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Cartas-->Carta para a mãe de Bush -- 15/04/2003 - 11:10 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Carta para a mãe de George W.Bush
(por Domingos Oliveira Medeiros)

Senhora Bush. Eu tenho filhos. Cinco, para ser bem específico. Quatro homens e uma mulher. Muito embora melhor não tê-los. É o que dizem. A senhora sabe do que falo. Das preocupações que eles nos trazem. Desde pequeninos. Dentro de suas casas. Ainda no berço. Onde exercitam braços e pernas, olhando para tudo e para todos. Movimentos constantes da curiosidade natural. Inata. Sobre brilhos, formas e cores. O olhar para o mundo. O mundo novo. Estranho. Incompreendido. O olhar inocente. Ensaiando pedacinhos de sorrisos para o pai e para a mãe. Por enquanto. Depois tentará sorrir para os outros. E haverá choros, também. Como agora. Sede, frio e fome. Assaduras e desconfortos.

Sofrimento e choros que mudarão de motivos. Com o passar dos anos. Para alguns, os motivos permanecerão quase os mesmos. Para outros, não. O choro pela fome continuará por muito tempo. Às vezes, e infelizmente, até a morte. Principalmente aqui no lado sul do planeta. No continente tropical. O chamado terceiro mundo. Já que não se fala no segundo. Talvez para aumentar a distância entre nós, que viajamos de terceira, e os mais ricos, de primeira classe.

Para outros, nem tanto. Os que nascem em berços, e em certos berços, principalmente, que não passarão fome. Seus apetites terão outros rumos. Enquanto vão crescendo. E a gente vai acompanhando. Fotografando. Filmando. O primeiro dente. A primeira banana amassada. A primeira sopinha de legumes. A primeira saída de casa. A creche. O primeiro desafio. O ingresso na sociedade. No mundo depois da porta de casa.

Depois a escola, o colégio e a faculdade. E os negócios do pai. Depois de formado. Ou seu próprio negócio. Bem, estou falando das crianças que conheço. Daqui da América do Sul. E, assim mesmo, de parte dessas crianças. Que não passam fome. Não estou me referindo, evidentemente, as que morreram e as que morrerão de fome. Este é um outro problema para ser abordado mais tarde.

Mas chega de tantas voltas. Vamos aos fatos. O Júnior agora é presidente da maior potência desta planeta. A senhora, naturalmente, deve estar, e com justa razão, muito orgulhosa de seu pequenino Bush. Seguiu os passos do pai. Empresário bem sucedido no ramo de petróleo, no Texas, onde a família tem tradição política. Daí para a presidência foi um pulo. Filho de peixe, peixinho é, não é verdade?

Mas nem tudo são flores. O Júnior precisa ser chamado para uma conversinha. Acho mesmo que a senhora devia dar-lhe umas boas palmadas. Sabe por que? Primeiro foi aquela confusão do resultado das eleições. Que coisa feia! Ninguém se entendia mais. Contagens e mais recontagens de votos. Que vergonha para a Nação que se diz ser o berço da democracia. E quanta demora na apuração! Muito pior do que aqui no Brasil. E tem gente por aqui que ainda reclamou de umas pequenas filas. O brasileiro reclama de tudo. Mas deixa prá lá!

O fato é que a senhora precisa saber. Seu filho não anda com boas companhias. Esse tal de Ariel Sharon, lá de Israel, só fala em guerra. Em atacar os palestinos. Em bombardeios. A senhora sabe que muita gente inocente já morreu por conta desses ataques de Israel contra os palestinos? E o Bush, que é seu amigo, e que podia mandar parar com esse genocídio, faz de conta que nem é com ele. E pior. Não ficou satisfeito com a derrubada do governo do Afeganistão. É claro que a gente entende a sua indignação com a derrubada das duas torres. Muita gente inocente morreu. Isso é deplorável. Repugnante, até. E digo mais. O Bush não merecia esse tratamento. Isso é coisa que vem de longe. De outros presidentes. Alguma coisa foi feita contra esses terroristas. Se não eles não iriam arriscar tanto, a ponto de atacar os EUA em seu próprio território. Até aí , tudo bem.

Mas o Júnior, depois desse ataque, perdeu totalmente o controle. Deixou de lado a diplomacia, à observância às leis e às instituições, e partiu para o ataque. Ele sempre foi desse jeito? Desde a adolescência? Brigão?

Pois bem. Depois de sentenciar que o Bin Ladem era o culpado, não deu outra. Arrasou com o Afeganistão. E a senhora sabe que muita criança e muito idoso inocente morreram nesses ataques de precisão duvidosa? Pois é! E o Júnior, depois que conseguiu expulsar os terroristas, parece que não ficou satisfeito. Agora já pensa em atacar outro país. O Iraque. E já disse que vai atacar de qualquer jeito. Com ou sem autorização da ONU. Pode uma coisa dessa? Conclusão: o mundo inteiro está sendo prejudicado. E o terrorismo, ao invés de acabar, está aumentando. E muita gente inocente continua morrendo.

E a própria economia mundial está sofrendo com isso. Os EUA já apresentam queda no crescimento econômico. E há países, que dependem diretamente do governo americano, que estão em vias de falência. E o Júnior parece que não está nem aí. Lava as mãos.

E a coisa está tomando proporções incontroláveis. O sudeste da Ásia foi palco, recentemente, de um violento e sangrento atentado.As duas bombas jogadas nas Filipinas, bem como os atentados ocorridos na costa do Iêmen, há duas semanas, onde houve a explosão de um navio francês, nada tem a ver com o regime de Saddam Hussein; que seu filho costuma associar a todo e qualquer ato terrorista. Logo em seguida, outro atentado. Desta vez na Indonésia, maior país muçulmano do mundo. O ataque ao chamado paraíso turístico de Bali resultou, além dos prejuízos de ordem econômica, em 180 mortes, a maioria turistas estrangeiros.

Aí mesmo, nos EUA, a senhora deve estar acompanhando os atos terroristas praticados por um pistoleiro franco-atirador, que está agindo em Washington, e que já matou nove pessoas. Fruto, provavelmente, do incentivo à guerra como solução dos problemas. A senhora precisa chamar a atenção do seu filho. Ele tem que parar com a idéia de resolver tudo na base da porrada. Há outros caminhos mais seguros e mais produtivos. A diplomacia, a negociação, enfim, a união de todos contra o terrorismo, sim, mas com métodos civilizados.

Enquanto isso, relatório divulgado pelas Nações Unidas, nos dão conta de que , do total de 840 milhões de pessoas desnutridas no planeta, 799 milhões estão aqui, nos países em desenvolvimento. A cada dia, mais de 25 mil pessoas morrem de desnutrição. E todo ano, segundo a imprensa, seis milhões de crianças menores de cinco anos morrem de fome. E o assunto não faz parte das prioridades dos países ricos. Desse jeito, a senhora há de concordar: o terrorismo vai demorar a sair do mapa. E tem a questão do tráfico de drogas. Que ninguém ataca o assunto pra valer. Que também contribui para a violência e para o terrorismo. Medellin, aqui na Colômbia, já é conhecida como a capital do crime organizado desde a década de setenta, quando abrigou Pablo Escobar - chefe do cartel que tomou o nome da cidade – considerado o líder do tráfico internacional de drogas.

E o Júnior parece que não dá muita atenção a esses fatos. Aliás, é bom a senhora saber. O clima quente que estamos vivendo, e que tantos problemas tem causado no mundo inteiro, de certa forma, é culpa do seu filho. Teimoso, ele não assinou o tratado de Kioto, aqui no Rio de Janeiro, em 1992. E, mais recentemente, não ratificou os termos do acordo para diminuir a emissão de gases poluentes, que aumentam o buraco de ozônio, e que são responsáveis pelo aumento da temperatura. No futuro, não muito distante, espera-se uma catástrofe mundial, a partir do descongelamento de montanhas de gelo dos pólos.

O Júnior deveria abandonar essa obsessão pela guerra, e preocupar--se mais com questões ambientais. Seria bem melhor para todos. E deveria, também, arrumar uma fórmula para que os países ficassem menos vulneráveis ao FMI. Talvez diminuindo juros, perdoando parte da dívida, alongando prazos para pagamento e, efetivamente, criando condições para que esses países pudessem se desenvolver, liquidar suas contas e melhorar o bem-estar de suas populações. Chega de ciranda financeira. Chega de fraudes contábeis. Chega de boatos e de mentiras. A senhora precisava saber de tudo isto.

Seu filho está com a faca e o queijo na mão para ser reeleito e fazer um grande governo. Em benefício de todo o mundo. Restabelecendo a paz e a prosperidade entre todos os povos. Fale com ele. Vê se a senhora tenta convencê-lo de que isso é bem melhor do que viver incentivando a guerra e a violência. Conto com a senhora. Ah! Essa história de que a uma eventual vitória de Lula para presidente do Brasil é coisa que dá medo, é puro terrorismo político. Que precisa ser combatido. Abraços. Um brasileiro que adora essa grande Nação que é os Estados Unidos da América. E que ama sua pátria chamada Brasil.

Domingos Oliveira Medeiros




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