1
Minha proposição
Não quero começar dando bandeira,
Ao prometer que o verso saia bom.
Também não vou propor o mesmo tom
Da trova mais enérgica a quem queira,
Pois, simplesmente, existe a cor marrom,
Embora a cor da rosa, mais maneira,
Agrada-me a visão e é tão certeira
Na descrição do ameno, quanto ao som.
Não tento experimentar o caro médium,
Porquanto aqui trabalho acompanhado
De muitos que me ensinam qual remédio
Devo aplicar no tema maltratado,
P’ra desfazer do meu leitor o tédio
E p’ra que eu diga que feliz me agrado.
2
Da qualidade do texto
Há semelhanças múltiplas nas rimas,
Ao menos neste início de trabalho,
Portanto cá não digo que hoje falho
Nem que vou conseguir suas estimas.
Somente com um duro e sério malho,
Nesta oficina em que se empregam limas
Para polir as trovas, obras-primas
De amor e de labor, o bem entalho.
Por isso, venho a público pedir
Que seja, para mim, a inspiração
O fato de conter-se o Wladimir,
Para ofertar ao povo o nosso irmão
Um’obra de proveito no porvir,
Se a mensagem vier do coração.
3
O poeta é um sofredor
Espero firmemente, neste posto,
Que o meu trabalho possa ter proveito.
Se querem me ajudar, eu sempre aceito
E sou agradecido e faço gosto.
Mas não devo afirmar que tenho jeito,
Como lhes foi anteriormente exposto:
Venho como viria para o encosto,
Conforme o tempo quando estive atreito.
O sofrimento, então, de fazer versos
Me vem p’ra resgatar os mui perversos
Atos de tão tremenda e vil maldade.
Agora corro atrás de meu destino,
Dizendo, em cada rima, que doutrino
Minh’alma pela luz da caridade.
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