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Poesias-->BANZO -- 17/01/2005 - 07:19 (Carvalho de Azevedo) |
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Quando nasci nas ruas de um cafezal
Era noite de dezembro, noite de recital
Minha mãe me pariu de parto normal
Agachada, sozinha, solitária, feito um animal.
Filho do capataz o mestiço Zé Feital
Homem desumano cruel e brutal
Famoso por fazer do chicote arma certeira e letal
Meu destino era uma cova ali mesmo no quintal.
Minha mãe naquela noite de festival
Aproveitando a bebedeira do tal Feital
Entregou-me a um forasteiro de outro arraial
Que me vendeu na feira do paço imperial
Minha dona foi uma nobre imperial
Que cuidou do meu cordão umbilical
Arredando de mim todo o perigo todo o mal
E por causa da ocasião me chamou Mulato Natal
Sempre me disse a verdade
Sempre me tratou sem maldade
Porém num 13 de maio a única inverdade
Minha madrinha por ato de ingenuidade
Atendendo a uma ordem de Sua Majestade
Sem considerar a minha precariedade
Sem comida, sem emprego, sem nenhuma propriedade
Acreditando haver me dado a prosperidade
Lançou-me na rua, na marginalidade, na criminalidade,
E chamou a isso LIBERDADE !
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