a alma e a traz cativa.

Se alguém estuda e mostra mais saber,

Logo lhe diz ser só simples dever,

Sem mérito ou prestígio em que se aviva.



O sofrimento que se dá no etéreo

Vem demonstrando ser tal vício sério,

A merecer dos mestres bom cuidado:

As dores são profundas na agonia,

Porquanto esse egoísmo se alivia

Apenas quando o ser está isolado.



Aí é que imagina que outro afeto

Preenche o coração do filho ou neto,

Do cônjuge, do amigo ou dos seus pais.

Pode a verdade estar sob resguardo,

No escuro sempre o gato há de ser pardo,

E a perversão da mente o prende mais.



Como fugir da crise e do infortúnio?

Sabendo ser mais claro o plenilúnio

E que se esconde a Lua muitas vezes.

O sangue corre solto pelas veias

E as almas que inda agora estão mais feias

Um dia vão deixar de ser soezes.



É confiar em Deus com fé suprema,

Julgando que a esperança nos algema

Às leis e compromissos da virtude.

O Pai nos recompõe e nos conforta,

Se vemos em Jesus aquela porta

Que deixa entrar o povo até que mude.



É contemplar os bons e os mais felizes,

Seguindo de Kardec as diretrizes,

Ouvindo atentamente os seus conselhos.

Vamos deixar de lado os maus pendores,

Pois são mais puros os que vêem nas dores

Apenas as imagens, como espelhos.



As almas nascem livres — certamente,

Não devem ficar presas, pois se sente

Que à liberdade as asas crescem fortes.

Um dia, o companheiro degenera

E quem vem ajudar de nobre esfera?

Os que já suplantaram várias mortes.







12. A preguiça



Não quero vir ditar, nesta poesia,

Como deve fazer a melodia

Da vida que compõe meu caro irmão.

Mas temo que a preguiça cause um dano

Que tem repercussões, se não me engano,

No alento com que encara a religião.



Se tu não sabes bem quem é melhor,

Por não filtrares já os dons de cor,

Porque o trabalho exige sacrifícios,

Também não vais querer desperdiçar

O tempo em que te esforças, no teu lar,

Para manter acesos os teus vícios.



O tempo há de passar de qualquer jeito

E os dons da carne têm o seu efeito

Sobre o que trazes dentro de teu seio.

Se cá voltares pobre como foste,

Não vais passar de simples, rude ghost,

Errante a desejar, sem ter anseio.



Não devo demonstrar muito talento

A quem somente traz vil desalento,

Porquanto esta leitura não se faz.

Mas, se for pouca a rima que apresento,

Contente há de ficar esse jumento

Que julga que empacar contenha a paz.



Perdoe, caro irmão, este poeta,

Que julga que a leitura se completa

Apenas quando é triste a informação.

Porém, não tenho papas nesta língua

Nem sofro, se tu morres mal, na míngua,

Teimoso, incoerente, surdo, vão.



Movimentado o tema, espero ver,

Mais alegre, a cumprir o teu dever

De repensar a vida e seus espinhos

Que a cultivar te encontras, livremente,

Em território fértil, diferente

Das pedras dos mais célebres caminhos.



A semear amor eu quero ver-te,

Disposto e bem mais lépido, sem flerte

Co’as rimas pobrezinhas que deixaste.

As flores mais cheirosas, perfumadas,

Deslumbram as consciências, se as agradas,

Cuidando da raiz, folhas e haste.



Não quis deixar exemplo negativo

Mas ser muito engenhoso e muito vivo

Talvez concorra mais p’ro desperdício,

Que os temas que disponho tão veloz

São do interesse meu, que elevo a voz,

Mas há de ser do teu, caro estrupício?



Não vou pedir perdão, por ser bem pouco

O xingamento tosco, fútil, louco,

Que parte cá do etéreo e se retrai

Na mente do leitor que não aceita

A rude pregação, por ver estreita

A estrada que lhe aponto até ao Pai.







13. A luxúria



Não posso prosseguir sem dar um passo

Na direção do etéreo, deste espaço

Em que meus infortúnios se esclarecem.

Na Terra, bem vivi entre as mulheres.;

Talvez demais até, caso ponderes

Que nunca fui fiel para as que tecem.



Acima, mencionei uma figura

Considerada imagem muito pura,

Penélope, mulher desse Odisseu.

Por esperar seu homem, desprezou

Quem vinha pretendê-la, nesse show

De que a luxúria é clímax no apogeu.



O que acontece aqui com tais pessoas

Que pensam que as ações são todas boas,

Se existe algum prazer envolto nelas?

Relembram lacrimosas tais momentos,

Querendo ver de volta os sentimentos,

Mas ficam a sofrer por bagatelas.



Por visitarem uns locais do vício,

Pretendem descontar, em malefício,

A falta do prazer que outrora tinham.;

E tornam-se obsessores muito ativos,

A atormentar em crises os que, vivos,

As mesmas ilusões na mente aninham.



Ó tu que vês que estou te dando o tom,

Não queiras desprezar-me, crendo bom

O tempo que pastares nesta esfera:

Querer sentir prazer e não poder

É como sentir fome sem comer.;

É dor que fere fundo e desespera.



Como atingir o fulcro do problema,

Caso, por ser assim, o gajo tema

Ser já bem tarde para ouvir o pleito?

Recuperando a voz da consciência,

Pois clama no deserto dessa ardência

Que atinge os outros seres, sem respeito.;



Pedindo ao Pai que envie os protetores

P’ra alívio e compreensão dos dissabores,

Mostrando-se cordato co’a lição.;

Rogando que os que sofrem nos perdoem,

Por termos sido incautos, e abençoem

O nosso bom desejo de ascensão.



Por fim, devemos logo deduzir

Que voltaremos para aí cumprir

Mais um encarne triste, vil, sem cor.;

Talvez sem luz, sem som e até sem voz,

Porque sabemos o regresso atroz,

Se o que fizermos não tiver amor.







14. A ira



A cólera que atinge as nossas almas

Não pode receber sufrágio e palmas,

Por muito que soframos violência.

Pensar em Jesus Cristo lá na cruz

O sentimento horrífero reduz,

A ponto de rogarmos por clemência.



De todos os pecados, o mais rude,

Em sua natureza de inquietude,

É o que nos traz a conseqüência séria

Da guerra que se trava entre os mortais,

Pois gera as explosões que são sinais

De que ultrapassa a vida tal miséria.



Enquanto os outros vícios desabonam,

A cólera e a luxúria condicionam

Os trôpegos resgates noutras vidas.

Ó tu que lês a trova e que não crês,

Não tendo como achar nossos porquês,

Vê bem se o teu futuro convalidas.



São pobres os que dão forças à ira,

Estimulando o ódio onde se fira

O desafeto que não tem noção

Dos resultados graves de seus atos:

São cegos que conduzem, insensatos,

Outros cegos.; e todos sofrerão.



É bom que peças a Jesus por paz

Mas é preciso seres incapaz

De alimentar o ardor das tais vinganças.

Dá tua face p’ra cumprir a lei

E estimular a devoção da grei,

Pelo perdão que tu agora alcanças.



Eu sinto muito ter vulgar visão

Da luta que incentiva o caro irmão

A fabricar recursos pela prece,

Mas testemunho a dor sem refrigério

Que trouxe dessa vida p’ro mistério:

Por isso este meu verso se oferece.



Pretendo atenuar o sacrifício

Da vida que promete o benefício

Da reconciliação e da virtude.

Se agora aqui amplio os horizontes,

As dores hão de merecer que contes

Uns pontos, p’ra que o carma se transmude.



Por isso, eu recomendo ao meu amigo

Que fujas de enfrentar tanto perigo,

Levando a sério a minha pregação.

A raiva tem momentos muito tristes:

Espero que compreendas que, se insistes,

Não hás de conseguir do amor quinhão.







15. A gula



Quando cheguei no etéreo, percebi

Que cometera um erro estando aí,

Porquanto enchia o prato e não comia.

O mestre é que me disse que o problema,

Por ser muito comum, não há quem tema:

Mas disse que era a gula e a mordomia.



O pobre aqui pensava bem errado,

Achando que, por ser assim mirrado,

Não tinha de dar contas a ninguém.

Eu reparava em quem comia tanto

E achava o gordo tolo e sem encanto,

Querendo aproveitar cada vintém.



Quando arribei aqui fui recebido

Por grupo de famintos, tendo sido

Aquinhoado até com impropérios.

Nada entendi da estranha providência

Mas o meu mestre logo deu ciência

De que os tais desperdícios são mui sérios.



Não é preciso olhar com atenção

Para saber que o povo é comilão

E se atrapalha todo co’a gordura,

Sem perceber que a fome grassa solta

E que a desculpa sempre vem envolta

Em falsos raciocínios pela usura.



Não vou desperdiçar minhas palavras,

Elaborando textos, versos, lavras,

Sem compromisso sério co’a virtude.

Fazer esta poesia mui brilhante,

Sem pôr em xeque o caro semelhante,

Não vai fazer que encontre quem me ajude.



A gula por comida é simples forma

De contrariar do etéreo uma só norma

Mas muitas outras vêm desse defeito.

Se tu não pensas claro neste assunto,

Vais ter de ouvir que és fraco de bestunto,

O que já sei e sigo, pois aceito.



Ao prevenir, te rogo, caro amigo,

Que penses nos problemas que te digo

Serem tremendas doses de amargura.

Quem já se compenetra que vai mal

Avança nesse plano material

E traz a sua alma bem mais pura.



Não tenho o mau desejo de assustar

Mas devo de compor algo exemplar,

P’ra que te inteires da justiça aqui.

A gula, que parece ser de um só,

Demonstra que o sujeito não tem dó.;

E eu digo, p’ra que saibas, pois sofri.



A prece é de elevar-se a cada hora,

Antes que o gajo chie, enquanto chora,

Ao ver o mau desfile de seus restos,

Sabendo que houve irmãos que estacionaram,

Pois, na miséria, os cérebros secaram,

Por falta de entenderes os teus gestos.







16. O orgulho



De todos os pecados, corro o risco

De mergulhar no orgulho, cujo aprisco

Contém os literatos e os poetas.

Se trato a rima com cabal presteza,

Elejo as que asseguram fique acesa

A luz que me ilumina... e tu te inquietas.



Não posso requerer aos versos meus

Que venham aqui lembrar-te mais de Deus,

Pois sofro das desídias dos meus erros.

Também não posso pôr de lado a trova

Que algumas das virtudes bem comprova,

Fazendo com que rezes aos bezerros.



Então, se sou humilde e recrimino

Os vícios que te causam desatino,

Tu podes condenar-me por orgulho,

Que a forma que elegi é pura e linda,

Estando a provocar-me mais ainda,

Se me entrego à pesquisa e desentulho.



Preciso, assim, fazer a distinção

Entre o mau sentimento e o outro são.;

Aquele a elanguescer.; este a elevar.

Se alegre e bem feliz me faz o verso,

Não devo acreditar seja perverso

O coração que busca achar um par.



Em tudo o que fizeres pela vida,

Procura pôr o dedo na ferida,

A ver se sofres pela dor alheia.

Se caprichares ao fazer o bem,

Podes sentir-te alegre sem porém,

Que é justo quando o espírito se alteia.



Recriminar o mal é do dever

De quantos cá se atrevem a escrever,

Até para as pequenas produções.

Mas, no final, se resultar ser belo

O poema amolgado no martelo,

Podemos cá soltar alguns rojões.



Ó tu que lês a trova e não te animas,

Quais outras cá seriam tuas rimas,

Para tornar-te afeito ao verso meu?

Se julgas, entretanto, que haja brilho

Na forma e conteúdo do estribilho,

Por que não nos propões um verso teu?



— Então, devo, ao morrer, pensar nos versos,

Para fazer alguns menos perversos

Dos que aqui leio e logo me enfastiam?

— É claro que a leitura que pretendo

Vem no sentido de pregar remendo

Nos vícios que te ferem e judiam.



São símbolos que emprego p’ra dizer

Que todos temos sempre de colher

A messe que plantarmos nessa vida.

Fujamos dos reclamos de tais vícios,

Fazendo, se preciso, sacrifícios,

Orando pelo irmão que hoje duvida.







17. A avareza



Quem traz o coração em desalento,

Mantendo-se a dizer: — Eu sempre agüento

Ficar sem desfrutar as regalias —,

Aqui no etéreo, vive a remoer

O fato de não mais ter o poder

De reservar p’ra si tais alegrias.



O povo sabe bem como reage

Quem veste andrajos p’ra mostrar no traje

Que não pode ajudar os infelizes.

Eu mesmo já sofri com meu pendor

De conservar comigo, sem dispor,

Os bens que recebi, desde as raízes.



Não venho me acusar de estar tremente,

Pois faço destes versos meu presente

Ao povo que me lê e que me apóia.

É pobre esta escritura mas abarca

Um sentimento nobre, na fuzarca,

Pois ser alegre aqui não é tramóia.



Se trago uns poucos versos neste assunto,

Não é por perversão mas o defunto

Não tem inspiração nem faz rodeios.

Ao molestar quem lê e bem se ajusta,

Eu sei o quanto sofro e o quanto custa

Tornar estes pecados menos feios.



Por isso, a minha rima chega tarda,

Sabendo que o leitor também aguarda

A trova que ilumina e que seduz.

Mas esse não tem trato co’a avareza

E traz, no coração e sobre a mesa,

A messe dos ensinos de Jesus.



Preciso ressaltar, nesta poesia,

Que existe um bom sistema que auspicia

A aquisição de todas as virtudes:

É ser prudente e sábio, a cada dia

Um pouco mais, pois tudo se avalia,

Caso tu tenhas fé e nos ajudes.



E todo o mundo sabe que é na prece

Que a aquisição dos bens nos favorece,

Porquanto o protetor sempre é fiel.

Se mantivermos firme a nossa linha,

É certo que a bondade se avizinha —

Campo de força e luz — de amor broquel.



Senhor, fazei de nós servos felizes,

Cumprindo de Kardec as diretrizes,

Seguindo de Jesus o ensino justo.

Levai-nos por caminhos bem formosos,

Onde os mais fortes, os mais lindos gozos

Se extraiam desse amor, sem qualquer custo.







18. Mudando a temática



Não quero aborrecer meu caro médium,

Com tantas trovas, a causar tal tédio,

Pois tudo se resume em rima à-toa.

Mas posso regalar-te com meus versos,

Nas teses de Kardec estando imersos,

Lembrando-te Jesus, que mos perdoa.



Por isso, vou ditando esta poesia,

No aguardo de aqui vir quem me daria

Inspiração p’ra rimas mais sonoras,

Enquanto invoco os tristes despautérios

Dos principais pecados, dos mais sérios,

Pois nas virtudes já tu te aprimoras.



Talvez, falar do amor me faça artista,

Porquanto muita fama se conquista,

Por conseguir compor com descortino,

Mostrando quanto é bom ser caridoso,

Fruindo da emoção seu melhor gozo,

Agindo como ser de luz, divino.



Mas tenho de sentir tudo o que terço,

Porquanto, ao amoldar no bem o verso,

Preciso compreender a própria rima:

Não basta vir pregar aos sofredores,

Sem dar-lhes puro afeto, só rancores,

Sem demonstrar que o mal o amor sublima.



Assim, aperfeiçôo a minha trova

E mostro que o sentir sempre comprova

A tese do serviço que se presta.

Se errasse o metro meu a cada passo,

Devia já entender que quanto faço

Está entre os fracassos desta festa.



O mesmo vai pautar o compromisso

De vida e de trabalho que hoje atiço,

Para que tu te movas no sentido

De melhorar a tua ação no mundo,

Tornando-te um amigo mais jucundo,

Por fazeres o bem, que convalido.



Enquanto tu te adiantas na leitura,

Eu vejo se te agrada esta estrutura

E vou formando as trovas deste jeito,

Bem sei que, em time que se dá melhor,

Devemos colocar ao derredor

Apenas uns conselhos de proveito.



E, no final de tudo, como ensina

De Allan Kardec a fúlgida doutrina,

Preciso vir dizer que se respeite

A vida que transcorre, inda que triste,

Pois a misericórdia é quanto existe

Nas leis de Deus, p’ra nosso bom deleite.



Senhor, aceita o nosso verso ainda

Que mais pareça prosa que se cinda

Conforme o metro que se quer humano.;

E dá de teu farnel de puro amor

Um pouco, p’ra que possa vir compor

A prece com que a página engalano.







19. Qualidades imprescindíveis



Eu tenho alguns amigos cá no etéreo

Que exercem, com louvor, o ministério

De dar aos protegidos as lições

De que mais necessitam p’ra conduta

Pautar-se pelas leis, que a força bruta

Um dia nos levou às perversões.



— Quais são as qualidades que possuem?

As mesmas que na Terra se atribuem

Àqueles que julgamos mais perfeitos.

São sábios, pois estudam e se esmeram,

Buscando compreender tudo que esperam

Os seus alunos, quando são aceitos.



Aplicam-se segundo cada caso,

Jamais deixando temas ao acaso,

Mas levantando as dores que trazemos.

Sendo difícil de aceitar a tese,

Antes de tudo, pedem que se reze,

P’ra que ninguém se roje nos extremos.



Ressaltam a virtude da paciência,

Trazendo no semblante a transparência

Dos dons de que se nutrem os seus gestos.

Estão seguros sempre do respeito

Do grupo, que se julga, assim, eleito,

Ao receber conselhos, sem doestos.



Nem sempre foi assim para comigo,

Pois, logo que cheguei, corri perigo,

Estando prestes a cair no abismo.

Se me salvei, eu devo aos protetores,

Que me trataram, amenizando as dores,

Mostrando os dons de Deus, com altruísmo.



E, para eu saber que o sofrimento

Não se reserva a mim, bem mais me alento,

Ao registrar que existe quem mais sofre.

E ponho-me a buscar um lenitivo

Que torne o seu pesar bem menos vivo,

Trancando as suas dores no meu cofre,



Que se abrirá, um dia, finalmente,

Porém, estando forte, é justo agüente

As impressões ruins de sua vida,

Sabendo quais virtudes são melhores,

Para evitar desande em vãos suores,

Que a lei se aplica sempre — alguém duvida?



Por isso, rogo sempre a Jesus Cristo

Que cada membro desse grupo misto

Alcance as bênçãos da felicidade.

Todos são devedores — eu insisto —

Porém, ninguém é por ninguém malquisto

E nosso coração a paz invade.







20. Atenção ao conteúdo!



Existe um pensamento positivo

Que obriga o meu leitor a ser ativo

Na hora em que for ler os versos meus:

Quem é que ao metro dá tal compostura

E põe no tema as leis que o bem depura?

Não há outra resposta: — Eu sei que é Deus!



Por isso é que a poesia é muito séria,

Pois trata das falácias da miséria

Dos pensamentos broncos, sem grandeza.

Se a turma que vier a este lar

Nada disser aqui para ajudar,

Será melhor abandonar a mesa.



Não peças muita coisa ao verso troncho,

Porque nenhuma gema desenconcho,

Que as pérolas aos porcos já não dão.

Não recebi de graça o que aqui trago

Mas foi com meu suor que deixei pago

O preço que me exigem p’ro perdão.



Tal como mais me obriga o bom dever,

Esforça-te também para entender

Que deves trabalhar pelas virtudes:

Nem tudo é simples nesta esfera astral,

Embora a prova seja natural,

Elaborada p’ra que tu te ajudes.



Por isso, transo um verbo complicado:

P’ra demonstrar que quem se põe de lado

Não poderá ficar, assim, por dentro.

E se a leitura não desperta o siso,

Eu devo prevenir: vai ser preciso

Baixar, ainda em vida, nalgum centro.



Não quero fazer graça, simplesmente,

Pois o conselho dado é mui premente,

No caso da falência do leitor.

Os vícios só não cedem quando forte

É sua sedução, pois não há sorte

Que o coração não venha aqui compor.



Preciso que tu digas, lá no fim,

Elogiando o metro, mesmo assim,

Que eu disse só verdades verdadeiras...

E guarda o teu rancor para as ofensas

Que tu fizeste, um dia, tão imensas,

Embora o teu perdão tu mesmo queiras.



O meu atrevimento é sem limites

Mas peço a ti, leitor, que me acredites,

Quando te falo apenas por figuras:

Não queiras conhecer a chama ardente

Que cresta o coração de muita gente

Que pensas serem boas, lindas, puras.



Cuida do teu destino sendo bom

E vê se tens da caridade o dom,

Seguindo, com amor, o teu caminho.

A Jesus Cristo eu peço, mui carente,

Que ponha no meu verso um quê somente

De luz, p’ra iluminar meu irmãozinho.







21. Não sei o que faria sem ti



Entendo que o meu tempo é diminuto

Mas posso oferecer o bom produto

De algumas das lições que aqui recebo.

Eu venho, com prazer, ditar os versos,

Sabendo que agasalham universos,

Que a rima só sugere: é mais placebo.



O mérito da trova és tu quem dás.

Ao aceitar a todas, inda as más,

Realizando o seu ajuste à lida.

A sugestão que faço é sempre a mesma:

A ti cabe provar que, nesta resma,

Alguma a bom trabalho te convida.



Não vás, portanto, com tal sede ao pote

Que acabes por quebrá-lo e já se esgote

O líquido precioso dessa jarra.

Medita, bom leitor, aqui comigo,

E põe de lado o mote tão antigo,

Dizendo que é perverso quem te agarra.



O método talvez não seja bom,

Porquanto este poeta não tem dom,

Embora busque sempre melhorar:

Para atingir o céu na plenitude,

As nuvens vou vencer, pois a virtude

Consiste em viver bem, em paz, no lar.



Não é promessa vã que logo esqueça:

É compromisso sério da cabeça

Que tem o seu juízo no lugar.

O mais é natural, é conseqüência

Da aplicação das leis desta ciência

Que deve o Espiritismo divulgar.



Presta atenção, assim, nas entrelinhas

E vê se tu também mais te avizinhas

De efetuar as trovas que o bem pede.

Não falo aqui dos versos que componho

Mas do dever que cumpres tão risonho

A ponto de encarar do mal a sede.



Mas, se hesitar, na luta, o coração,

Ora com fé, pois logo acorrerão,

P’ra te ajudar, os teus fiéis amigos.;

Cristo Jesus na frente, pois agora

A caridade é fruto da penhora

Que fazes dessa vida em teus castigos.



Eu tinha pouco tempo e, mesmo assim,

Dei conta do recado, pois p’ra mim

Vale bem mais a lida que o problema.

É que me ajuda sempre o mestre afeito

Aos dramas do momento, os quais aceito,

Parte integrante e pura do meu tema.



Vou retirar-me alegre e comovido,

Porquanto estás feliz, pois não duvido

De que atingi o cerne deste assunto.

E te convido sempre a vir comigo,

Na prece derradeira a que me obrigo,

Rogando ao Pai que estejas no conjunto.







22. Eu só venho até aqui.



Despeço-me das rimas, com pesar,

Pois foram estes dias, no teu lar,

De festa e regozijo pelos feitos.

Talvez, bem pouco tenha sido bom,

Porquanto é mui precário este meu dom

Mas escolhido eu fui.; e vós, eleitos...



As trovas que deixei não muito belas

Nem dão para um volume mas, com elas,

Tu podes reunir outras poesias.

São tantos os autores precedentes

Que é fácil que um ou dois arregimentes

Que não rejeitem estas parcerias.



Quem sabe o Pedro esteja disponível.;

O Álvaro, também, é, sim, possível:

Poetas da pesada, em nobre estilo.

O título da obra, podes crer,

É esse que bolamos, que é dever

De quem cá rima vir para cumpri-lo.



Meu nome é Clóvis, para o teu registro.

Eu procurei não ser muito sinistro,

Embora sobre os males tenha escrito.

Porém, ofereci alguns recursos,

Para não sermos só amigos-ursos,

Os que vêm p’ra deixar-te muito aflito.



Agora que amarrei os versos meus

Aos dos amigos, vou dizendo adeus,

Pedindo para o Pai que te sustente,

Que a vida é mui penosa e mui sofrida,

No aspecto material, que mais convida

A duvidar que os versos vêm da gente.



Pai nosso, que dos Céus abençoais

Os entes cá do etéreo, com sinais

Mui claros da existência noutra esfera,

Tornai nossos leitores bem mais certos

De que, na Terra, existem os desertos

E não depois que a morte os recupera.



Mas tal certeza apenas não te basta:

Precisa que do amor seja mais vasta

A aplicação, em nome de Jesus.

Se for de teu desejo que haja classe

E que a virtude nunca mais fracasse,

Carrega, com vigor, a tua cruz.



E põe, no teu caminho, o teu irmão

E dá-lhe, pelo menos, teu perdão,

Se não te for possível socorrê-lo.

E pede ao Pai que mande uns socorristas,

Uns anjos do Senhor, espiritistas,

Que possam ajudar, ao teu apelo.



Por isso é que me encontro do teu lado,

Estimulando a vida com agrado,

Que o bem é força, sim, p’ra evoluir.

Muito obrigado, amigo, por teus votos

E sabe não estarem tão remotos

Os dias de ventura do porvir.

Indaiatuba, de 16 de março a 20 de outubro de 1997.

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