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Contos-->UMA VISÃO DE CORUJA -- 28/04/2004 - 23:47 (Edson Campolina) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
UMA VISÃO DE CORUJA
Por: Edson Campolina


A passarada reunida discutia o convite do casal de Corvos. Empoleirados numa árvore de jenipapo, às margens do açude do grotão. A Águia, o Gavião, os Pintassilgos, os Papa-capim, os Canários, as Andorinhas, os Curiós, os Sabiás, os Bem-te-vis, os Pardais, as Garças, os Papagaios, os Marrecos, os Pássaros-preto, as Rapa-cuias, os Mutuns, as Saracuras e até mesmos os Beija-flores. Todos em polvorosa sem saber o que fazer.
Então a Águia falou alto:
_ Vamos esperar a dona Coruja acordar. Sabiamente ela saberá nos orientar.
Impacientemente aguardaram o pôr do sol, a noite caiu com a escuridão da lua nova. O cerrado da montanha mineira emudeceu. Até que o grasno da Dona Coruja anunciou seu despertar. A Águia, com seu aguçado olhar, fitou sua comadre e cumprimentou-a:
_ Boa noite comadre! Era assim tratada por ser a guardiã noturna do cerrado. Girando 360 graus sua cabeça redonda, com olhos arregalados e visão noturna, mantinha os ninhos sob sua vigilância.
_ Boa noite comadre Águia. Mas o que está acontecendo? Alguma assembléia da qual não fui informada? Estranhou a reunião da passarada naquela hora.
_ Sim comadre Coruja. Durante seu repouso recebemos um convite dos primos Corvos, do outro lado do rio, para uma festa de final de colheita.
Os Corvos viviam às margens de uma fazenda de milho e preparavam-se para servir o banquete com as migalhas de grãos que desperdiçavam as máquinas de colheita.
_ E perderam seu tempo aguardando meu despertar, mesmo sabendo que não atravesso o rio!
_ Comadre Coruja, em devoção à vossa sabedoria, em nome de nossas irmãs aves, viemos nos aconselhar. Estamos pré-dispostos ao aceite do convite, no entanto não sabemos a melhor maneira de atravessarmos a cidade até chegar à plantação “dos” irmãos corvos.
_ Ora, pois bem, comadre Águia. Lisonjeia-me com tamanha confiança e apreço. E de bom grado lhe digo que a travessia é tarefa que não valerá apenas teu vôo alto, tua visão aguçada, garras temidas e conhecida opulência presenteada pela mãe Natureza. O menor dos Colibris poderá atravessar a cidade incólume e às ocultas desde que conheça a humanidade. Lembrem-se: aqueles que agora se intitulam Seres Humanos, outrora se originaram da mesma Mãe Natureza. Mas renunciaram à irmandade que os manteriam racionais. Associaram-se em chamadas sociedades, com regras próprias, esquecendo das leis da Mãe Natureza. Agora não mais sabem conviver com seus próximos. Matam por banalidades e com grandiloqüência se julgam superiores, quando nos classificam como irracionais. Iludiram-se com o pensar, a ponto de não mais enxergarem a realidade própria. Vivem em grupos, mas não se abdicam dos desejos individuais quando a necessidade comum se apresenta.
A passarada se ajeitava nos galhos e gravetos. Atentos aos ensinamentos da Dona Coruja, mesmo no breu da lua nova, arregalavam seus olhinhos aos grasnos da conselheira. E ela continuou:
_ Voem na penumbra das luzes artificiais, pois a brisa do dia é mais quente com os gases da cidade. Aproveitem a ignorância do sono dos homens, pois a maldade com os irmãos animais estará adormecida, assim como o conluio cego da associação de seus indivíduos. Silenciem-se nos gemidos noturnos de seus aprisionados cães e gatos. E não se esqueçam: vossa liberdade não tem valor para os Seres Humanos, pois já esqueceram eles que valores devem ser preservados. Estão limitando a cada evolução de suas sociedades, a liberdade própria. Já não conseguem nem mesmo defini-la.
Então a Dona Coruja finalizou;
_ Voem. Mandem lembranças aos irmãos Corvos. Permanecerei em meu galho seco a admirar o silêncio, a ouvir a escuridão e a observar essa humanidade passar pelo tempo até que retorne ao seu próprio início, finalizando uma evolução em vão, pois não vencerão a si próprios.

Fim.
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