O povo já foi prá rua
Protestá im quantidade
Contra estes qui estão
Cum farta de caridade
O amô se acabou
Quando a guerra cumeçou
Por causa duma vaidade
Muito dinheiro foi gasto
Ispingarda e munição
Passarim feito de aço
Prá atirá nos irmão
Oh meu Deus quanta mardade
Desses qui se diz Cristão
Morre minino e muié
Jovi de todas idade
De tão novo alguns inté
Sem gozá da mocidade
Esses avião muderno
Equipado cum radá
É invenção do satã
Prá mió pudê matá
A vida que Jesus deu
E só Deus pode tirá
Ao invés de tanta bomba
Jogue um saco de comida
Ao invés da explosão
De uma corta margarida
Faça roncá um tratô
Prantando muita fulô
Prá torná bunita a vida
Ao invés de atirá
Cum fuzi no seu irmão
Compre duas tonelada
De arroz, milho e feijão
E vamo distribuír
Numa grande mutirão
Pricisamo é da guerra
De ajuda e caridade
Muito roçado prantado
Muito emprego na cidade
Pricisamo é de cisterna
No meu querido sertão
Barrêro cum muita água
Tanque, açude e cacimbão
Muita palma forrageira
Dinheiro prá fazer feira
Bode e Milho com feijão
Arroz, fava e macaxeira
Muita farinha e fubá
Doce, café e lingüiça
Bode no pé de juá
Laranja e goiaba china
Leite, ôvo e mungunzá
Pricisamo é de matá
A fome do nosso irmão
Pricisamo é de cumida
De arroz, feijão e pão
Ao invés dessa tal guerra
Precisamo é se juntá
Como numa multidão
Fazendo piquenas obra
Prá nóis tê irrigação
sem pricisá degradá
Prá cuidá da prantação
Vamo se juntá meu povo
Todos da humanidade
Numa corrente crescente
Sem aceitá a mardade
Tanta coisa prá fazê
Gente cum necessidade
E o homi só pensando
Im fazê a crueldade
Prá qui serve seu dotô
Tantos tanque cum canhão
Somente para dizê
Que derrotou seu irmão?
Querem dominá a terra
Dizê que só eles presta
Depois de mandá no mundo
Vão querê nossas floresta
Prá fazer remédio caro
Prá vendê pro nosso povo
Acabando cum qui resta
Os dotô qui são da morte
Que não são dotô da vida
Qui a vida só tem valô
Cum respeito ao criadô
E tudo que ele criou
Antes da sua partida