Zé Carioca
O professor José Carlos Vargas da Silva - o Zé Carioca -é o que podemos chamar de um sujeito legal.Uma certa ocasião eu estive com ele em uma casa que servia de pousada para
um grupo de nordestinos.Era numa vila que ficava na Avenida Duque de Caxias bem defronte à Rua Tuiuti. A sua idaa esta casa se dava por conta das escritas e das lidas que fazia nas cartas dos nossos irmãozinhos paus-de-arara.Como não sabiam ler, o Zé lia as cartas que recebiam e,como não sabiam escrever, o Zé escrevia as cartas que desejavam. Eram cartas para as esposas, namoradas, mães, pais, tias e tantos outros
parentes e pessoas queridas que ficaram em seus cearás da vida, deixando saudade.
Extremamente paciente, talentoso e com aquele coração enorme que possuía, as cartas eram escritas com muito carinho. E muita paixão. Neste dia, o Raimundinho que tinha vindo lá dos Lençóis Maranhenses, disse para o Zé que apenas escrevesse a carta para a sua Edinéia e não precisava chorar. Isso ele sabia fazer. Sempre atuando no magistério,o Zé Carioca parece ter nascido dentro de uma sala de aula, tal afeição que tem no trato da arte de lecionar.
Se dele dependesse, os dias teriam mais horas para que um novo turno pudesse ser criados nas escola da aldeia. Mais aulas e caldo de galinha não fazem mal a ninguém, teria dito.
A última vez que estive com o professor, ele morava em um dos bairros que circundam o trevo na entrada para Cabo Frio. Organizava, na época, um bloco de carnaval com um bumba-meu-boi brega, para a animação da garotada da comunidade. Por solicitação dele, eu fiz o desenho para as camisas do bloco. Uma vez, foi candidato a vereador mas a cidade da dunas não deu sorte: ele não foi eleito. De outra vez, será. Grande Zé Carioca!
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