Eu não sou de ninguém,
clamei no sibilar quente
da aurora que me entretém,
grito surdo refulgente!
Descobri enquanto vivia,
que a dor que fingia
amarrava-me às coisas
que esta vida pincela
rabiscos das loisas
traços eternos de tela!
Não quero masmorras frias...
liberto-me do cárcere triste,
espírito libertino que expias
hoje vês o que nunca viste!
Eu não sou de ninguém, não...
venho do ventre expatriado
orfã de pai e de coração
desfio o tempo cansado...
Tu que me amas,
perdão!
Sei que emanas
a resolução,
una a tua mão
à minha,
de alma daninha!
Não,de ninguém sou,
porque o amor tardou
e eu só sei viver,
à vida obedecer...
Teria de novo nascer!
Muito tempo para nós...
por isso, elevo a minha voz
pedindo-te p ra me esquecer!
Elvira:)
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