Numa tarde ociosa resolvo esquivar-me da ansiedade das horas...Cerro meus olhos, aguardo o silêncio total dos seres e das coisas...Respiro fundo, percebo a ausência de dimensão : sou eflúvio, sou aragem...Elevo-me, transcendo meu corpo...Mergulho no éter feito anjo-aprendiz, encontro o escrínio dos mistérios do Infinito, vislumbro o princípio daquela escada que leva à sabedoria universal...
Subindo os degraus do anil defronto-me com cenários e estados de consciência nunca antes vivenciados...Quanto mais escalo as montanhas do meu ser mais horizontes e luzes adquiro. Deparo-me com emoções únicas que vão me fazer duvidar e refutar, ou deslumbrar e aceitar. Tudo é novo, diferente, até assustador, quando aceito mudar o rumo do meu cotidiano.
Sou agora determinado a apagar o passado e o presente - absolutamente insatisfatórios - com promessas concretas de futuras emoções. Ceifo reticências enraizadas em meu ser, substituindo-as com sementes sadias de renovação. De repente, lamento e dor não são mais alternativas viáveis para meu Novo Ser.
A libertação identifica-se nesse tolo, inebriante desafio ao desconhecido e suas incertezas. Inevitavelmente, cresço...Defendo com fervor a dignidade e integridade do meu ser, não permito mais invasões deletérias e não derramo mais lágrimas à -toa. Sei que o que plantei agora possui uma nova vitalidade. Sei que colherei frutos a cada estação, porque meu trabalho foi cumprido com muito amor.
No entanto, curto minha nova existência, aguardando com desprendimento eventos futuros que modelarão aos poucos a minha vida. Flutuo leve, adejando em busca do néctar para sustentar meu vóo fantástico. Aceito todas as situações e cumpro todas as tarefas, confiante de que são ali colocadas com a finalidade de ensinar-me algo e desenvolver a minha capacidade de agir e pensar.
Procuro sempre com amor, dou sempre com amor, a cada instante do dia e da noite. E o amor há de encontrar-me sempre no exato lugar em que parti para buscar meu Novo Ser...