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cronicas-->Hortolàndia, terra dos manos, das minas e dos bravos -- 30/08/2000 - 00:24 (Mastrô Figueyra de Athayde) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Tudo parecia estar normal naquela monótona e gostosa tarde de domingo no Jardim Amanda. Passarinhos cantarolavam, crianças brincavam descalças pelas ruas e o inconfundível rap embalavam as minas e os manos, que faziam questão de demonstrar o verdadeiro suwing dos cidadãos hortolandenses, brindados ao fundo com uma cervejinha estupidamente gelada. Tudo caminhava na mais absoluta tranquilidade, até o momento que um Comodoro, todo preto, com as lentes do farol insulfimado, estacionou bem ao centro da Avenida Brasil, praticamente em frente ao 2º Distrito Policial, que para variar estava fechado.
As pessoas que lá estavam por um momento de apreensão ficaram paralisados, estáticos acompanhando os detalhes da pessoa que estava ao volante. O motor foi desligado, a porta se abriu e um sujeito com um chapéu panamá preto, com sobretudo, saiu do carro. Os longos cabelos escondiam um pouco a sua face, disfarçada ainda mais pelos óculos escuros. Todos a sua volta ficaram sem saber o que fazer. Uns acharam que pudesse ser um kamicaze, bem ao estilo do filme Matrix, onde à qualquer momento poderia empunhar uma carabina, destroçando todos os "miolos" que aparecessem pela sua frente. Outros acharam que poderia ser um rapaz latino-americano, que pudesse ter se perdido na cidade. Todas as hipóteses levantadas, nenhuma acabou sendo confirmada.
O rapaz sem dizer uma única palavra dirigiu-se até à um muro e sem mais nem menos, começou aliza-lo. Agora a indignação dos moradores era geral. - Um louco se perdeu em Hortolàndia e se apaixona por um muro? Disse o mano Arnaldo, ou melhor, Tedd Black. O mano ficou tão indignado com aquela cena que não resistiu, foi até o estranho para tomar satisfação. - E aí mano, qual é a sua? falou Tedd Black. O estranho nem notou a indagação do raper e continuou a alisar o grande muro. Tedd Black diante da não resposta ficou furioso e num ato insano, empurrou o estranho, que revidou com um gesto estranho: sacou de dentro do seu sobre tudo um enorme pincel e um pote de tinta preta. Todos de longe que estavam presenciando a cena acharam que se tratava de uma carabina e ficaram esperando o momento que os "miolos" de Tedd partissem para uma missão com destino à lua.
O estranho em um segundo gesto abriu o pote de tinta, molhou o pincel e com seis traços, desenhou uma pomba, que simboliza a paz mundial. O terceiro gesto foi retirar os óculos para olhar no fundo dos olhos de Tedd Black, onde acabou entregando o seu pincel ao raper, se dirigindo em seguida para o seu carro. Nesse ritual, como se estivesse nas profundezas do oceano, nenhum ruído pode ser escutado, apenas podia sentir o leve movimento dos ventos, que levantavam levemente os longos cachos do estranho. Essa transição, que pareciam estar em um universo paralelo, terminou com o ronco do Comodoro, que saiu "rasgando" em alta velocidade pelas ruas do Amanda.
Por um breve momento, as pessoas que lá estavam e presenciaram o fato e ficaram sem saber o que fazer, muito menos o significado de toda a cena. Tedd Black ao olhar o pincel do estranho, verificou algo escrito em sua base: Fábio Jota in Terra dos Bravos. Ao terminar de ler, Tedd Black relembrou o seu tempo de infància e lembrou de um certo cartunista que morava na casa onde o estranho desenhou a tal pomba da paz.
Fábio Jota havia desaparecido de Hortolàndia, há dois anos após desenvolver um trabalho intitulado Terra do Bravos. Fábio havia sido perseguido politicamente, até desaparecer, sem deixar pistas. O teor de seu trabalho retratava a estigma que Hortolàndia tem, de cidade marginal, onde a criminalidade parece ser a única alternativa. No trabalho mostrou que antes de tudo, Hortolàndia é uma terra de gente honesta e trabalhadora, uma terra de bravos cidadãos, que tem tudo para crescer, basta querer e como dizia o grande filosofo A . Fernandez, querer é poder...
Diz a lenda, que Fábio Jota foi sequestrado por guerrilheiros bolivianos, liderados pelo Zapatista Bruno Ribeiro, cujo objetivo é romper através de seus traços, todos os estigmas negativos de uma cidade, preservando o que há de melhor no mundo: o amor...

Mastró Figueira de Athayde é cronista e limpador de chaminé
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