Não poupe tempo para o amor. Ele não é um simples descuido do acaso. Mas é mais misterioso do que se mostra em sua grandiosidade. Está além da transparência camuflada dos olhares dos apaixonados. Esses que se amam desesperadamente, eles não sabem o que é amar. Os que se dizem eternamente apaixonados, desconhecem o dom maior: são apenas criaturas viajantes num caminho de perigo, estreitos na expansividade e na longevidade que se leva o próprio amor.
Tudo o que lhe falarem, cuidado! Isso ainda não é amor. As promessas fáceis que encantam os sentidos, comovem em vibrações divertidas as partes escondidas do corpo e piscam os lugares mais tímidos mas também os mais ousados, não traz em si o encontro do amor. Os toques intencionais de lábios melosos na descida do pescoço que arrepia a nudez íntima da alma e comove a espinha dorsal, está longe de qualquer resultado de amor. Nem mesmo o universo que se refugia por detrás das palavras declarativas chega perto da verdadeira virtude divina; são singulares manifestações que alguém um dia conheceu,outro dia passou, leu, releu, repassou e disse ser isso amor. Não se iluda: o amor não está nas palavras. Não se engane diante de tantas ilusões! A paixão,o namoro, os beijos,o sexo, o caso dos amantes, os encontros escondidos, já são segredos revelados. Mas em nada disso flui o potente e fiel amor.
É essa a busca incançável que mostra todo vazio corrompido da alma e a fadiga ao encontro do que sustente o espírito. O amor veio e trouxe a ilusão dos séculos: ele não caberia no coração! É um riso pensar assim. Que se o amor vem e morre junto ao corpo no último suspiro, ainda não foi amor. E se se morre de cansaço ao final de um orgasmo feliz, também nada disso é amor. Ele não está entre as pernas, em nenhuma parte visível ou tocável do corpo. E é por isso que se perdem à procura do que não encontram, pois o amor não vem da busca fácil, numa hora marcada, com tempo determinado. Ele foge a todas as regras e a todas as imperfeições. Por isso não o conhecemos verdadeiramente. Apenas acreditamos.
Ele está nas partes irreveláveis e assim não o compreendemos na sua perfeição. E existe um elo inquebrável que leva o desejo de quem deseja a quem se deseja como um cordão umbilical que nutre numa proporção controlada e sustenta uma vida. É ele este laço de ligação entre duas almas que se desejam, reciprocamente ou não. E, misteriosamente, tudo faz acontecer pelo sentimento da fé inigualável. E assim é o amor: você pode amar alguém mesmo não estando perto e ainda que seus olhos não o alcancem o amor pode fluir com uma igual qualidade abençoada. Amar é dar uma benção para alguém,pois o amor vem de uma ligação divina. Você pode amar alguém ainda que ele não seja seu, e os braços dele estejam nos braços entrelaçados de outro corpo. Assim o amor se faz capaz, desalinhado de todo ciúme e de toda possessividade. Amar é a melhor forma de deixar o outro livre. Longe de qualquer egoísmo, vaidade ou conceitos. Não ame como os amantes desesperados nem como os idólatras do amor que veneram em si a pessoa amada. Nada disso é amor. Se você quiser amar alguém, ame-o de uma forma incondicional que é a melhor forma de amar!Um amor que não se prende ao tempo, aos caprichos, a quaisquer caprichos, Ã s cores, Ã s rugas da idade, tamanho, classe, lugares, promessas... Talvez, sem medida, depois, poderá encontrar todo amor dado retribuido sem espera pela presença divina da felicidade. Ame intensamente! O amor é a vontade de fazer o outro feliz!