Hoje morreu Cícero Dias, um dos mais expressivos pintores brasileiros, convencidíssimo na... França. Por aqui ninguém sabe patavinas do artista, a não ser, é claro, um seleto grupo de intelectuais, aqueles que aparecem em obras elitistas e nas entrevistas da TV Cultura.
Painéis na Casa da Cultura e no Marco Zero são exemplos da criatividade de Cícero Dias. Mas vejam que o ilustre vivia a 63 anos em Paris. Lá obteve o reconhecimento, longe de sua pátria, seu Pernambuco.
É muito comum encontrarmos brasileiros reconhecidos no exterior e mal vistos por aqui. O grande problema é que brasileiro não entende nada de arte, não entende por não conhecer. Não sabe o que é uma tela, uma escultura, uma ópera; o livro é um estranho...Somos pobres, muito pobres, infinitamente pobres. É difícil encontrar um adjetivo para qualificar tanta pobreza cultural. Além desta a maioria é pobre financeiramente, o que prejudica muito o acesso à arte.
Mas a pobreza financeira não pode ser desculpa para nossa pobreza cultural. Como explicar que países míseros da África, Ásia e Américas conhecem profundamente arte e seus artistas? Nosso caso é atípico, somos um povo dominado por uma preguiça insuportável, que nos afugenta da cultura.
Algumas vezes eu senti vontade de abandonar o Brasil e viver noutro país, onde se reconheça como é importante a cultura para o crescimento de qualquer nação. Um lugar onde ídolos não sejam pagodeiros e jogadores de futebol. Mas logo que a raiva passa eu decido ficar, afinal o desafio de vencer no Brasil é enorme, e aí é que está o prazer : vencer quando parece impossível.
Mas que a França é sedutora, isso é...
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